Vale a pena ler o milésimo post do Grão Mestre da Grande Loja do Queijo Limiano - e muitos leitores do Incursões já o terão feito. Eu, apesar de ser consumidora assídua da Grande Loja, só hoje o descobri, numa prateleira já afastada dos produtos do dia.
Pela oportunidade e clarividência do Manuel e de muitos dos comentários, designadamente de Nicodemos e Gomez, aqui se deixa assinalada a "efeméride", com cópia do essencial do post Moralidade e bons costumes...
« Os juízes Carlos Almeida, Telo Lucas e Rodrigues Simão vão analisar o recurso do Ministério Público sobre a não pronúncia de três arguidos do processo Casa Pia, incluindo Paulo Pedroso, informou hoje fonte da Relação de Lisboa. A fonte do Tribunal da Relação de Lisboa disse à agência Lusa que ocorreu hoje de manhã o sorteio dos juízes que analisam o recurso do MP (...)»
"Para quem não se lembra Carlos Almeida e Telo Lucas subscreveram alguns dos mais acrobáticos acordãos de que há memória na Justiça Portuguesa e no âmbito do Processo Pio. Foram estes distintos cavalheiros que puseram em causa a validade da identificação por fotografia, a validade dos reconhecimentos e foram estes cavalheiros que intruduziram um novo conceito de análise criminal - o da verosimilhança dos testemunhos face à pretensa honorabilidade pública dos visados...
Não é preciso ser muito dotado, e estar sequer muito bem informado, para se saber que as "conclusões" subscritas por Carlos Almeida e Telo Lucas são parte fundamental das alegações da defesa de Paulo Pedroso quer no requerimento de abertura de instrução quer nas contra alegações ao recurso do MP pelo que inevitavelmente Carlos Almeida e Telo Lucas mais do que julgar da validade da argumentação do MP vão é tratar de garantir a sustentabilidade da sua argumentação prévia, em suma vão defender aquilo que já tinham dito antes.
Legalmente até pode não haver rigorosamente nenhum obstáculo a que esses dois cavalheiros façam parte do colectivo que vai decidir da justeza, ou não, da não pronúncia de Paulo Pedroso, mas aqui o problema não é esse - o problema é muito mais simples, é de credibilidade e transparência.
Ninguém acredita - em boa fé - que os dois magistrados recuem nas posições que no passado já tomaram e a coerência fica-lhes bem, o que já não fica bem, nada bem, é não pedirem escusa do Processo, porque - não o pedindo - a imagem que passa indelevelmente é a de que tudo já está consumado e num bem determinado sentido. É que nestas coisas, o que parece é! "
Como mandam as regras, deixo um presente para o Grande Irmão. Pressinto que é demasiado convencional para tão desusada personalidade e até pensei, já que gosta tanto de bichinhos, ofertar-lhe dois sucedâneos fofinhos que encontrei aqui, na 3ª prateleira das fotos, mas podia ser mal interpretada, por isso fica só a intenção, tá?
22 julho 2004
Millenium Limiano
Marcadores: direito/justiça/judiciário, kamikaze (L.P.)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
É o sistema a funcionar, em todo o seu esplendor!O caso que relatou é bem paradigmático do funcionamento do sistema e... da falta de vergonha na cara de muito boa gente!
É fácil distinguir o trigo do joio...
só uma coisinha, é tarde e tou lerdinhas, - Alguém me pode explicar a parte dos "balões", ou são mesmo só balões?
Pegando no repto da Marinquieto,
1- Como LC esclareceu no caso Casa Pia já não será possível o julgamento pelo júri;
2- De qualquer modo, aquilo que em Portugal se chama de júri é uma mistificação pois o tribunal é então integrado por 3 juízes profissionais, um dos quais preside, e 4 cidadãos, decidindo por maioria. O que podendo introduzir alguma moderação na gestão burocrática do caso não é uma decisão em que essa vertente deixe de prevalecer, a presidência pode gerir o caso de forma estratégica, basta convencer um dos cidadãos da "boa decisão" e, para além do mais, o júri vai ter de decidir sobre todos os aspectos, inclusive jurídicos, do acórdão o que naturalmente pode inibir "excessos" de "voluntarismo" dos não profissionais (e em princípio não juristas).
3- O que se impõe, e parece-me que o incursões está em posição privilegiada para o lançamento, é uma discussão pública sobre a circunstância de em Portugal e em sentido contrário à Constituição, se ter impedido a consagração de verdadeiros tribunais de júri (ainda que excepcionais) para os julgamentos dos factos nos casos penais.
Oh Manuel, tava mesmo lerdinhas, tá visto! Não são balões, são BOLINHAS! Bolinhas...pe'cebe?
Kamikase compreende a questão de fundo colocada por marinquieto em comentário a "perplexidades". E no entanto Kase está cheio de razão!
Estará aqui um exemplo prático do pensamento "light" que tanto teclado fez dedilhar em comentários ao "Anjinho ?" Ou seja, princípios, ideias, convicções submergidas pelo pragmatismo redundam em gelatina e não em inteligência prática?
Já agora: ó Kase, não podia ter escolhido outro nome? quer a sua quer a minha "marca" já estão registadas e como é capaz de não valer a pena intentar a competente acção de anulação do (seu) registo no T. do Comércio (a morosidade da justiça, as custas...), não quer resolver "a coisa" em acordo extrajudicial, ou seja, arranjando outro nick, eh eh eh?
Em resposta à Kamikase:
Com certeza, espero que o retorno à ortografia portuguesa seja suficiente, se achar que não, terei todo o prazer em proceder a alterações que considere mais adequadas... até aceito sugestões...
De qualquer forma se entre os dois nicks algo se marca será uma paradoxal proximidade fonética e uma dicotomia de sentido... embora muitas vezes (a maior parte) pareça que navegamos nas mesmas águas.
Caro Quase: adorei, adorei adorei!
Enviar um comentário