10 agosto 2004

Pessimista

Eu sei que sou o pessimista de serviço, capaz de deprimir mesmo o mais optimista quando ando mal com o mundo. Mas quando olho para os jornais e vejo as imagens da TV e leio o que se vai dizendo nos blogs, sinto que este país caminha inapelavelmente para o abismo. Já ninguém acredita em nada nem em ninguém. Presumo que o resultado das sondagens que se vêem por aí são o resultado da militância de um e de outro lado. Há pessoas para quem está sempre tudo bem e pessoas para quem está sempre tudo mal, dependendo de quem está no Governo e é amigo. Pessimista? Pois. Mas, façam um esforço e - honestamente - digam lá em que se pode confiar neste país...

3 comentários:

Zu disse...

Eu dou comigo a pensar que o pais precisa de uma grande barrela. Metiam-se todos os políticos na máquina de lavar, a ver se não só saía a lama de que estão sujos, como ficavam de ideias lavadas, arejadas, frescas. Mas isto deve ser das horas mais que impróprias para sequer estar a pensar.

Manuel disse...

pergunta errada. O c(h)erne da questão não é em quem se pode confiar, é muito anterior a isso.

É acordar no que está mal, no que é preciso fazer e como, por que ordem. A questão da confiança resolve-se facilmente com mais transparência e "accountabillity".

Kamikaze (L.P.) disse...

"reality shock" ou "reality check"...(in GLQL)Alguns dos nossos leitores andam descontentes, tem saúdades do tempo em que as coisas eram claras, axiomáticas, inequivocas e transparentes, eu não me lembro desse tempo, duvido aliás que alguma vez tenha existido.

Quem vem aqui à procura de respostas simples, fast-food, verdades absolutas e incortonáveis que se desengane porque não enc0ntrará disso por aqui. E não encontra porque não as temos, porque elas não existem. Faremos sempre mais perguntas que respostas, teremos sempre mais dúvidas que certezas, porque sabemos que o mundo e a realidade são complexos e multifacetados.
Nós não fugimos à realidade, não a pintamos a preto e branco, não a simplificamos ou estetizamos porque mesmo quando esta não é a cores há muitos niveis de cinzento, e sobretudo não a escondemos. Ela existe, está aí, goste-se ou não. No antigamente não havia nem droga nem prostituição muito menos corrupção, o Ballet Rose mal aconteceu, não se falava logo não existia. Não acreditamos em pactos de regime ou em grandes blocos centrais que definam o que é e o que não é...
Não se trata de pessimismo nem de derrotismo, só se pode consertar o que se sabe que está mal, só se é credível dizendo ironicamente aquilo que as pessoas se calhar não querem e não gostam de ouvir...
Aqui falamos, projectamos sombras numa parede virtual, sombras de um mundo que existe. Não é por não se falar nela que a intriga não existe, não é por não se falar no mal que este desaparece magicamente. Não acreditamos que o mundo seja um conto de fadas e não o pintamos como tal, porque o mundo não o é.
(...)