22 julho 2004

Dívidas e dúvidas

Carmona Rogrigues, o agora presidente da Câmara de Lisboa, parece estar preocupado com a anunciada dívida da autarquia que, mais coisa menos coisa, ronda os 88 milhões de euros. Não percebo a preocupação. A Câmara do Marco - a pequena Câmara do Marco - deve mais ou menos metade disso. Ao contrário de Carmona, o PC do Marco sempre disse que não estava nada preocupado com a dívida. Aliás: Portas já disse um dia que ninguém gere melhor os dinheiros públicos que o PC do Marco. Aliás, o Ministro Nobre (que recentemente foi testemunha abonatória do PC do Marco) disse que quando o autarca marcoense deixar a política vai deixar saudades. Eu, por causa das coisas, já acredito em tudo... Ah, é verdade: o Ministro Nobre parece que também é advogado da Rebat, a empresa que "gere" os lixos dos municípios do Baixo Tâmega, de que o Marco faz parte. Li nos jornais.

5 comentários:

Zu disse...

Porque é que para qualquer lado para onde se olha se encontram podres ou suspeitas de podridão? Onde é que existirá um pedacinho de mundo livre de tal maleita?

Primo de Amarante disse...

Só nos nossos corações!

josé disse...

A "vidinha" tem uma ética muito própria que se reduz também à "eticazinha": uma ética muito ténue e que sossega consciências já habituadas a relativizar valores.
A anomia geral é a travesseira deste sossego.

Primo de Amarante disse...

Falando a sério: a ética é um assunto complicado. Exige uma competência da própria consciência. E é aqui que reside o grande problema: é que a consciência é uma voz interior que julga em função de critérios (educáveis), obriga (mas sem constrangimento) e sanciona (em função dos ditos critérios que podem ser muito subjectivos). Por alguma razão se fala, hoje, muito da ética.Talvez por descrédito de um Estado de direito. Mas a ética é uma postura que depende da consciência individual. E já Nietzsche fazia notar que frequentemente a consciência não é senão a voz da vizinha.

josé disse...

Pois é, amigo carteiro. É essa a sua verdade! E se o que pensa for correcto e de acordo com a Verdade ( não quero entrar na discussão sobre o que seja, pois o compadre Esteves já uma vez glosou o assunto com mão de mestre, mas utilizo o conceito do modo mais operativo que possa haver), o que diz merece ser escutado.
O problema será mesmo o de sabermos, no mundo das ideias, o que é a Verdade. Alguém sabe?!
A verdade comezinha que nos diz as horas, essa, acho também importante que seja coerente. O relógio deve estar certo e os olhos devem poder ver bem.

Quanto ao Nobre, se lhe perguntarem o que acha destes assuntos, aposto que responderá: e daí? O meu correligionário pediu-me ajuda jurídica e prestei-a. A troco de honorários, mas ainda assim, será justo.
Quanto à incompatibilidade com o que exerço agora, logo se verá.
E lá se vai a ética, numa vozinha aflausinada e longínqua, de discurso para português ouvir quando se falava do Guterres e do problema do emprego da mulher, lá para a Guarda. Ou de outro, de quem já nem me recordo.