Se da governação pela populista dupla Lopes/Portas não se augura nada de bom, a demissão de Ferro deixa uma pequena réstea de esperança quanto a um eventual renascimento do PS (que corria o sério risco de ter uma votação pouco honrosa em eleições antecipadas).
Custa a crer que Ferro Rodrigues não tenha informado o PR de que se demitiria caso estas não viessem a ser convocadas.
Hipótese que dá mais sentido, aliás, à assumpção da decisão de Jorge Sampaio como derrota política e pessoal por parte do ainda líder do PS.
Afinal, o PR, eleito pela esquerda, parece ter optado pela solução menos democrática – a de não ouvir a voz dos cidadãos – impondo aos portugueses o governo mais à direita da sua história pós 25 de Abril, com o nobre objectivo de nos poupar à dura escolha entre Inferno e Inferno…
Mais uma vez desabafo: que choldra!
P.S. - Ferro, os portugueses (e as portuguesas, não esquecer, eh eh eh) agradecem-te que tenhas seguido o exemplo de mister Barroso. Dar de frosques não é, necessariamente, uma atitude indigna...
09 julho 2004
Dar de frosques está na moda
Marcadores: kamikaze (L.P.), política
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8 comentários:
Não me parece que haja algo de comum nas atitudes de Barroso e de Ferro. Não só no que as determina, como também nas suas consequências.
Parece-me haver, claramente, um certo sentido de oportunidade.
Quanto à diferença nas consequências, refiro-as no meu post.
É um ponto de vista!
Tenho outra leitura. Ferro Rodrigues foi o líder que sofreu mais ataques na história da nossa democracia. Não sentiu a solidariedade que deveria sentir. Deu conta, como muitas pessoas já deram conta, que Jorge Sampaio tem uma interprretação de independência do cargo que se resume no seguinte:nos momentos cruciais toma partido pela oposição. Ferro Rodrigues deve ter-lhe feito ver isso e dito que daí tiraria conclusões. A sua demissão é dizer: "não tenho cara para continuar á frente do partido que se empenhou de forma absoluta na tua eleição".
Penso que a governação da dupla Santana/ Portas vai fazer justiça a Ferro Rodrigues.
A preocupação com o PS tornou-se numa ideologia: serve para defender o PSD e o CDS/PP, O Santana e o Paulo Portas e, agora, Jorge Sampaio. Os problemas do PS não são tão graves como os do PSD ou do CDS. Será que isto não é verdade?!...Devo dizer que não estou no PS, nem em qualquer outro partido.
É natural a preocupação com o PS, pois é o único partido da oposição que pode disputar a governação.
O que mais dói não é o PS, mas os ideais que este partido representa. Os que nada têm a ver com esses ideais sabem que preocupando-se com o PS "envenenam" esse ideais. E é isso que torna numa ideologia tais preocupações.
O PS sofre da doença de todos os partidos: a oligarquização. Curar esta doença é reformar o sistema político e o sistema partidário. Esse é um desígnio pelo qual todos devemos lutar, a bem da credibilidade da democracia. E não fixarmo-nos no PS que em questões de liderança, de aparelhismo e de "cinismo político" é igual a todos os outros. Todos atacariam uma Ana Gomes, porque a senhora não é moldável. Os que os partidos gostam é de pessoas-light: sem cor, sem cheiro, sem nervo, sempre seguindo o que é mais conveniente, limitados aos aspectos mais estereotipados da imaginação e do juízo crítico. Ser contra a corrente é "chato". E, tal como me parece ser Ana Gomes, só mudar de atitude, quando a sua consciência estiver auto-convencida, ainda é mais desagradável. Ainda há pessoas assim. Que chatisse!...
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