Hoje foi um dia atípico. Ninguém me telefonou, ninguém enviou mensagens, coisa estranha!, desliguei e voltei a ligar o telemóvel, porque às vezes está ligado mas não está acessível - coisas da tecnologia que não percebo. Hoje foi um dia atípico porque também não telefonei, nem enviei mensagens a ninguém e consegui não pensar muito tempo seguido nas coisas que me agitam, porque, se pensar nelas, cada vez percebo menos o mundo e não posso dar-me a esse luxo. Comprei alguns livros mais ou menos suaves para as férias que simulo ter, comprei comida para a tartaruga da minha filha ausente e de quem tenho saudades, como tenho saudades do meu menino também ausente. O meu único contacto com o mundo foi através dos jornais, quase nada de televisão e alguma coisa de internet (coisas simples, mas importantes). E fumei cigarros atrás de cigarros, bebi dois "Cutty Sark", tenho sono mas não me apetece dormir. A cada noite como esta, dou comigo a pensar que amanhã compro algumas coisas de que preciso, e vou por aí abaixo, ainda que possa arrepender-me e volte para trás e me meta num avião e opte por ir para longe. Há tantos sítios aonde me apetece ir... E, no entanto, não me movo.
12 agosto 2004
Atípico
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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5 comentários:
Está a esquecer-se que lhe escrevi uma carta fechada...
Se resolver vir "por aí abaixo", desculpo-lhe a falta de imaginação, pois quem sabe nos cruzaremos por aí...
há dias que são apenas um interregno.mesmo quando o telefone toca.
bem, suponho que interregnos tenham fim . sempre têm.
Volte a ver o correio, Carteiro... Quem tanto dá também merece receber.
E por hoje chega, estas Incursões nocturnas fazem-me acordar cada vez mais tarde. Bj para a Eugênia.
PS - a Eugênia fez-me lembrar poesia. Anda a fazer falta ao Incursões
;-) Merci , Kamikaze.
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