15 dezembro 2004

A dialéctica e a retórica

Na dialéctica, uma determinada tese contrapõe-se a outra e procura-se razões para superar o antagonismo; na retórica, uma tese contrapõe-se a outra para vencer o adversário e afirmar uma superioridade.
Sob o ponto de vista dialéctico, diz Aristóteles, «um é levado para uma direcção, outro para outra…É preciso, então, que cada um se mova na direcção oposta à sua; assim, cada um se afastando da unilateralidade alcançará o meio-termo, como fazem os que querem a justiça.»
Sob o ponto de vista da retórica, diz Cohen, «cada um desenvolve os argumentos mais adequados para forçar o outro a admitir como certo o que lhe quer impor».
A retórica é uma técnica de persuasão; a dialéctica é um desafio proposto à inteligência para progredir com rigor na busca da verdade. A dialéctica exige que o debate se paute por princípios. E Habermas fala numa ética da argumentação, afirmando: «é necessário que o confronto de argumentos tenha como referência a verdade, a sinceridade e a discussão se constitua na partilha de pontos de vista, com a intenção sincera de respeitar a livre adesão ou rejeição de pontos de vista contrários».
É mais fácil ser-se retórico do que ser-se dialéctico. A retórica agrada aos espíritos fracos e a dialéctica exige um espírito forte. Está explicado por que abunda a retórica e escasseia a dialéctica.

3 comentários:

Primo de Amarante disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Primo de Amarante disse...

Tenho muita dificuldade em responder ao seu pedido.

Primo de Amarante disse...

As dificuldades não têm a razão que lhe quer dar. Residem no facto, como diria Orlando de Carvalho, "incontroverso e incontrvoertível" dos homens da justiça serem muito sensíveis e eu não me querer meter em alhadas.