01 junho 2004

Palração

Conhecido o sentido da decisão instrutória do processo “Casa Pia”, começam os palradores do costume a falar do que verdadeiramente não conhecem. Uns por solidariedade para com amigos implicados no caso, outros por antigos ressentimentos com a Justiça, outros porque precisam de provar que ainda existem ou para justificarem os cobres dos jornais ou televisões que os contratam, e todos, ou quase todos, sem conhecerem os meandros do processo e, portanto, sem saberem do que falam. Alguns ainda, mas poucos, quase inaudivelmente, preocupados com a extensão do fenómeno da pedofilia no nosso país e com os danos sofridos pelas suas vítimas. E a opinião pública assim se vai (de)formando, com a repetição de ideias feitas ou encomendadas e com o lançamento de anátemas sem sentido nem fundamento sério. Pobre quintarola esta em que vivemos!...

2 comentários:

Manuel disse...

certeiro e consciso.

Anónimo disse...

"... a partir de um número de vários dígitos de euros há muitas possibilidades que ela resplandeça para os arguidos. Mas só nesse plano da bolsa cheia, porque para os outros, os que têm recursos limitados, a justiça continua a ser uma miragem. Aqui, os inocentes são mesmo aqueles que acreditam que a justiça não depende do dinheiro." (Eduardo Dâmaso, Público, 29.01.2004)

Se é um facto que a Justiça Penal só funciona para os pobres, alguém consegue explicar porque é que Vale e Azevedo apodrece na cadeia? Será apenas a excepção para confirmar a regra?