08 setembro 2004

Bárbara nesse dia

Bárbara nesse dia
Os cabelos loiros
Uma camisola cor-de-rosa
O olhar que fingia
Ou será que sabia?...
Que o amanhã nos desfaz
E sem palavras
E sem ondas
E sem nomes
Bárbara nesse dia
O cheiro de primavera
Sorria
Na paisagem que não nos traz
E sem perigo
E sem morte
E vendendo a sorte
Numa lágrima sem sabor
E o tempo nenhum
Para o tacto que se fez dor
O desejo que se mutila
Para o que tínhamos para nos dar
Nessa estrada
Nessa pradaria
Bárbara nesse dia
Espraiando o orgulho
Na distância incerta de amar.

André SimõesTorres
07/10/2003

3 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Que belíssimo poema! Como lamento, compadre, que o André não tenha podido continuar a trilhar a distância incerta...
Um abraço para si, com votos que lhe apeteça voltar a fazer-nos mais assídua companhia.

Primo de Amarante disse...

Obrigado, querida Amiga. A minha irmã tudo fez para ter um André. Tinha um problema de saúde que a levava a abortar e chegou a abortar durante uma aula. Fez tratamento durante alguns anos e o André nasceu. Era o único rapaz da família. Foi sempre um óptimo aluno e parecia ser feliz. Deixou o curso de medicina, porque não gostava de ver sangue. Apaixonou-se por um colega e viveu essa paixão de forma obsessiva. Atirou-se da ponte D. Henrique, escondendo sempre a seu sofrimeno.O Pai tinha uma óptima relação com ele e telefonou-lhe cinco minutos antes do desenlace.E até nesse momento nada deu a entender. Diz-se que tinha uma depressão sorridente. E dizem que isso é próprio dos adolescentes generosos, que, por não quererem fazer sofre os outros com o seu próprio sofrimento, escondem a sua dor. Para nós foi um desgosto irremediável. Era parecido com o Guevara.

Primo de Amarante disse...

Obrigado L.C. Reli e não reparei. Era uma colega com um percurso semelhante. Coitada, ficou profundamente abalada. Tinha-lhe enviado uma mensagem, mas chegou tarde demias.