Por ISABEL BRAGA, no Público
Quarta-feira, 13 de Outubro de 2004
As preocupações com a descoordenação da política de investigação criminal dominaram ontem a reunião entre o ministro da Justiça, Aguiar Branco, e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), o primeiro de uma série de encontros entre o titular da pasta da justiça e os operadores judiciários, no âmbito do anunciado pacto de regime para a área da justiça.
A informação foi dada ao PÚBLICO por Plácido Conde Fernandes, secretário-geral do SMMP, que explicou que o ministro foi alertado para o "crescente desaproveitamento" das polícias" encarregadas da investigação criminal: a Polícia Judiciária (PJ) para os crimes de maior gravidade, e a PSP e GNR para os de média gravidade.
"Isto não se resolve só pela mudança de leis. Falta uma carreira de investigação criminal na PSP e na GNR, que também já investigam criminalidade importante e não receberam reforços. Um elemento da PSP que esteja a investigar uma onda de assaltos violentos pode ser destacado para fazer segurança num estádio", afirmou o secretário-geral do SMMP.
Plácio Fernandes sublinhou: "Faltam polícias, mas não é só na PJ. Tem que haver um entendimento entre o Ministério da Justiça e o Ministério da Administração Interna [que tutela a PSP], para uma visão global da situação. Enquanto subsistir um tão elevado número de processos a cargo de cada magistrado e de cada polícia, o trabalho de equipa não pode acontecer".
Ao ministro Aguiar Branco - que ouviu mais do que falou, segundo o representante do SMMP - foi ainda proposto um maior controle da investigação criminal por parte do Ministério Público (MP).
"Rejeitámos frontalmente qualquer ingerência no quadro actual da autonomia do MP. Na nossa leitura, a Constituição diz que o MP é autónomo. E relembrámos o Congresso da Justiça [em Dezembro de 2003], em que foi consensual a ideia de que essa autonomia é um dos pilares do Estado democrático", frisou a mesma fonte.
À margem do pacto da justiça, o ministro comprometeu-se a concretizar, "com rectificações", medidas herdadas da sua antecessora, Celeste Cardona, no âmbito das escutas telefónicas, da prisão preventiva e das denúncias anónimas. "Basicamente, vai haver maior controlo judicial das escutas. Haverá redução dos prazos da prisão preventiva e mudanças a nível das formalidades e das garantias de defesa. As denúncias anónimas serão disciplinadas", afirmou Plácido Conde Fernandes, que elogiou a anterior titular da pasta por, "num contexto difícil", ter feito "um trabalho profícuo de busca de consensos". Ainda esta semana, respectivamente na quinta e sexta-feira, o ministro da Justiça irá receber a Associação Sindical dos Juizes e a Ordem dos Advogados.
10 comentários:
ELOGIO A CELESTE CARDONA!!!!HUM....
É preciso complementar esta notícia com a do DN. Estiveram presentes os três mosqueteiros e o d`artagnan, a saber: mosqueteiro felgueiras, mosqueteiro cândida, mosqueteiro plácido, e d`artagnan cluny. Desembainharam os floretes em defesa da autonomia, não se sabe se a mando do Cardeal Richelieu. Se assim foi, andam a reiventar a história. Deveriam, segundo esta, estar ao lado do Rei. Mas em final de reinado...
Preocupem-se é com o "desaproveitamento" dos magistrados.
D`Artagnan Cluny já anda a mando do Cardeal Richelieu: as voltas que o mundo dá...
Esta malta "anónima" do MP (?) anda cada vez pior... Agora difamam a memória do Alexandre Dumas...
Teodolito, Onde estás Teodolito, quando és preciso ?!
Está-se mesmo a ver não é? Novo Ministro, novas idéias, consequentemente nova legislação (fórmula usualmente utilizada para marcar um mandato e não caia no esquecimento). Mas serão realmente profícuas tais medidas? Porque não darão (estes paraquedistas) ouvidos a quem se debate diariamente com as dificuldades inerentes à investigação criminal? Se faltam homens, venham homens!!! Provavelmente, muito se resolveria com a perfeita gestão de recursos humanos, que conjugada com uma formação adequada e devidamente enquadrada prescinderia obviamente de constantes alterações à lei e tomada de medidas que nada têm de prático. Chamaram-lhes mosqueteiros? Pois eu não aprecio o Dumas mas tenho sempre presente o fantástico da minha infância debruçado sobre os livros do astérix: a mosqueteira Cândida (o bardo -Assurancetourix - os gostos pela sua música divergem mas de uma forma geral quando está calado é considerado um bom companheiro); o mosqueteiro plácido (o próprio astérix - necessita da poção mas sempre predisposto a lutar sendo ponderado na atitude e decisão); o mosqueteiro Felgueiras (o chefe da tribo Abraracourcix - bravo guerreiro mas sempre com medo que amanhã o céu lhe caia em cima!!! Para afugentar o medo defende que o amanhã talvez nunca chegue); o D'Artagnan Cluny (sem muitos comentários - Obélix - caiu no caldeirão ainda pequenito).
Tem cuidado Júlio César....
Estes homens são mesmo uns heróis!!! Como engenheiro, e por isso leigo nestas matérias, somente posso dar a minha opinião apoiada na breve leitura de vários artigos dos media escritos e alguns debates telivisivos que sigo com atenção. Os nossos políticos continuam a querer misturar a política com a justiça. Tenham vergonha meus senhores!!!! Agora querem criar uma polícia fiscal? Porque será? Querem concerteza o poder de controlar e decidir quem deve ser fiscalizado!!! Claro!!! A carreira política é efémera e dá sempre jeito um emprego na admnistração de uma qualquer empresa "poupada".
Os magistrados têm vindo a desempenhar de forma exemplar, quantas vezes "contra a maré", as suas funções. A Justiça, por força destes heróis, funciona, e vejam que quando parece que assim não acontece, mas vejam mesmo bem... lá está a interferência de um bracinho político.
Eles já são mosqueteiros, até heróis de BD, mas sobretudo homens de grande valor. Os políticos vêm e vâo. Eles dão a cara pelo estado, pondo mesmo em risco as suas vidas e ficam!
Ah! Tenho seguido com interesse as intervenções telivisivas de um deles e gostaria de expressar os meus parabéns pela forma simples e sintética com que expresa as suas opiniões. Vai longe este Astérix...
Anda acordado este engenheiro!!! Partilho inteiramente a sua opinião e expresso igualmente os meus parabéns ao herói Astérix. Fico confuso quando se duvida da decisão de um qualquer magistrado quando sabemos que essa decisão será analisada por tantos outros!!! Mas será que todos têm razão menos os magistrados que têm todos os dados do processo à sua frente!!! Isto acerca de algumas prisões preventivas efectuadas há já algum tempo a ilustres figuras do nosso panorama social. Todos se viraram contra os magistrados o que é certo é que alguns ainda se encontram inibidos de liberdade. Deixem os homens trabalhar...
E não há uma palavrinha de apreço ao nosso "grande Obélix"? Diz quem sabe que é homem para dar com um menir no ministro. Valha-nos Deus...
Parece que o grande Obelix está de volta!! Depois de ter dado com um menir ao Ministro, foi visto em conversa muito suspeita... Estão cada vez mais irredutíveis estes gauleses do MP!!! Será política... criminal?!!
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