Os desafios do PS - por Eduardo Dâmaso
«Manuel Alegre e João Soares formalizaram ontem as respectivas candidaturas à liderança do PS. Não fizeram fogo aberto contra José Sócrates mas obviamente representam estratégias não muito diferentes de tentar limitar a continuação do guterrismo no PS por intermédio de um dos mais dilectos delfins de António Guterres. Alegre nunca escondeu o seu protesto por aquilo que considerou ser uma guinada do PS à direita e João Soares ainda ontem disse que a Terceira Via foi uma ilusão com péssimos resultados.
(...) "há uma profunda crise de identidade que atravessa o PS desde os tempos de Guterres e, na actual conjuntura do país, também há o risco de o partido se ver vulnerabilizado, de novo, pela implacável lógica do Bloco Central dos interesses se não emergir desta luta eleitoral com uma liderança forte mas, sobretudo, uma alternativa de soluções para o país e de valores para o partido. O que está em causa não é só encontrar um líder mas devolver o PS a um padrão ético e político que o transformou numa referência essencial da democracia portuguesa.
(...) o PS tem de escolher um líder mas sobretudo tem de escolher soluções para o país coerentes com as suas opções ideológicas. O que o país espera do PS é que seja capaz de apresentar um programa de governo credível, inovador e que saiba conciliar as exigências da economia e das finanças públicas com políticas sociais não despesistas e não potenciadoras do laxismo. Desta vez, o que o PS não pode é desperdiçar a oportunidade de propor um contrato de modernização do país. Tem que ser claro sobre a reforma da administração pública e provar que é capaz de fazer uma reforma fiscal. E que na educação vai ser capaz de acabar com o actual desperdício de dinheiro e apontar um novo e sério caminho. E isso tanto vale para os que olham mais para a esquerda como para os que se posicionam ao centro e piscam mais o olho à direita.
23 julho 2004
A quadratura do círculo
Marcadores: kamikaze (L.P.), política
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3 comentários:
Bem compadre, estou de acordo com tudo o que escreveu, mas quanto à conclusão final esperava algo menos surrealista, uma vez que se assume como discípulo de M. Lourdes Pintassilgo. Não me apetece desistir.
Como já procurei dar a entender noutro post, o surrealismo é uma arma de luta: a mais ajustada a tornar a vergonha mais vergonhosa, rindo-se dos que a olham a sério.
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