10 junho 2004

A juventude não me pertence

A juventude não me pertence,
Nem a delicadeza, não posso enganar o tempo com palavras,
Sou desastrado nos salões, não danço, não sou elegante,
Na sociedade culta sento-me, incomodado e imóvel, pois à cultura não estou habituado,
À beleza e ao conhecimento não estou habituado -- mas há duas ou três coisas às quais estou habituado,
Alimentei os feridos e reconfortei muitos soldados moribundos,
E, entretanto, no meio do acampamento,
Compus estes cantos.

Walt Whitman

2 comentários:

Silvia Chueire disse...

Do mesmo poeta :

Do inquieto oceano da multidão

Do inquieto oceano da multidão
veio a mim uma gota gentilmente
suspirando:

- Eu te amo. há longo tempo
fiz uma extensa caminhada apenas
para te olhar, tocar-te,
pois não podia morrer
sem te olhar uma vez antes,
com meu temor de perder-te depois.

- Agora nos encontramos e olhamos,
estamos salvos,
retorne em paz ao oceano, meu amor,
não estamos assim tão separados,
olhe a imensa curvatura,
a coesão de tudo tão perfeito!
Quanto a mim e a você,
separa-nos o mar irresistível
levando-nos algum tempo afastados,
embora não possa afastar-nos sempre:
não fique impaciente - um breve espaço -
e fique certa de que eu saúdo o ar,
a terra e o oceano,
todos os dias ao pôr-do-sol
por sua amada causa, meu amor.
W.Whitman

Primo de Amarante disse...

Detesto guerras. Se eu aceitasse o ódio só o utilizava para fazer "guerra" à guerra. Nunca foi, nunca será uma boa causa uma guerra. Só conheço um heroi: o que debaixo de fogo segura e conforta o irmão, seja "inimigo" ou não.