Um dia o Manel acordou bem disposto.
Não queria estar sempre e só a zurzir, lá no fundo do seu ser sentia que era preciso fazer algo construtivo, que não temos passado nem presente, só futuro...
Vai daí, tornou a zurzir e arrematou com uma proposta. Naturalmente, por aqui ninguém reparou - estava tudo entretido com as palavras cruzadas e, para mais, isto aqui no Incursões é tudo gente já muito vivida.
Diz então o Grão Mestre da GLQL:
(...)"O grande erro de análise que se comete é julgar o todo por aquilo que se vê, e aquilo que se vê - e que não é o que existe - é o que a comunicação social mostra que não é de todo a realidade. O grande erro é resignarmo-nos a escolher de entre o que o sistema nos oferece em vez de ousarmos fazer realmente parte do sistema, e da sua oferta. Nas suas linhas gerais o modelo de democracia representativa está e é correcto, nem há alternativas, o exercício do poder tem de ser sempre intermediado. O que não está correcto é o divórcio existente entre os Partidos Políticos e a população. Está na hora de quem acha que as coisas estão mal tratar de se mexer, de ter vida cívica, intervenção pública, filiar-se num Partido - porque não? "(...)
Os instrumentos existem, os meios também, não são precisas novas Leis ou grandes revoluções, é uma questão estritamente aritmérica - nós somos mais que eles, melhores que eles, chegou a hora de correr com eles. Ordeiramente, com trato, com ideias, com respeito mas com firmeza."(...)
Os comentários dispararam, claro... e quase já há partidos a favor e contra a ideia...
Se o Manel começa a acordar muitas vezes com esta boa disposição que mais "surpresas" nos reservará?
23 julho 2004
O dia em que o Manel acordou bem disposto
Marcadores: cidadania, kamikaze (L.P.), política
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12 comentários:
Cá pra mim, foi convidado para um gabinete ministerial.....
Ó Carlos, deseja cada coisa ao Grão Mestre...
A verdade é que ele disse uma coisa que penso ser cada vez mais sentida. As bandeiras nas janelas em tempo de crise política surreal devem ter a ver com isso: anda cada vez mais gente com vontade de agir. De arregaçar as mangas e fazer algo em prol deste país. Até eu sinto isso. Não sei é como é possível agir. Tomar os partidos de assalto não me parece lá muito exequível (sobretudo para quem é alérgico a filiar-se no que quer que seja). Talvez novas boas disposições do Venerável Grão Mestre se traduzam num plano de acção mais concreto.
Por vir mesmo a propósito, transcrevem-se dois comentários ao post "Quadratura do ´círciulo":
compadre esteves diz...
O que se decide nos partidos não são ideias, mas a mercearia. Saber quem tem mais votos é saber quem meteu mais gente da família ou de amigos no partido e mais prometeu. Os partidos nada têm a ver com a sociedade; ou melhor, são sociedades anónimas de interesses privados e de irresponsabilidade ilimitada. A candidatura de Manuel Alegre ou de João Soares só têm um objectivo: poder, como grupo, ocupar lugares pelo método de hondt. Todos sabem que é Sócrates que vai ganhar. Tem com ele o pior do partido e isso é que conta. Mas, por outro lado, também é certo que nos partidos ninguém discute nada; ou melhor, todos dizem o mesmo. Discutir exige esforço de reflexão e isso não dá sucesso. Mas já não é só nos partidos. Por todo o lado, há uma indiferença pelos ue pretendem reflectir e quem quiser colocar argumentos rapidamente verá que é levado ao ridículo. Tudo está subordinada à curiosidade dispersa e à retórica espectacular das frases generalizantes e simplistas. Por isso, o aprofundamento das ideias, o problema da natureza dos partidos, a questão da democracia têm o mesmo interesse que o boletim meteorológico ou o resultado do totobola.
Somos mobilizados por nada e por tudo. A polivalência de Teresa Caeiro é o simbolo desse "tudo" que é "nada".
Só o surrealismo nos pode ajudar.
2:19 PM
Kamikaze diz...
Bem compadre, estou de acordo com tudo o que escreveu, mas quanto à conclusão final esperava algo menos surrealista, uma vez que se assume como discípulo de M. Lourdes Pintassilgo. Não me apetece desistir.
2:59 PM
kamikase: eu discípulo, só de mim mesmo.
Gosto de M.L.P. como gosto de toda a gente que admiro e nenhuma outra conclusão se pode tirar.
E para que fique claro: pertenci ao grupo inicial da candidatura de M.L.P., mas disse que se Salgado Zenha se candidatasse sairia. Foi isso que aconteceu, saí e votei no Salgado Zenha. Todos me compreenderam.Tenho, como sempre tive,grande respeito por M.L.P como por toda a gente (do Norte) que esteve ligada à sua campanha e de quem sou muito amigo.
Kamikase: o surrealismo a que me refiro é o de levar a ridículo o poder e a política. É dizer de forma irónica o que se passa neste canto à beira mar plantado. E o que se passa, o que se esconde por baixo da realidade é uma gargalhada. Levem-nos a sério: riam-se deles! Vê nisto contradição!?...
Eu também gosto da Maria Lurdes Pintasilgo. Tenho um livro dela autografado. «Sulcos de Um Poder Comum», (acho que é assim que se chama)
É sim senhor. Viva o Carlos!
Caro compadre, presumo que a sua pergunta seja retórica...
O Anonymous c'est moi, je, Kamikaze.
Depende do que a kamikaze entenda por retórica.
Ridicularizar é uma arma poderosíssima. Já reparou no efeito que teria, se toda a gente desatasse a rir, sempre que via um ministro?!... Pensa que esse ministro aguentava-se muito tempo no poder?!...
Não tem outra arma mais poderosa. E é que eles são ridículos, mesmo ridículos! Não faltava á verdade. Olhe, por exemplo,para Paulo Portas!!!... Não é uma gargalhada ambulante!!!!... E o Santana Lopes a beijar a mão depois de se benzer!... Não é de partir o coco a rir!...
E, como rir faz bem à saude, com o riso promovia o genérico mais eficiente que não é fabricado pelo lobby do Ministério da Saúde. E este ministro?!... Já não posso mais com tanta gargalhada. Ria Kamikase, que os donos da política vão nús.
O que precisamos é de publicitar o riso para que toda a gente dê conta deles como eles são. Expor o ridiculo à publicidade deveria ser a palavra de ordem do exercício da cidadania. Vamos a isso!
Ora aí está uma excelente ideia compadre! E para mais pró-activa, ccomo está na moda...eh eh eh
Só por fazê-la rir, já estou mais feliz!
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