11 julho 2004

Desculpem


Desculpem, mas o meus amigos de esquerda, para além de tristes, estão a perder o discernimento.
Caramba, aquilo que deveria ser uma crise à direita, está a transformar-se numa crise à esquerda. Afinal, Durão e Santana já começaram a ganhar...
Vejam só: propor a expulsão de Jorge Sampaio do PS?!?! Ou estou muito enganado, ou o PR não é da propriedade de ninguém. Até parece que o PR cometeu algum crime....
(o país) não pode estar de luto porque Sampaio decidiu como decidiu. A sua decisão é constitucional. O novo primeiro-ministro - a quem eu não comprava um carro em segunda mão - não é, apesar de tudo, um marginal. É o presidente da Câmara de Lisboa, o nº 2 de um partido democrático. Goste-se ou não, tema-se ou não o seu desempenho e o de Portas, o certo é que a solução encontrada é legítima. Ou então mudem-se as regras. Ou mude-se o país.”

Por Carteiro, in Comentários a posts recentes no Incursões

(adaptação livre por Kamikase)


5 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Transcrevo também uma passagem de um comentário recente do Compadre Esteves, que me parece resumir bem algo que todos (amigos, conhecidos e desconhecidos de esquerda, direita, independentes) não podemos/devemos deixar de ter bem presente:
"O PS sofre da doença de todos os partidos: a oligarquização. Curar esta doença é reformar o sistema político e o sistema partidário. Esse é um desígnio pelo qual todos devemos lutar, a bem da credibilidade da democracia. E não fixarmo-nos no PS que em questões de liderança, de aparelhismo e de "cinismo político" é igual a todos os outros.

Kamikaze (L.P.) disse...

Subscrevo o Carteiro, mais uma vez.

Kamikaze (L.P.) disse...

E temos é que seguir em frente, não esquecendo as palavras sábias do Compadre Esteves.

Primo de Amarante disse...

Está muito vento, não deu para pescar. Durante a campanha eleitoral para a Presidência da República estabeleci ( eu e a maioria dos eleitores)um contrato tácito com Jorge Sampaio. E esse contrato foi o de que em questões de interpretação política, o sentido que daria às suas decisõas seria o da defesa dos ideais da democracia, tal como são defendidos pela esquerda. Um desses ideais é o de não permitir a berlusconização do País,isto é, entregar na "secretaria" o poder a quem faça da política um espectáculo de ilusões permanentes. Essa é, reconhecidamente, a posição do Santana Lopes. Nunca fez outra coisa! Sinto que Sampaio rompeu esse contrato. Já dizem que muita gente de direita votou nele. Começo a duvidar se terá sido eleito pelo número do contribuinte no sorteio do totoloto (ou totobola, se foi o Lello que fez as cruzinhas).
Isto não é uma questão pessoal. É uma questão política. E o sentimento que tenho é o de que Jorge Sampaio também desapareceu: sobretudo para o sentido político que muitos de nós lhe demos. Isto não é para passar: estou muito velhinho para mudar de ideias e já vi muitas coisas.

Anónimo disse...

Compadre, penso que parto do mesmo ponto de vista mas centro-me noutro momento, acho que neste processo Sampaio revelou largamente o pior de si e um pouco o melhor. O pior não foi tanto na decisão agora anunciada mas no momento em que sr. JDB lhe comunicou a sua decisão e o enrolou, rejubilou, foi pouco arguto (parea não dizer outra coisa), comprometeu-se pessoalmente esqueceu que o seu dever não era para com o JDB com quem provavelmente simpatiza mas para com a República, confundiu ainda a República portuguesa com nacionalismo bacoco e futebois pimba.
Depois arrependeu-se, arrependeu-se mas deixou prevalecer aquilo que achavava ser o seu dever depois de ter feito asneira, prevaleceu o seu sentido de honra pessoal sobre o seu dever político...
Mas ele sempre foi assim, e embora o respeite, sempre me pareceu que não é um homem para momentos difíceis, se não for preciso decidir pode ser óptimo...
Só espero que este episódio para além de uma degradação máxima das instituições na ascensão de um PSL e de uma clique inclassificável, não sirva para que a esquerda (no seu todo) venha a ser enrolada por um outro aldrabão que como o sr. Barroso não é de esquerda nem de direita, um tal de Freitas do Amaral...
Ass.: Kase