Embaraçada pelo tempo de afastamento sem nada ter avisado aos meus companheiros e companheiras de blog eu me desculpo. Conto com a tolerância de todos.
Estava com tantas saudades... Mas meu tempo tem andado curto. E o cansaço tem me vencido com frequência ao final de cada dia. Enfim, são as circunstâncias. Espero que me perdoem.
Deixo um abraço grande a cada um de vocês e um especial para a Guilhermina e a Kamikaze.
Vocês têm me feito falta.
Fica um poema que eu não havia ainda posto na net. Escrito ainda no início do verão, mas só hoje acabado ( eu me esquecera dele) .
Hoje desde um calor infernal recebam o meu carinho,
Silvia
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o verão
chove ainda,
o verão se aproxima lentamente.
a cidade se agarra às cores,
respira-as;
cola-se aos azuis, verdes,
vermelhos.
pega nas cores com cuidado,
vida a depender delas.
o verão é um dos poemas da cidade.
o povo bebe de má vontade
esta chuva fina a molhar-lhe os pés
e o olhar.
espera pela canção das cores e do sol,
dos risos alagados pelo mar,
do suor a fazer brilharem os corpos
e o desejo,
naturalmente.
silvia chueire
05 março 2009
o verão
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Silvia Chueire
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15 dezembro 2008
"QUEM MORRE?"
Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que
conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.
Pablo Neruda
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O meu olhar
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06 agosto 2008
o sol
o sol nascia no meu peito
iluminando-me a face,
lembras-te?
podia(s) senti-lo a tocar-me a pele.
podia(s) sabê-lo
no sorriso mais livre
que jamais me aconteceu.
silvia chueire
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Silvia Chueire
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01 agosto 2008
POESIA POPULAR (politicamente inconveniente)
Nomearam um Júri. Aprovaram o regulamento e os correspondentes prémios. Anunciaram a iniciativa, com data marcada para a entrega dos prémios. Receberam as quadras concorrentes.
Tudo terá corrido conforme o programado. O Júri recebeu uma centena de quadras, que leu, apreciou e classificou. Depois, avisou os concorrentes da classificação obtida e da data da cerimónia pública para entrega de prémios.
Só que no dia marcada (ou na antevéspera) foi anunciado que o Concurso fora anulado. Já não haveria entrega de prémios nem cerimónia.
Razões? Parece que alguém não terá gostado da quadra classificada em primeiro lugar pelo incauto Júri.
Nesta história, que o JN de hoje divulga, (não consigo fazer o link) o que me surpreende é como uma instituição tão prestigiada e respeitada como o é o Rotary Club se deixe envolver assim. A não ser que tenham pretendido dar projecção e notoriedade pública a tão imaginativa quadra:
Louvado de norte a sul,
Reina um só dia por ano
Na terra do “saco azul”.
(Autor: Carlos José Pereira)
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JSC
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17 julho 2008
tornar-se
a pétala desdobra
sua canção acetinada
e rubra
contra o sol
a nascer dentro dela
torna-se uma rosa
quando me toca os olhos
silvia chueire
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22 junho 2008
para um domingo, dois poemas
o sol
elevamo-nos solares
algum dia,
em alguma terra habitada pelas oliveiras.
tinhas as mãos cheias de mim,
aproximavas teus lábios dos meus cabelos
e me dizias tudo,
depois depositava-os nos meus ombros.
éramos o sol ,
a exaltação da vida.
pensamento
grande é o universo do pensamento
ora caminha
com pés de chumbo
rente à terra
ora tem asas
espalha-se no céu
e voa infinitamente
silvia chueire
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14 junho 2008
reconhecer
um corpo lembra com exatidão
outro corpo.
reconhece-o por sobre o tempo,
quando aquele é seu lugar definitivo.
silvia chueire
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24 abril 2008
o sol
elevamo-nos solares
algum dia,
em alguma terra habitada pelas oliveiras.
tinhas as mãos cheias de mim,
aproximavas teus lábios dos meus cabelos
e me dizias tudo,
depois depositava-os nos meus ombros.
éramos o sol ,
a exaltação da vida.
silvia chueire
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13 abril 2008
domingo
domingo os meus olhos dormem de ti
e as horas andam lentamente sob a chuva.
adormecida a urgência,
o mundo descansa pacífico
(quase não respira).
silvia chueire
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23 março 2008
sobre o arbítrio
pedra sobre a palavra
tu retrocedes e te calas
eu rio-me porque tenho a faca
encostada à garganta
e só me calo se quiser
eu rio-me porque tenho a vida
a me bater no peito
a tocar-me com todas as palavras
ou me oferecer silêncios e abismos
não fujo da minha verdade
e vou para onde quiser
silvia chueire
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12 março 2008
jasmins
é madrugada, o verão ignora
que o inventamos.
e o inesperado perfume dos jasmins
cola-se às calçadas, às pessoas,
desatando a memória de outras noites.
no sorriso do reencontro
com a cidade, o encantamento.
silvia chueire
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23 fevereiro 2008
esqueces
baixas as pálpebras
para que teus olhos não me vejam.
esqueces que vivo dentro deles
(hesitei tantos séculos
até me aventurar por estes precipícios).
silvia chueire
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14 fevereiro 2008
alegria
o poema
tantas vezes hesita,
tantas vezes estremece nas minhas mãos
a procurar palavras.
é grande a alegria
quando se deposita nelas.
silvia chueire
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20 janeiro 2008
dorme
dorme entre os dedos
a rosa viva
no meio da noite
e os lábios dizema palavra impossível
lâmina em meio ao delírio
no escuro os olhos cantam
uma canção liberta
o corpo desorientado
sabe apenas ser corpo
uma harpa estremece
embala os cabelos
a irem e virem
e um nome improvável.
silvia chueire
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13 janeiro 2008
ÍTACA
Quando partires de regresso a Ítaca
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e experiências
(…)
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
Quando, com que prazer, com que deleite,
Entrares em portos jamais antes vistos!
Em colónias fenícias deverás deter –te
para comprar mercadorias raras:
coral e madrepérola, âmbar e marfim,
e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes quanto possas
e vai ver as cidades do Egipto,
para aprender com os que sabem muito.
Terás sempre Ítaca no teu espírito,
Que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
È melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu –te essa viagem esplêndida,
Sem Ítaca não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar –te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.
Constantino Kavafis (1863-1933)
(versão de Jorge Sena)
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O meu olhar
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07 janeiro 2008
Logo
Logo as chuvas
inundarão as ruas e os relâmpagos
riscarão as tardes.
O verão se eleva sobre as criaturas.
Nenhum nome se ouvirá?
Talvez.
As palavras se desdobram em muitas,
derrubadas
pela pedra da realidade
Silvia Chueire
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11 dezembro 2007
passou
passou-te pela vida o amor,
pelo corpo,
encrespou-se o mar que eras.
o amor passou-te pelos olhos,
pelas palavras,
apanhou-te inesperado.
ao alto eras um corpo
e pensamentos amorosos,
um só milagre acordado na noite.
guardas nas mãos a memória
da vida te habitando os minutos
estremecidos .
silvia chueire
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Silvia Chueire
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01 dezembro 2007
de saudades
tenho saudades de Lisboa quando o verão avança
poderoso e úmido seus dias em fogo
suas chuvaradas repentinas
e o ar parece
nossa roupa colada no corpo
tenho saudades do outono no céu
azul de Lisboa
o Tejo iluminado e mutante
as folhas amarelas sobre as calçadas
e o Bairro Alto
no alto da noite
silvia chueire
*apesar de aí não ser outono agora.
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Silvia Chueire
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21 novembro 2007
voz alheia 4
Mulher (na verdadeira acepção da palavra):
Só ela! Sózinha!! Porque ninguém, dentro desta casa sabe como
trocar uma
lâmpada! São um bando de IMPRESTÁVEIS!!! Eles nem percebem que a
lâmpada se
queimou! Eles podem ficar em casa no escuro durante três dias
antes de
notar que a porcaria da lâmpada se queimou! E quando eles notarem,
vão
passar mais cinco dias esperando que EU troque a lâmpada, porque
eles acham
que eu sou a ESCRAVA deles!!! E quando eles se derem conta de que
eu não
vou trocar a lâmpada, eles ainda vão ficar mais dois dias no
escuro porque
não sabem que as lâmpadas novas ficam dentro da porcaria da
despensa! E se,
por algum milagre, eles encontrarem as lâmpadas novas, vão
arrastar a
poltrona da sala até o lugar onde está a lâmpada queimada e vão
arranhar o
chão todo, porque são INCAPAZES de saber onde a escada está
guardada! É
inútil esperar que eles troquem a lâmpada, então sou eu mesmo quem
vai
trocá-la! E como eu sou uma mulher independente, vou lá e
troco!... E SAI
DA MINHA FRENTE!!!
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M.C.R.
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20 novembro 2007
há
há no bailado dos teus gestos
a luz louca do gênio
a luz derramadamente mansa
da voz colada ao vocábulo
do vocábulo agarrado às idéias
das idéias postas a girar
numa roda que não pára
há nos teus gestos a minha falta
a ausência da minha voz
a te acalmar as dúvidas
nessa tempestade furiosa
em que te metes
a fugir
de mim
mas eu
sempre estou
silvia chueire
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Silvia Chueire
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