20 dezembro 2005

não é por...

Não é por estar de mão ao peito que o nosso amigo Anto falha uma saudação natalícia. Há amigos, mesmo incertos, que lhe podem emprestar, por breves momentos, dois dedos dactilográficos, para que a sua ausência não nos pese. De facto, o nosso Anto anda de pata direita a tiracolo, vítima que foi de mais uma sangria que lhe praticaram os médicos. Diz-me o filho Pedro que ele está que ferve. Quem o conhece acredita piamente, que o Anto, além de excelente poeta, tem um feitio rezingão. Algum dia aqui se publicará para escarmento dele e vergonha minha a versalhada que lhe dediquei num daqueles livros de curso dos nossos tempos de faculdade onde, julgo, com forte dose de imodéstia, ele está retratado com verdade e algum amigável (?) vitríolo. Mas basta de lérias e vamos ao que interessa. do livro País ignorado (Centelha ed., Coimbra, 1973)eis o sétimo poema do capítulo diário do tempo antigo (com data de 1968)

sobre os amigos

búzio sobre a memória
os amigos ou saliva no
ombro do menino conto
os amigos devassados no
sono mastigo sua paz e
o disperso bronze dos nomes


posto à revelia do autor por mcr seu amigo de há 43 anos (Chiça!) e companheiro de cela em Caxias sur mer nos idos de Maio de 1962

1 comentário:

Silvia Chueire disse...

É sempre bom testemunhar a sua dedicação aos amigos. Parabéns!
E parabéns ao Anto pelos poemas e pelo amigo que tem.

Abraços e votos Feliz Natal,
Silvia