30 julho 2004

Duas questões sobre a inseminação artificial

A inseminação artificial coloca, no meu entender, duas questões fundamentais para as quais urge encontrar resposta.

Considerando:

Cada embrião humano é potencialmente um indivíduo da espécie humana. A dignidade natural do ser humano implica o reconhecimento do estatuto ontológico do embrião humano – isto é, o embrião potencializa um ser com o direito a ser reconhecido como pessoa, com uma história individual e sujeito de direitos e deveres.

Pergunta-se:
1º- Em que condições a inseminação artificial pode respeitar este princípio?!...
2º-Será eticamente admissível tornar a paternidade biológica num meio para satisfazer determinada orientação sexual?!... (Caso, p.ex., dos casais homossexuais)

21 comentários:

Anónimo disse...

Oh, Compadre, eu sou do tempo da filosofia do Bonifácio!

Primo de Amarante disse...

Peço-lhe desculpa. Percebo, então, que estará mais aberto às questões do Dr. Koumba Yalá.

Anónimo disse...

"Praticadas entre o casal, estas técnicas (inseminação e fecundação artificiais) são talvez menos claras e um juízo imediato, mas continuam moralmente inaceitáveis. Dissociam o acto sexual do acto procriador. O acto fundante da existência dos filhos já não é um acto pelo qual duas pessoas se doam uma à outra, mas um acto que 'remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos, e instaura um domínio da técnica sobre a origem e a destinação da pessoal humana. Uma tal relação de dominação é por si, contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos.
A procriação é moralmente privada de sua perfeição própria quando não é querida como fruto do acto conjugal, isto é, do gesto específico da união dos esposos... somente o respeito ao vínculo que existe entre os significados do acto conjugal e o respeito pela unidade do ser humano permite uma procriação de acordo com adignidade a pessoa."

Anónimo disse...

"O Evangelho mostra que a esterilidade física não é um mal absoluto. Os esposos que, depois de terem esgotado os recursos legítimos da medicina, sofrerem de infertilidade, unir-se-ão à Cruz do Senhor, fonte de toda fecundidade espiritual. Podem mostrar sua generosidade adotando crianças desamparadas ou prestrando relevantes serviços em favor do próximo"

Anónimo disse...

Um agricultor alentejano ouve falar do metodo de inseminação artificial e, curioso, resolve adoptá-lo. Contacta um especialista da capital que de pronto se encontra com ele para efectuar a operação.
Chegado à quinta o especialista diz para o nosso amigo:
- Vou precisar de água a ferver, uma toalha lavada e um prego, esta
bem?...
- Certo, Sr. doutor. Entretanto aproveite para conhecer as redondezas enquanto eu lhe preparo as coisas.
Mais tarde, o especialista retorna ao celeiro. O agricultor satisfeito diz:
- Aqui tem a sua aguinha, a sua toalhinha e o prego..., bom o prego não encontrei nenhum, mas pode pendurar as suas calcas em qualquer lado...

Anónimo disse...

O espermatozóide recém-nascido tomava aulas de concepção do instrutor-mór:- Assim que você ouvir a sirene, corra para o túnel e nade em linha reta até chegar à entrada de uma caverna húmida. Bem ao fundo da caverna você vai encontrar uma bola vermelha e pegajosa que é o óvulo! Dirija-se até ela e apresente-se: "Eu sou um espermatozóide!". Ela vai responder: "Eu sou um óvulo, pode entrar". A partir daí vocês dois vão trabalhar juntos para construir o embrião. Entendeu? O espermatozóide balançou a cabeça afirmativamente.- Então boa sorte! Dois dias depois, o espermatozóide estava belo e folgado tirando um cochilo quando ouviu a sirene. Levantou-se rapidamente e correu para o túnel. Começou a nadar sem parar na direcção da caverna. Uma infinidade de outros espermatozóides nadavam atrás dele. Ele sabia que tinha de chegar primeiro. Quando estava na boca da caverna olhou para trás e viu que estava com uma boa vantagem. Nadou um pouco mais lentamente até avistar a bola vermelha e pegajosa. Apresentou-se:- Olá, eu sou um espermatozóide! E a bola respondeu:- Olá, eu sou uma amigdala!

Manuel disse...

Cada vez tenho mais pena do gato constipado, a sério... mas pelo menos constato que todos partilham com ele uam caracteristica - um refinado sentido de humor.

É capaz de haver formas piores de morrer que morrer a rir...

Primo de Amarante disse...

Caro anonymous 1: no meu entender, a sexualidade humana é um valor que não é determinado pelo mero desejo de procriação. Sempre assim foi e, com o fim das teocracias (que precisavam de filhos para manter a “linhagem do poder”) ninguém, nem a própria Igreja Católica Apostólica Romana, defende uma tal implicação. Penso, até, que está a gozar comigo! … Por isso, não me parece aceitável que a inseminação artificial possa, em suas consequências, ser eticamente análoga à violação. Por situação de infertilidade ou doenças graves, é aceite que um casal (na modalidade homóloga) recorra a essa prática para resolver o desejo de ter um filho e um filho saudável,
As técnicas heterólogas (utilização de gâmetas alheios ao casal) já me pareçam problemáticas, sob o ponto de vista ético. No meu entender, o ambiente biológico e cultural adequado à dignidade do embrião humano deve ser respeitado para garantir à pessoa humana (que resultará desse embrião) o direito ao reconhecimento de uma identidade. As questões fundamentais levantam-se sobre o entendimento desse "ambiente"!!!

Primo de Amarante disse...

O sr(a)I San parece não aceitar o conceito de estatuto do embrião humano e desata a insultar, sem avaliar se as suas considerações não estão a partir de um preconceito semelhante ao que parece pretender combater. Não se entende, por isso, se I San tem uma ideia do que configura um embrião humano. Mas, o direito, a tradição e a cultura há muito tempo que reconhecem que há muitas espécies de embriões e que o humano, a partir de determinadas condições, tem uma dignidade única. É a potencialização deste entendimento de embrião que estamos a discutir (e não da mera união de dois gametas). E é neste contexto que o debate neste forum (incursões)pode ter interesse.

Primo de Amarante disse...

Os valores situam-se ao nível do preferível (são mais-valias) e, por isso, a crise de valores é sempre a crise da transcendentalidade. Ganhar estatuto é ganhar uma protecção que advém dessa transcendentalidade ontológica. A determinação da altura em que ganha estatuto o embrião humano está determinada por lei. Pode ser polémica essa data, como demonstrou o debate sobre o aborto, mas é uma conquista civilizacional que nenhum primarismo "frentex" deveria ignorar.

Primo de Amarante disse...

E para não haver dúvidas, subscrevi todos os apelos à despenalização do aborto. Mas esta é uma outra questão que não foi colocada pelo post.

Primo de Amarante disse...

No meio de toda a confusão de I San fica claro o estilo de marinquieto.
NãO ME INTERESSA O DEBATE NOS TERMOS EM QUE O FAZ. Não fui eu que falei em "comentários imbecis", nem uso esta terminologia para quem não conheço. Há manuais sobre a inseminação artificial que I San pode consultar. Já que citou Archer, tem à sua disposição o "Manual de Bioética" de Gloria Maria Tomás Garrido, referenciado por Archer, cap. 25, "Técnicas de reprodução asistida". pp.380,381/...NÃO PERFILHO TUDO O QUE NELE É DITO, MAS É UM BOM ELEMENTO DE REFLEXÃO.

Primo de Amarante disse...

Feto = embrião com um estatuto ontológico. Geralmente, considera-se que o embrião torna-se feto a partir do terceiro mês e é nesta altura que recebe protecção legal (precisamente pelo seu estatuto ontológico)

Primo de Amarante disse...

Não há "perguntas idiotas". Só a resposta o pode ser.

Primo de Amarante disse...

Sr I San : fique com o seu"profile", a sua pomada, a sua boa educação em maiúscula, o que leu num outro lado, o seu alter ego, o seu “ updates", o seu off-topic, a sua psicanálise e que o Padre Arher lhe perdoe e, sobretudo, o abençoe.

Primo de Amarante disse...

Ripostar, para quê!... Você recorreu a um argumento irrefutável- «Luís Archer, SJ conhece-me desde que nasci.»
Contra isto não há quesitos. Só há uma atitude: reconhecer que o Padre Archer é um santo.

Primo de Amarante disse...

O I San escreve para o seu próprio espelho. Ponho ponto final nos meus comentários.

Kamikaze (L.P.) disse...

Não é só o Compadre que anda desatento ao ponto de confundir Marinquieto (que já deu provas de ser uma "lady") com o Grande Irmão I San... I San também deve vir pouco a este blog, pois também confundiu o às vezes socrático Compadre (que até já foi identificado aqui no Incursões - e no extinto Os Cordoeiros - aqui identificado com o nome completo e mais dados biográficos)com um leitor de acórdãos palavrosos e secos como palha(cito de comentário supra:"Acusa-me" de ser confuso, mas creio que é incapacidade de compreensão sua: pode ser associada a ler demasiados acórdãos palavrosos e secos como palha?).

Afinal,parece que aí pelo Norte o sol também derrete moleirinhas!
Tenham mas é juízo (nem acredito que estou a escrever isto! Grrr, não posso apagar, se não I San chama-me mal educada, quem sabe se em letras míusculas!)

Kamikaze (L.P.) disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Kamikaze (L.P.) disse...

I San, vejo que percebeu que às vezes mais vale apagar os comentários, sobretudo os escritos a desoras, quando o bom senso está já ao retardador e é de presumir que ninguém vai dar por nada. Você deu - dormiu pouco hoje, eh eh eh - mas respeitou. Obrigado por isso.

Anónimo disse...

Oi! nunca pensei que um blog pudesse aquecer tanto! Parabéns Compadre Esteves!!! È um senhor!!! Abç deste seu "discipulo" ;) Zé Pedro