09 agosto 2004

Não sei

Não sei se eras tu,
mas parecias,
era o cheiro habitual,
o teu toque divinal
e a forma como rias.

Não sei se eras tu,
mas eu queria,
o teu abraço apertado,
ainda que magoado
por ondas de picardia.

Não sei se eras tu,
se sonhava,
um sonho entorpecido
num horizonte perdido,
numa partícula de nada.

Não sei se eras tu,
se ainda existes,
ou se és apenas engano
de um espírito insano,
cansado de sonos tristes.

Não sei se eras tu,
ou se era a ilusão
de um coração que não ouve,
onde a verdade não coube
quando falou a razão.

Não, não eras tu,
tu és dôr,
és apenas um risco tosco
com que eu fiz o esboço
de um poema de amor.


(também não sei se este Anónimo - séc. XXI - já passou por aqui)

5 comentários:

Zu disse...

Estes poetas anónimos que te trazem versos têm sempre isto em comum: escrevem coisas bonitas, mas tristes. Não haverá nenhum que faça poemas optimistas?

Silvia Chueire disse...

É como dizia a minha prima que morava no interior, desde a sua simplicidade :" não faça nada de mal a um poeta, quando eles ficam bravos, é fogo". : )
Esse anônimo não tinha passado por aqui ainda.

Zu disse...

Ó carteiro com vocação de camionista, pega lá um beijinho, que eu vou é dormir. Sem dormir ninguém pode ser optimista, nem um poeta, nem uma simples mortal que trabalhou até esta hora ;-).

Silvia Chueire disse...

Sr. Carteiro.
Bons poemas são bons, sejam alegres ou tristes, pessimistas ou otimistas.

Silvia Chueire disse...

Ah sim, não se mude. : )