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09 março 2009

Miguel Bombarda - um must do Porto

Estive no último sábado no programa de inaugurações das galerias de arte instaladas na zona da Rua Miguel Bombarda, no Porto. Aquilo que já era um must da cidade, conheceu neste dia um revigoramento com a inauguração do troço pedonal daquela rua, com desenho de Ângelo de Sousa. Rui Rio e o ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, associaram-se a esta jornada

Foram milhares de pessoas a circular na zona, a visitar as galerias, as lojas de mobiliário retro, de design, de moda e até de vinhos. Muitos jovens e também gestores e quadros de relevo da cidade. Por ali andavam, por exemplo, Rui Moreira, presidente da Associação Comercial, Ângelo Paupério, presidente da Sonaecom, Carlos Moreira da Silva, presidente da Barbosa & Almeida, ou Joaquim Azevedo, director da Universidade Católica. Disseram-me que também Elisa Ferreira andou por ali.

Senti o Porto a mexer e isso conforta-me, porque é sinal de que há massa crítica disposta a (fazer) viver a cidade. Neste caso concreto, regozijo-me que um dos principais impulsionadores deste movimento em torno de Miguel Bombarda tenha sido o meu particular amigo Fernando Santos, cuja galeria tem patente a obra de Gerardo Burmester e Manuel Botelho, para além de outros artistas em exposição colectiva.

Um lamento: vindo de Miguel Bombarda passei pela baixa, por volta das 20H00, e o que se via era "meia-dúzia de gatos pingados". Há que trazer as pessoas para a baixa e essa parece-me uma equação de difícil resolução se não houver uma estratégia concertada entre todos os agentes, públicos e privados.

26 fevereiro 2009

Madrid com Bacon

Ir por estes dias a Madrid permite que nos reconciliemos com uma certa forma de viver a cidade. Madrid está nas suas ruas e bares, nas lojas e nas esplanadas. Não há horas de encerramento generalizado das lojas e, noite dentro, é possível ver os passeios cheios de gente. E não são só os turistas. São os madrilenos que vivem a cidade, frequentam-na, defendem-na. Também não se vê prédios a cair, mas sim uma recuperação continuada das fachadas e dos edifícios, pelo menos nas áreas nobres da cidade. É claro que não é alheia a esta forma de viver a cidade, ainda para mais na capital de um país perseguido pelo terrorismo, a permanente presença da polícia nas ruas, que aí está e se insinua na vida das pessoas, transmitindo-lhes tranquilidade.

Por outro lado, ir por estes dias a Madrid torna obrigatória uma visita ao Museu do Prado para ver a exposição de Francis Bacon, comemorativa do centenário do seu nascimento. Instalada na parte nova do museu, uma ampliação muito feliz projectada por Rafael Moneo, a exposição percorre a obra do pintor, falecido em Madrid em 1992, a evolução das suas técnicas e as suas obsessões sobre o homem e a natureza humana. Uma exposição que nos revela as facetas de um artista que marcou o século passado.


Na foto, uma das variações de Francis Bacon sobre o Retrato do Papa Inocêncio X, de Velásquez.

11 dezembro 2008

Extraordinário centenário!

Manoel de Oliveira faz hoje cem anos. É fantástico! Ver um homem, qualquer que ele seja, chegar aos cem anos é sempre extraordinário, mas ver alguém consegui-lo, mantendo todas as suas faculdades, uma energia inesgotável e uma interminável vontade de trabalhar é absolutamente fabuloso.

Oliveira comemora cem anos a filmar “Singularidades duma rapariga loira”, uma adaptação de um conto de Eça de Queiroz. E há mais projectos em carteira. Como se o mundo não acabasse nunca para si. Pelo menos a vontade de viver não cessa, o que é de aplaudir. Como há 66 anos, quando filmou “Aniki Bobó”, a sua primeira longa-metragem.

O nome de Oliveira é hoje reverenciado um pouco por todo o mundo. Os elogios vêm de todo o lado. Pela obra, pela singularidade, pela energia, pela arte que sai da sua câmara de filmar. Oliveira faz cem anos e Portugal deve-lhe uma homenagem sentida. Até pelo incentivo que o seu exemplo pode constituir para os menos novos.

Podemos discutir a sua obra, podemos gostar mais ou menos dos seus filmes, mas quem venceu os mais importantes prémios do cinema europeu, quem teve como protagonistas dos seus filmes actores como Deneuve, Mastrioanni ou Malkovich, para além de alguns dos melhores intérpretes portugueses, terá sempre um lugar ímpar na nossa cinematografia.

Ao fim de cem anos, só falta a reconciliação com a sua cidade. Oliveira negou receber as Chaves da Cidade, porque diz que não foi ouvido pela autarquia. Creio, no entanto, que o arrastado folhetim da Casa-Museu que deveria ter o seu nome, um edifício construído e desocupado há vários anos, onde aliás Oliveira nunca entrou, contribuiu sobremaneira para essa atitude. Será que Rui Rio vai desaproveitar mais uma das suas bandeiras internacionais?

07 julho 2008

Novo director artístico para a Casa da Música

A nomeação de António Jorge Pacheco para a direcção artística da Casa da Música, a partir de Janeiro do próximo ano, deixou-me feliz e sossegado. Feliz por ver que foi reconhecido o mérito de alguém com quem tive o grato prazer de conviver e trabalhar durante o período em que foi responsável pela programação cultural do Europarque. Sossegado por saber que o actual número dois de Pedro Burmester será capaz de dar um novo impulso de qualidade à programação da Casa da Música.

Acresce que a nomeação de António Jorge Pacheco, num momento em que já se perfilavam vários nomes estrangeiros para o lugar, vem também demonstrar que há valores nacionais que podem desempenhar cargos para os quais durante muitos anos era comum recorrer-se ao estrangeiro. Serralves já tinha dado o exemplo ao nomear João Fernandes, meu contemporâneo na Faculdade de Letras, e agora é a Casa da Música a apostar num homem da casa.

02 maio 2008

Quo vadis, Kami?

Carta aberta aos meus amigos

Não dou notícias há muito tempo, não escrevo nem comento nos blogs, nem umas graçolas reenvio por e-mail.
E no entanto nunca passei tanto tempo ao computador (nem sequer quando, entre Janeiro e Março, "de perna ao peito", andei a "arrumar" o Inc...).
Et pour cause! O objecto está de tal forma associado ao meu dia a dia de trabalho (o mundo dos candidatos a emprego e do import-export ao alcande de um rato...) que, quando chega a hora do lazer (se é que chega…), só me apetece fechá-lo.

Mas ter o tempo hiper-ocupado com a concretização, para breve, de um projecto que há muito acalentava (quando comecei a perceber que, por razões familiares/pessoais, teria de deixar o Ministério Público, era um projecto/sonho difuso, muito difuso mesmo, a que me agarrava) é, para além de um grande desafio, um enorme prazer e fonte de genica e boa-disposição. Para mais, esta entrada no mundo do empreendedorismo está a ser/vai ser uma interessante fonte de melhor conhecimento das realidades culturais e socio-económicas deste cantinho ao sul, pedaço ainda assim privilegiado do dito “país real”… (*)

Alguns de vós sabem do que se trata – a abertura de uma livraria/espaço de exposições em Faro, integrados num Espaço de Memória, projecto de O Mundo em Gavetas, que surgiu do encontro com a inesgotável criatividade e vontade de fazer do José António Barreiros.






Mas, para saberem mais, o melhor é abrirem este link:
www.omundoemgavetas.com/novidades.html

O objectivo é abrir a 14 de Junho (assim a Câmara de Faro não boicote com a sua proverbial inércia no despacho dos processos). Teremos a apresentação de um novo livro do José António Barreiros editado por O Mundo em Gavetas e uma exposição alusiva – o pretexto é o centenário do nascimento do escritor Ian Fleming. O tema genérico dá pelo título de 00Fleming.
O livro será lançado no Espaço dos Exílios, no Estoril, no dia 28 de Maio, data do centenário propriamente dito.

Claro que, quando tiver a certeza absoluta da data da abertura em Faro, informarei. Como é um sábado (para os lisboetas antecedido de feriado) e o tempo estará certamente óptimo, é mais um bom pretexto para virem gozar as delícias do Sul :)

(*) Por via das dezenas de CVs que consultei e das várias entrevistas que já fiz a candidatos a emprego pude contactar com a realidade do que lia acerca da quantidade de jovens licenciados desempregados ou à procura do 1º emprego – não que o não tivesse sentido já na vivência dos meus próprios filhos (e filhos de amigos) , ele lançado às feras no mundo do recibo verde, com um curso técnico de 1 ano que lhe deu logo trabalho, tirado depois de obter a licenciatura num curso superior em universidade pública e “de bom tom”, a Nova; ela – por opção, é certo - sozinha no mundo das profissões liberais, na perspectiva de nem a um mês de ausência pós maternidade se poder dar ao luxo … (é para rir ouvir o Marinho e Pinto, Il. Bastonário da OA, reivindicar licença de maternidade para as advogadas! E eu a pensar que se tratava de uma profissão em que a relação profissional/cliente é tendencialmente insubstituível, como acontece com os psicólogos clínicos, profissão exercida pela minha filha!)

Mas constatei também realidades positivas: depois de terem acabado com as escolas comerciais e técnicas, os responsáveis pelo ensino lá perceberam que havia muitos jovens que, para singrarem na vida, precisavam de competências técnicas de nível médio e, na verdade, as vias técnicas de ensino pós escolaridade obrigatória, que dão equivalência ao 12º ano, têm bons currículos disciplinares; idem quanto a certos cursos de formação proporcionados via Centros de Emprego!
Claro que nem sempre isto basta se não se teve uma boa formação de base e, por exemplo, apesar de se cursar o 2º ano de gestão, se escreve com manifestos erros ortográficos e não se é capaz de compor meia dúzia de linhas num e-mail de candidatura/apresentação…

Enfim, o "noticiário" vai longo, não escrevo há tanto tempo que as ideias por partilhar se atropelam e sai tudo em turbilhão ficando, ainda assim, quase tudo por dizer…
bem ao contrário do JAB que escreveu hoje (mais) dois lindíssimos posts, cuja leitura não resisto a recomendar:

http://joseantoniobarreiros.blogspot.com/2008/05/regressado-aos-sonhos.html


Com este post envio abraços e beijinhos aos amigos e cordias cumprimentos aos leitores

Da vossa Kami, que também responde por Little Palha


12 março 2008

desrazões

Mário Correia 08
Tenho andado ausente. Da escrita neste blog e de outras coisas mais.
Razões várias, possivelmente apenas desrazões. Algumas, as mais imediatas, encontrei-as elencadas, por mão alheia, aqui ...

Fotografia de Mário Correia, Viena 2008 (MUMOK, Museum Moderner Kunst - "YIWU Survey", instalação de Liu Jianhua)

06 março 2008

Dalila super star

De vez em quando, cria-se uma aura sobre determinadas personagens que acaba por lhes dar ares de suspeita intocabilidade. É muito nosso, muito português, esse hábito. Então se a imprensa ajudar…

Um dos nomes ultimamente muito em voga é o de Dalila Rodrigues. Professora de História de Arte no Instituto Politécnico de Viseu, foi directora do Museu Grão Vasco, com reconhecido sucesso, e do Museu Nacional de Arte Antiga, de onde saiu depois de entrar em ruptura com as opções políticas da tutela, leia-se da ex-ministra Isabel Pires de Lima. Na altura, caiu o Carmo e a Trindade, teve manifestações “espontâneas” de apoio, recebeu Marques Mendes no “seu” museu, naquilo que foi uma manobra rasteira de propaganda partidária, e até estava para processar o Estado porque, vejam lá, vendera a sua casa em Viseu e comprara outra em Lisboa e agora como era?

De volta (?) às aulas em Viseu, soube-se há pouco que foi convidada pela Fundação Casa da Música, onde o Estado tem posição relevante, para dirigir o departamento de Marketing e Comunicação. Sem pôr em causa os seus conhecimentos na área e os cuidados que demonstra ter para com os seus extremosos alunos, Dalila diz que sentiu um prazer especial por ter sido convidada por uma instituição, ou por Nuno Azevedo, o administrador executivo da Casa da Música, onde o Estado participa depois de ter sido “despedida” pouco antes pelo Governo. Está à vista que, pessoas assim, sabem tecer as necessárias redes de influência e derramar o seu charme sobre os incautos (jornalistas, gestores, agentes culturais, etc.). E viva a música!

10 fevereiro 2008

Carlos do Carmo " Fado da Saudade"

Como é sabido, o "Fado da Saudade" cantado por Carlos do Carmo, que integra a banda sonora do filme Fados de Carlos Saura, venceu o prémio para a melhor Melhor Canção Original dos prémios Goya. Vi o filme e recomendo-o vivamente.

No seguimento desse acontecimento Carlos do Carmo fez um comentário, em resposta a uma questão que lhe colocou um jornalista, a propósito do pouco impacto que teve essa nomeação ao nível nacional. E o comentário, bem ao tom compreensivo e irónico que o caracteriza, realçava a ideia que no nosso país apenas as desgraças e as tricas são notícia de relevo. Destacamos o que é mau e passamos rapidamente pelo que é bom. É uma verdade. Na blogosfera então é quase uma verdade absoluta.

Mas relembrar isso não é o meu objectivo neste momento. O que eu gostava de dizer é que o Carlos do Carmo é das pessoas que mais me fascina ao nível do discurso. Ou seja, delicio-me a ouvi-lo. É de uma sabedoria, de uma sensatez, de uma energia, de um optimismo e força de vontade invulgares. E consegue transmitir tudo isso com um calor humano muito forte, como ninguém.

A minha questão é: porque é que nenhum canal de televisão se lembrou ainda de o colocar no ar como figura central, com tempo de antena próprio?
Deixem-no falar, divagar, como por exemplo, acontecia com o Vitorino Nemésio. Temos tanto a aprender com ele…

15 janeiro 2008

Museu do Pão

O Museu do Pão é um complexo museológico privado onde se exibem e preservam as tradições, história e arte do pão português. Em mais de 3.500m² o visitante encontra uma gama de actividades destinadas à cultura, pedagogia e lazer.
Através de quatro salas expositivas e de vários outros espaços do complexo museológico, poderá conhecer os antigos saberes e sabores da terra portuguesa.


Tertúlias
No derradeiro sábado de cada mês, o museu convida uma personalidade da cultura portuguesa, que no Bar-Biblioteca conversa com o público. Deste modo se procede a uma aproximação entre personalidades culturais portuguesas e o público, numa frutuosa troca de ideias. Estas tertúlias, por onde têm passado algumas das mais ilustres personalidades culturais portuguesas, em muito tem contribuído para a dinamização da região serrana, tendo já alcançado assinalável projecção.

Dia 26 de Janeiro, 22h00 - SÉRGIO GODINHO

Exposições Temporárias
Várias exposições temporárias já passaram pelo espaço reservado para tais eventos, na Sala da Arte. O destaque que têm alcançado na Comunicação Social e na apreciação do público atestam a sua qualidade. Estas exposições duram em média seis meses.

Actualmente está patente ao público, até Abril de 2008, a Exposição Temporária “Saborosos Postais”.




13 janeiro 2008

Diário Político 74



No ano de 1975, se a memória não me falha, tive a honra de conhecer e ouvir durante um par de horas Don Pepín Bello. Em 1982 voltei a ter o prazer o de o ver e ouvir numa sessão da Residencia de Estudiantes.

no momento da sua morte, seja-me permitido, tirar lenta e metaforicamente o chapéu e dizer, também eu, "ola Pepín!

E muito, muito, obrigado

d'Oliveira

06 janeiro 2008

o leitor (im)penitente 30



O José António Barreiros manda-me um mail a chamar a atenção para a “revoltadaspalavras.blogspot.com”, um dos muitos blogs que anima e que, como os outros é imperdível, com a notícia da morte do Luiz Pacheco.
Ligava-nos, entre outras coisas, esta comum admiração pelo Pacheco, escriba que me acompanha desde os anos sessenta. Apesar de serem 26 os seus textos guardados na estante, ocupam escassos 30 centímetros (medi-os agora mesmo, por razões que a seguir se esclarecem). Ponhamos que me faltarão quatro ou cinco folhetos, entre perdidos, “desviados”, em parte incerta ou simplesmente nunca encontrados. Está nisto a trágica ironia duma escrita combativa, irremediavelmente solitária, duma escrita que é fácil acusar de marginal (e, de certa maneira, era-o) mas duma escrita que não poucas vezes foi sumptuosa, irradiante e quase sempre certeira.
Não sei o que é que o futuro destinará a Luiz Pacheco. O futuro, sobretudo o português tem destas coisas, é difícil predizê-lo, sobretudo no caso Pacheco que, por razões diversas e algumas culpas próprias, nunca se pode ocupar dele, tão atrapalhado estava para viver o seu presente, difícil presente, há que acrescentar.
Na hora da morte há quase sempre um tácito acordo: não se referem os pecados e só se exaltam as virtudes. No caso dos escritores a coisa complica-se. A literatura (e temos casos emblemáticos desde Pound ou Céline até Cela para vir mais para perto) vê-se muitas vezes confrontada com a vida dos seus autores.
Conheci o Luiz Pacheco há cerca de trinta anos. Já era seu leitor graças sobretudo a um editor inteligente e sabedor, António Carlos Manso Pinheiro (Estampa). Suponho que antes dele só a Ulisseia (“Critica de circunstancia”?, meados dos anos sessenta e fanada pela PIDE numa das suas incursões à minha biblioteca) é que se dera ao trabalho de o publicar. O resto aparecia sempre sobre a chancela da “contraponto” a editora inventada por Pacheco. Algum dia se falará desse seu trabalho, das revelações literárias que originou, do apurado gosto do editor, do seu amor pelos livros e por uma outra, e nova, literatura.
No final dos setenta e princípios de oitenta, encontrava-o muito pela “Opinião” e não me fiz rogado para entrar na lista dos “mecenas” já não com “vintinhos” mas com “cemzes” (de acordo com esses anos de inflação) com que LP ia angariando a vida sempre difícil. Uma que outra vez transigia em ir jantar à “Trave” do Jaime e do Santos antes deste partir para a aventura do “Primeiro de Maio”. Não recordo, porém, nenhuma conversa sensacional, nenhum segredo literário, nenhuma revelação definitiva sobre os anos surrealistas ou a vida literária de fins de cinquenta até ao 25 A.
E foi por essa época que, inocentemente, colaborei com ele nas suas piratarias editoriais. Em 78, Herberto Hélder publicou, numa edição & etc... “o corpo o luxo e a obra” (600 ex, 100 fra do comércio). À cautela eu encomendara o livro em vários lugares de modo que me couberam dois exemplares. Alguém, cujo nome já não recordo, informado desse bambúrrio, procurou-me para me comprar o exemplar a mais. Tais artes terá tido que eu, burro confesso mas generoso, lho ofereci. Tempos depois, à entrada de um espectáculo de teatro do FITEI fui surpreendido pelo destinatário da minha generosidade que vendia “o corpo o luxo e a obra” numa contrafacção assinada contraponto com a única diferença de incluir um texto de Maria Estela Guedes como prefácio. Vamos andando que me ofereceu um exemplar da “nova edição”. Os anos foram passando e as notícias de Pacheco, salvo os livros que iam saindo que, nem sempre alcançavam a qualidade dos textos anteriores e sobretudo do “libertino passeia por Braga...”, “comunidade” etc...
O passeio, a atribulada mas excitante viagem de Pacheco, acabou. Pelas minhas contas andou por cá oitenta e poucos anos. Ou seja gastou o melhor da sua vida num país tristonho, embiocado em relentos do século dezanove, se não do dezoito, pouco atreito à liberdade livre que Pacheco e os seus, mais que proporem, defenderam e viveram. Com todos os riscos que isso implicava. E com as dificuldades, muitas, algumas prisões pelo meio, processos de toda a ordem, toda uma aventura. Muito mais do que coube, cabe ou caberá, á maioria de nós todos.

05 dezembro 2007

Cafés e Tertúlias

Um interessante trabalho, dinamizado pelo A Defesa de Faro, um blog em que o futuro se pensa também pela evocação do passado.
Vejam, que vale a pena e é só clicar aqui!



(o que foi o) Café A Brasileira (antes "O Baleizão"), de cujos bolos de aniversário - ai, aquela "abelhinha", que surpresa marivilhosa foi! - ainda me lembro... )

Ao ler/ouvir o texto do vídeo, poderia imaginar exactamente a zona em que o meu pai "abancava" no café Aliança, não fora saber que, entre tantas outras coisa boas, ele se distinguia por não se encaixar nesse mundo socialmente estratificado que o vídeo refere... tinha entre os seus melhores amigos pessoas que se espalhariam por algumas das zonas do café descritas no vídeo, pelo que fico curiosa em saber se andaria de mesa em mesa ou se ia variando consoante os dias... Vou tentar averiguar :)

22 novembro 2007

missanga a pataco 34


Esta vai assim, directa, para o éter sem redacção prévia sem plano (como se eu fosse muito dessas coisas) como quem segue uma música ao longe. Morreu o Béjart. Quase diria morreu a dança mas isso ele nunca o permitiria.
eu não sei se o século XX teve muitos revolucionários. Duvido bastante, para falar com sinceridade. Mas se os teve, um deles, e não o menos importante foi este meteoro que agora se vai juntar à grande família das estrelas errantes. Morreu, diz o "le monde". morreu, vírgula! Enquanto se dançarem as suas coreografias não há morte que o leve, que o esconda, que o torne esqecido. E há os filmes, os vídeos e, sobre tudo isso, a nossa memória. E o nosso embevecido encantamento. Aquele homem punha um paralítico a dançar...
Deixo para os críticos, o relato frio e minucioso do que ele fez e não fez. Eu, e porventura muitos como eu, contentávamo-nos em assistir espantados aos espectáculos que ele montava.
Permitam-me que, dentre todos, recorde um, em Lisboa, onde no fim entre intermináveis aplausos, Maurice Béjart chegou-se à boca de cena e condenou o fascismo português. A plateia levantou-se ainda mais e se me lembro saiu-se do teatro numa arruaça tremenda. Béjart foi obviamente expulso nessa mesma noite. Mas o escandalo e a repercussão internacional do seu gesto fizeram o regime dançar freneticamente uma dança de S. Vito. Sem aplausos da plateia internacional e dos jornais de todo o mundo que relataram a acção do grande coreógrafo que de todo o modo ainda estava em início de carreira.
Nem que fosse só por isso, querido Béjart, muito obrigado.

15 outubro 2007

Expediente 10


Gorgonzola, Boémia e terrine de pato com pimenta verde

É verdade, caros leitores: a noite de domingo passei-a nesta agradável companhia diante da televisão que transmitia o jogo de rugby Argentina África do Sul merecidamente ganho por estes últimos. A África do Sul é uma das grandes potências do rugby como se sabe e a Argentina revelou-se no decurso deste campeonato do mundo um challenger de grande qualidade e com recursos fora do comum.
O jogo vi-o através da TV5, serviço internacional da televisão francesa que, ao contrario dos patós de cá, sabe o que deve transmitir mesmo que a França não esteja em jogo. A RTP prefere andar numa cruzada pró-governamental, velha pecha sua, ou a transmitir programas que nem ao Menino Jesus interessam. Ah e também gosta de pôr processos disciplinares a quem a critica. Dado que a mim não me chegam, aqui vai: considero que a direcção da televisão está enfeudada ao governo até à medula, a qualquer governo, diga-se, que aquilo está sempre a favor do vento que corre. Só a tal Entidade Reguladora é que não vê isto. Coitados dos seus membros, eles bem que olham e voltam a olhar mas por azar é sempre para o lado, daí esta teima dos espectadores e dos críticos contra a televisão que vamos tendo. Este desgraçado país merecia mais do que esta TV e esta entidade reguladora que navega na mais absoluta empáfia. É com eles.
Se acaso transmitissem os jogos de rugby e se, porventura, os fracos dotes que demonstram se aplicassem a perceber a alma deste jogo (um jogo de brutos praticado por cavalheiros) talvez tivessem uma vaga percepção do péssimo papel que fazem perante uma sociedade atónita e farta disto.
Mas eu ia falar de rugby que foi visto com a ajuda de uma cervejinha (a boémia) dum queijo italiano de provada fama e duma terrine deliciosa. Os domingos têm isto de bom: um cavalheiro pode fazer um picnic diante da televisão que ninguém se zanga. E ver um jogo memorável como este. E ver um senhor chamado Habana, de marcada origem negra, ser o herói de uma equipa predominantemente branca. É assim que se constrói uma nação diferente. Como aliás era o caso da Nova Zelândia onde a equipa nacional tem um fartote de maoris. Há umas dezenas de anos dir-se-ia que não tinham futuro e hoje é o que se vê: integrados a corpo inteiro numa nação onde até os descendentes de europeus já se gabam de um imaginário passado tribal.
No caso da África do Sul tenho a certeza que a partir de hoje Habana será um herói para milhares de adolescentes negros e brancos e mais uma martelada no caixão do velho apartheid. E isto, leitoras e leitores, conforta qualquer um.
Este domingo também é marcado por uma bela notícia: o Pancho Miranda Guedes, velho companheiro de traquinices impensáveis da tia Néne, em São Tomé, onde com mais um par de miúdos dessa época terão feito trinta por uma linha, o Panchicho dizia eu, começa a ser reconhecido por aquilo que é: um grande arquitecto. E português! Enfim hispano-português com uma dose de moçambicano. Em Basileia está patente uma exposição sobre ele: que a tragam até cá, ou, milagre, que a televisão perca um quarto de hora numa reportagem a sério sobre este homem e a sua obra.
Recordo, com alguma nostalgia e outro tanto de comoção que, entre o meu terceiro e o meu quinto ano do liceu, em Lourenço Marques, hoje Maputo, passava diariamente diante da casa dele. E esse garoto que alguma vez fui, e que de vez em quando me habita, maravilhava-se com a traça arrojada e lindíssima dessa casa: nunca percebi nada de arquitectura mas as coisas feitas pelo Pancho deixaram-me um rasto pela vida fora.
E é disto que se tece um domingo de Outono: um belo jogo e a lembrança viva da beleza absoluta da arte. E também o mar do molhe logo de manhã e o cheiro das castanhas assadas. E a história de um grupo de meninos rabinos na distante S. Tomé a fugirem para o mar numa piroga milagrosa que só se não afundou porque estava escrito que um deles faria casas espantosas enquanto uma delas levaria, anos mais tarde, pela mão, um menino ávido de leituras até à Biblioteca Municipal Fernandes Tomás.
Que os deuses imortais os abençoem!


A minha boa amiga Gigi Mizrahi, de que já vos falei aqui e ali, fez recentemente um curso de escultura em Itália. Com a devida autorização, deixo-vos este apontamento e uma imagem de "su piedra" que, para surpresa da própria (!), ficou com claras reminiscências mayas-aztecas, afinal tal como as suas lindíssimas jóias...

Pietrasanta, 19 de Agosto de 2007

(...) La plaza principal tiene varios restaurantes y diversas tienditas. Es un lugar donde trabajan varios escultores famosos (Botero esta aquí con su mujer), hay gente bonita y bien vestida y varios bohemios. Tiene una gran iglesia en el centro y como cinco callecitas que atraviesan la plaza en las que hay galerías de arte, boutiques preciosas y otras normales, restaurantes con mesitas en la calle, un hotel cinco estrellas precioso y otro mas normalito, joyerías y demás.

En el día se puede ver a los que están trabajando la escultura porque los pies se llenan del polvo que suelta el mármol al trabajarlo, independientemente de la ropa que lleven puesta.

Hay gente de todo el mundo y se escuchan varias lenguas. A pesar de estar tan cerca de la playa (desde Viareggio hasta Forte di Marme y Lucca), se ve gente muy diferente por acá, generalmente interesada en el arte, a diferencia de los que están en otros pueblos, en traje de baño y de francas vacaciones de verano.

Mientras platicamos Alessandra y yo, viene la casera de la pensión en donde voy a dormir. Me dice que seré la única que estará trabajando en el taller porque no planearon con cuidado los cursos de este año y que hay solo tres personas en la pensión. Me parece perfecto!
La pensión……….Me siento como Van Gogh en su cuartito pero al mío le falta el color amarillo, jajaja! Un cuarto blanco, con muebles viejos, limpio (gracias a Dios), con un lavabo dentro y su closet, pero eso si, con una ventana que da a una calle hermosísima del centro del pueblo, con dos restaurantes con mesas en la calle y por el maravilloso precio de diez euros la noche!!! El baño queda al fondo del corredor por desgracia pero por ese precio y por estar en el centro de este hermoso pueblo, no me puedo quejar.

Me despido de Ales, me voy a la plaza a tomar mi Martíni bianco con hielo y naranja, a leer y hacer tiempo para que se haga de noche e irme a dormir porque estoy cansadita y mañana temprano me espera mi piedra para seguir trabajando en ella...

Gigi

27 setembro 2007

expediente 9


Conheci a Marta, ainda pequena, pela mão amável do Anibal Belo, velho e querido companheiro dos tempos de Coimbra.
Pouco a pouco vi-a crescer até que num dia, ainda antes de se formar em Arquitectura, fomos surpreeendidos pela primeira exposição. Desenho segurissímo, claro e solto. E pouco a pouco, ano atrás de ano, a Marta foi mostrando o que fazia. Sempre bem, melhorando a cada dia, a mesma mão certeira, o mesmo olhar inocente sobre o mundo.
Desta vez, aproveitou umas pequenas férias e fez o que se vê.
Quem viva no Porto ou perto, passe pelo Ipanema Park que não perde tempo. Por isso e para ver se tenho um desconto nas peças que comprei aqui a trago ao convívio dos incursionistas (escrevinhadores e leitores).

23 setembro 2007

Estes dias que passam 77


Marcel Marceau

Só quem o viu! E quando digo viu, falo disso mesmo. Ver. Ver um homem num palco nu, sem uma palavra, ele e o seu gesto. Ah, anos 50, gloriosos anos para o teatro que viram autonomizar-se uma arte maior, o mimo. E durante muitos anos, mimo e Marcel Marceau quiseram dizer a mesma coisa. O milagre do teatro, desta vez sem um dos seus elementos maiores, a palavra. Mas a mesma intensa comoção, a beleza calorosa do gesto, o amor por uma história bem contada.
Aos noventa e quatro anos Marcel Marceau navega pelos espaços siderais, os anjos que se acautelem pois este viajeiro nunca precisou de asas para se erguer no palco.

Uma senhora, uma grande senhora, já aqui o disse, e repito, deu mais uma lição às tristes criaturas que nos governam: Ângela Merkel, uma conservadora, recebeu o Dalai Lama na Chancelaria. Só numa republica semi-bananneira como esta em que nos estamos a transformar é que o diktat chinês (se é que o houve, pois dizem-me que a não recepção ao Dalai-Lama foi toda saída da cabecinha dos nossos governantes) teve força suficiente para fingir que o Dalai-Lam é mais um emigrante clandestino .

Aliás parece que a triste vergonha vai continuar: desta vez receberão com folares e cavalhadas o tirano do Zimbabué, um empedernido criminoso que governa a chicote um pais desfeito em vias de rapidamente se tornar o exemplo absoluto da pobreza provocada. Ao que parece, Gordon Brown, primeiro ministro britânico não virá justamente porque não quer encontrar-se com a detestável criatura. E resta saber se outros políticos europeus não lhe seguirão o exemplo. É que, convém dizê-lo, Mugabe tem desde há muito a entrada proibida na União Europeia. A cimeira perde assim tudo ou quase, porquanto perderá grande parte da sua reduzida relevância sem a Grã Bretanha. O desejo de protagonismo do governo português leva a estes extremos de ridículo.

Pouco a pouco, por todo o pais vão-se erguendo vozes sobre a vergonhosa omissão dos jogos de uma equipa nacional na televisão pública. Por uma vez sem exemplo uma equipa de gente vulgar ou quase tem mostrado que Portugal pode ser mais do que fado, Fátima e futebol. De todos os lados, e nos mais prestigiados meios de informação tem podido ler-se homenagens a gente nossa, em três jogos dois jogadores portugueses foram considerados os homens do jogo, e uma equipa vencida mas não batida, a portuguesa tem saído dos estádios sobre o aplauso unânime do público.
Pois bem, a gentinha da televisão e quem nela manda continua mouca como um portão de quinta. E defendem-se com a sport tv, como se não tivesse sido possível um acordo amigável com este grupo privado.
Não há quem faça uma placagem a estes fulanos e os mande para fora do campo por uns tempos?
Este apontamento pertence à série “ o rugby que você não vê”.

11 setembro 2007

farmácia de serviço 37


A EMOÇÃO EM ESTADO PURO

A receita de hoje, vai parecer bem magrinha a quem (se há alguém aí desse lado) frequenta este estaminé. Tempos duros, difíceis, tempo de vacas magras e políticos gordos, mas isso é outro falar, cala-te boca, juízo, juizinho, que ainda te arrependes que “os de cima”, como dizia o B. B. (o de Augsburg, já falecido...) ainda te açulam a canzoada que medra por essa jornalada, atrás de tudo o que mexe, parece que é por via da iníqua liberdade de imprensa, da nossa imprensa ainda ontem saída da mordaça e com hipóteses de para lá voltar, uma imprensa bisbilhoteira é uma imprensa má, irresponsável, carteira profissional em cima deles, chicote, “knut” para citar um saudoso e desmilinguado ex-militante do partidão que agora professa uma sã aversão às extravagancias da liberdade, enfim deixemos isto que não vale a tinta metafórica que neles se gasta.
E vamos ao que interessa, Eric Tanguy, diz-vos alguma coisa? A mim também não dizia nada, raspas de nada até há uns dias em que ainda sem saber o nome da criatura vi um extraordinário Michel Blanc recitar acompanhado de uma orquestra um texto que me pareceu lindíssimo. Texto e música, já agora. Música da boa, pelo menos para mim, que não sou assim tão boa boca como isso. Numa segunda vez, também em zapping, voltei a apanhar este trecho. Sempre no mezzo, se não erro.
Raios parta isto, murmurei in imo pectore, que diabo será isto?
O diabo que, como sabem, anda de monco caído, com a desclassificação vaticana do inferno, agora ouve toda a gente. E já não é preciso vender-lhe a alma para ele, anjo decaído e decadente, fazer um jeito. E fez.
Apanhei, de cabo a rabo, o monodrama (é assim que lhe chamam) Senéque, dernier jour.
Recitante Michel Blanc acompanhado pela Orquestra da Bretanha. Música de Eric Tanguy sobre um libreto de Xavier Couture.
Tentei ver se há disco por aí. Niente, pelo menos nos locais do costume nem sequer na abeillemusic...
Para quem conheça os costumes do programa mezzo é fácil perceber que eles voltarão a transmitir este concerto. Não o percam. Uma pessoa faz as pazes (se é que alguma vez as cortou...) com a música contemporânea.

A gravura é de um disco de Eric Tanguy

09 setembro 2007

Au Bonheur des Dames 84


Oh que belo dia!

Eu sei, sei perfeitamente, que já usei este título, em inglês, se estou bem lembrado, só não sei a que propósito foi, tenho de arranjar um ficheiro, qualquer coisa que cruze dados e me permita revisitar-me para não me repetir. Esta é boa: repetir-me. Se não faço outra coisa senão voltar aos mesmos sítios, como o ladrão escrupuloso que volta ao local do crime, que os ladrões têm ética, estão ali para dar razão ao rifoneiro popular e piedoso que quer fazer-nos acreditar que os maus lerpam e os porreiros vão para o céu. Nesta nem o senhor ministro Rui Pereira acredita. Enfim, não ponho as mãos no fogo.
Bom, onde é que íamos? Ah, no dia perfeito... Bem, perfeito o que se chama perfeito, também não... Como o ministro! De todo o modo podia ter sido pior. Ora vejamos: consegui ver umas nesgas de rugby andando aos saltos por programas impossíveis de notícias, enfim nada a que já não esteja acostumado.
O dia escorreu bem, não se enganaram eu escrevi escorreu, que o nevoeiro que caía depois destes dias quentes de Verão às prestações, parecia cacimbo. Portanto o dia foi escorrendo, sossegado, na velha esplanada, a mesma clientela, stesso mare stessa spiaggia, a miudagem do costume, só que mais rabinos, aproveitando o facto das paternidades e maternidades estarem mergulhados no Expresso, no Sol (inexistente em todos os sentidos) e em mais três ou quatro folhas de couve que, embrenhadas no renovado caso da criança inglesa morta, se esqueceram de tudo o que não aprenderam sobre bom senso, ética (nisto quase que são iguais aos ingleses) e o que mais me lembrar. De todo o modo entre os jornais e a tal ERC sempre pelos jornais, era o que faltava mais uns agentes governamentais a ganhar o deles e uma senhora a escrever coisas inenarráveis e o Cintra Torres a responder-lhe, também é preciso ter paciência.
As criancinhas, portanto, a pintarem a manta, correndo como gamos pelo jardim, e záz!, li que no holliwood iam passar à noite os “Blues Brothers” (John Landis) a melhor e mais divertida homenagem ao “rhythm’n’blues” que alguma vez passou peloc cinema.
Obviamente não perdi o filme. E ri-me como da primeira vez.
E ri-me mais ainda quando me lembrei que tenho o dvd por aí... virgem, por estrear...

27 agosto 2007

voz alheia 1



Por uma vez, provavelmente única, dou a palavra à Maria Manuel Viana que quis corresponder à amabilidade dos companheiros desta barca e enviar-nos um texto seu sobre o Eduardo.
Aqui o recebi e, por junto, copiei-o.
Juntei para o ilustrar uma fotografia de uma máscara Urhobo (Nigéria). Achei que o EPC gostaria dela, curioso como era.


para as incursões


ele teria gostado de ler as palavras do marcelo. ter-se-ia comovido. aquelas eram também as palavras dele. vagueio pelos blogs, à procura dum pequeno sinal, duma memória partilhada, para assim calar esta dor insuportável.
ele já não está.

em 73, cruzámo-nos num festival de cinema na figueira. ele falava da persona do bergman. eu tinha 18 anos. fiquei fascinada.

amámo-nos por entre muitos rostos, muitas outras pessoas, muitos filmes e muitos livros.
ele já não está.

adormeceu devagarinho, no sábado de manhã.
como o menino que era.
ele já não está.

dói-me acordar.
dói-me viver.
ele já não está.

fomos felizes enquanto os deuses o permitiram.