06 janeiro 2005

Lei dos Escuteiros

Lei do Escuta
1º A Honra do Escuta inspira confiança.
2º O Escuta é Leal.
3º O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa acção.
4º O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.
5º O Escuta é delicado e respeitador.
6º O Escuta protege as plantas e os animais.
7º O Escuta é obediente.
8º O Escuta tem sempre boa disposição de espírito.
9º O Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.
10º O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas acções.
Princípios
1º O Escuta orgulha-se da sua Fé e por ela orienta toda a sua vida.
2º O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão.
3º O dever do Escuta começa em casa.
Promessa
Prometo, pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por:
- Cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria;
- Auxiliar o meu semelhante em todas as circunstâncias;
- Obedecer à Lei do Escuta.

18 comentários:

Primo de Amarante disse...

Caro escuteiro: que Deus lhe perdoe. Só os samaritanos entrarão nos reinos de Deus e isso está nos livros sagrados. É que eles nunca precisaram de invocar a lei, os princípios ou fazer promessas ou jurar fidelidade ou lealdade nem de fazer com que a velhinha atravesse a rua para fazerem uma boaa acção, como necessitam os bons escuteiros. Simplesmente souberam estar junto ao poço de Jacob.
E que poço mais profundo de Jacob não será este mundo, onde as facadas (não só matrimoniais) são constantes?!..

Diga "Vade retro satanás. Seja, bom escuteiro, sendo simplesmente samaritano; e, com uma guitarra cante, por exemplo, junto á igreja dos Congregados:

"Samaritana, plebeia de Sicó
alguém espreitando,
te viu Jesus beijar..."

A sua fé será, então, salva.

Mocho Atento disse...

A Lei do Escuta é universal e igual para todos os escuteiros, qualquer que seja a sua religião, cristãos, muçulmanos, budistas, hinduístas, animistas, politeístas, monoteístas, ...

Escuta ou escuteiro é o explorador, que segue pistas, abre caminhos, descobre novas paisagens e horizontes.

Primo de Amarante disse...

Caro escuteiro: Todas as religiões querem a salvação da alma humana. E foi nesse sentido que lhe recomendei a Samaritana, a minha referência religiosa universal. Ela, Samaritana, mulher linda (e experiente), não obedeceu à lei, não se sujeitou a princípios, não fez promessas. Fez aquilo que mais tarde Santo Agostinho aconselhava aos cristão: "ama e faz o que quiseres". E sabe que Santo Agostinho sabia do que estava a falar: amou as mulheres mais bonitas do seu tempo e só foi Santo por ter sido um grande pecador. Não me parece que se possa salvar a alma, começando pelo fim da linha: seguir a lei, submeter-se a princípios e abarrotar de boas acções. Para chegar a Santo é preciso começar pelo principio: ser pecador.Diria mesmo que o imperativo categórico da santidade é: «peca para te arrependeres». E é aqui que a lei do escuta é imprudente. Começa pelo fim. Deveria iniciar o candidato à salvação da alma pelo pecado(naturalmente, sem exagerar!).
É esta uma das razões que sempre me levou a não ser escuta. Nunca quiz o fim da linha. E, como vê, ainda estou no princípio.

Primo de Amarante disse...

Temos interpretações diferentes sobre "As Confissões" de Santo Agostinho. Saber, como ele disse, que "a maldade é o perverso movimento de uma vontade" só pode acontecer depois de o reconhecer no mundo da vida.
Repare que a educação para os valores não vem da fidelidade a normas, mas da abertura a referências que nos ajudem a saber avaliar as consequências privisíveis das nossas acções na dignificação (ou não) do ser humano. O valor é uma medida flexível, porque tem de ter em conta contextos e situações. Só reconhece a "irracionalidade do mundo" quem não aplica valores de forma cega ou dogmática. A tolerância tem nesta questão o seu núcleo fundamental. E, por exemplo, nos casos dilemáticos para nada nos serve o espirito da obediência: torna-se necessário estar aberto à transgressão. O soldado que só cumpre ordens, não está preparado para resistir às más ordens, como, por exemplo, "matar (numa guerra)os civis inocentes". O diplomata português que salvou imensos judeus, não o teria feito se fosse obediente às ordens e leal ao Salazar.O melhor é não querermos ser santos nem diabos, mas apenas humanos.

Mocho Atento disse...

O Escutismo é Educação para Valores.

Para muitos filósofos dos tempos modernos, nihilistas, valores como honra, lealdade, fraternidade, serviço, respeito pelos outros, ambiente, responsabilidade e participação são meras questões de contingência cultural sem qualquer relevância.

E invocam o humano por tudo e por nada. Mas o que é o Homem ? O que é humano ?

A resposta a essa pergunta é que é fundamental. Não basta dizer que as respostas dos outros são situadas no tempo e no espaço. É preciso é dar respostas !

Primo de Amarante disse...

Caro Mocho Atento: não vale a pena tanto cruzadismo para endireitar o mundo.Precisamos na vida de alguma descompressão para gozar o direito ao sorriso. Nenhum de nós tem a "verdade" e penso que nenhum de nós é nihilista, nem relativista primário.
É incontroverso que o homem formou de si próprio conceitos muito diferentes na própria história da humanidade e na própria história das religiões. O homem ainda é hoje algo de misterioso, por tão paradoxal ser (cheio de mesquinhezas e de grandezas), não estando fechado o seu conceito. Não podemos continuar a cair no etnocentrismo que leva a julgar que quem não tem as nossas crenças é bárbaro,depois judeu e agora nihilista. Aliàs, o nihilismo, como sabe, foi a reacção à arrogância hegemónica do monismo cultural(ver a metáfora do rebanho no "Assim falava Zaratrusta"). E foi em nome da "superioridade moral" que se fizeram os maiores crimes da história.Também ser contra a filosofia ou os intelectuais já não colhe: não há acção sem finalidades orientadas por ideias (tarefa fundamental do filósofo é produzi-las e todo o homem é filósofo). Pecisamos de ideais, de produzir cada vez mais ideias (mesmo que sejam, numa primeira fase, disparates) e é na refutação ou corroboração das mesmas que as melhores se tornarão relevantes, fazendo-nos progredir e fazendo progredir o mundo.
O nosso relativismo apoia-se na consciência dos limites que a ciência, as crenças e a vida nos impõe e, consequentemente, na necessidade de complementariedade pela aceitação da diversidade. A vida não se "pinta" a branco e preto, mas de muitas cores. O homem não é feito para as normas ou para as regras, mas as regras e as normas para o homem e, por isso, a transgressão pode ser uma postura de grande elevação moral.A vida não é uma parada militar e a norma não é a "ordem unida". Nada é absoluto e, sendo assim, em vez do confronto acusatório será mais humano partilhar,mesmo com ironia, diferentes concepções da vida e do mundo. É preciso fazer sintonizar o plano intelectual com o valor natural da biodiversidade. E para que não tivesse dúvidas sobre este intento, dediquei-lhe o post do pequeno texto de Victoria Camps, com o qual me identifico. Agora, não me diga que Victoria Camps é nihilista ou relativista!!!...

Mocho Atento disse...

Conclusão; continuamos na mesma !!!

Os filósofos não têm respostas.
Os filósofos não têm propostas.

Em primeiro lugar, se bem repararam, um dos valores fundamentais que afirmei foi o do respeito pelos outros. E por isso não rotulo os outros como "maus", nem lhes dou nomes. Quando refiro nihilistas é porque o são, pois "nihil" têm para dizer ou propôr.

Não tenho pretensões de ter a verdade, nem de que os outros a não possuem.
Não confundo valores com a sua expressão concreta em cada época. A evolução do homem é uma realidade. A evolução do pensamento é fundamental. O que não é correcto é defender a barbárie, o primitivismo, a ausência de regras, a ausência de valores, a ausência de perspectivas de vida.

Tenho para mim que é meu dever deixar o mundo melhor do que o encontrei. e na medida do possível faço por isso, seja na Igreja, no Escutismo, no Rotary, no Partido, no Centro Social, no ATL, onde quer que esteja. E por isso farei sempre cruzada pelos valores que permitam a afirmação da humanidade e do futuro do homem, livre e responsável.

De qualquer modo, sempre deixaria expresso qye sempre detestei Nietzsche. Quando o estudei ( e ainda sou do tempo em que se estudavam os filósofos ), lembro-me de ter deixado expresso, no pequeno texto que preparei para a aula, de que aquele filósofo nada representava, a não ser o triunfo da estupidez e da bárbarie. Aliás, o homem foi feliz ? Parece que não ... Sabia o que dizia ? Parece que não ... Tudo o que afirma num ponto da sua obra desdiz noutro lugar da sua produção literária ! A sua crítica da religião é perfeitamente datada no tempo, nada tem a ver com a realidade actual.Tinha alguma proposta ? Parece que não ... Aliás, fica famoso por ter sido invocado como precursor do nazismo, embora haja quem diga que a sua opinião sobre os nazis é de que se trataria de excessos próprios de pequenos burgueses. E no entanto fascina todos os filósofos que conheço ...

Mas deixemos esses filósofos! O que interessa são os homens de hoje e o futuro que pretendemos construir... Porque não nos devemos esquecer de que o futuro é hoje!

Mocho Atento disse...

Caro Comprade, para ser salvo, não é necessário pecar. A salvação vem de Deus; o pecado vem do homem. A natureza humana tem tendência a afastar-se do caminho do bem (esse é o pecado original). No entanto, em Deus, o homem tem salvação, isto é, aprsenta-nos um caminho que nos conduz ao Bem, à Verdade e à Liberdade. E essa é a plenitude da realização do Homem. Salvação é a felicidade do homem. A salvação não se obtem depois da morte. A salvação constroi-se na vida, com a graça de Deus !!!

Mocho Atento disse...

Li o texto de Victoria Camps. Em que é é que contradiz o que eu afirmei ?

Primo de Amarante disse...

Caro Mocho Atento: há alguma confusão neste debate. É o que se chama um conflito de interpretação. Mas também há muitos preconceitos. Para sua informação, continua-se, hoje, a estudar as obras dos filósofos no 12º ano. Os filósofos, como Nietzsche, devem ser contextualizados, mas não para ficarmos numa leitura datada. O que importa num filósofo é o que na sua obra significa uma interpretação do homem e do mundo. Há, por exemplo, em torno da figura de Cristo uma filosofia de vida, porque o que ele disse (segundo os apóstolos) e no que dele sabemos ainda hoje nos ajuda a compreender o mundo, a vida e o homem. Eu só quis, a brincar, contestar a lei escuta. E expliquei porquê. Mas, muito embora existam juízos de valor individuais e colectivos diferentes, é também certo que existiram sempre valores semelhantes em diferentes pessoas, diversas culturas e distintas épocas. Sempre que a humanidade, em todas as culturas e em todas as épocas, aspirou à “justiça” e ao “bem”, isso significou que há valores universais, mesmo que sejam formulados de diferentes maneiras.
Agora a fdelidade, a ordem,o orgulho da fé (mas ela não é um dom?!) a Pátria, etc, como valores absolutos eu discordo pelas razões que aduzi em anterior comentário. E penso que uma educação para os valores tem de começar por integrar os valores num modo de ver o homem, a vida e o mundo. E, para mim, esse modo de ver tem de sublinhar prioritariamente a dignidade do homem, como o princípio e o fim de todas as coisas. A "lei escuta" deveria começar por dizer isso. Não sou tão adeverso a organizações de tipo miltar (como os escuteiros), como o meu amigo a Nietzsche (que só por preconceito se pode dizer que tem a ver com o Nazismo. Não se deve cometer o mesmo erro daqueles que associam os ensinamentos de Jesus Cristo à inquisição). A Lei do Escuta deveria começar por introduzir um preâmbulo sobre a importância do respeito pela dignidade humana, porque isso é o fundamental numa lei que é feita para o homem (e não o homem para a lei). Foi isso o que procurei dizer.
Ainda bem que não é nihilista. Eu também não, como se depreende. Mas olhe que nihilismo, para Nietzsche, tem a ver com a transmutação dos valores e não com o nada!

Mocho Atento disse...

Não é preciso ter fé para ser salvo. Todos os homens são filhos de Deus. A salvação vem de Deus e é oferecida toda a humanidade.

Não é o facto de pertencer ou não pertencer a uma religião ou igreja que nos salva ou deixa de salvar.

Mocho Atento disse...

Caro Compadre Esteves,

Afinal, estamos de acordo no essencial.

Quanto à Lei dso Escuteiros, não temos dúvidas.

As suas reticências têm a ver com os princípios dos Escuteiros. Ora, a afirmação do orgulho da própria Fé, e da sua orientação na vida, significa que cada um deve ter orgulho da sua própria identidade e ser coerente. Mas não esqueçamos de que a Lei do Escuta impõe a fraternidade com todos e o respeito e delicadeza. O que se pretende é que cada homem seja cidadão.

Mocho Atento disse...

Esqueci-me de referir que os Escuteiros não são uma organização de tipo militar. Quando quiserem, posso organizar uma visita para se ver como funciona um Grupo. No escutismo, todo o sistema é de auto-educação em pequeno grupo. Dentro de cada grupo cada um tem uma função a cumprir. Todas as tarefas e decisões são partilhadas e assumidas pelo bando, patrulha ou equipa (assim se designam os pequenos grupos). O Chefe não manda, propõe!...

Tinha piada ver um exército a funcionar deste modo !

Primo de Amarante disse...

Caro Mocho Atento: ainda bem que estamos de acordo em muitas coisas. A propósito de Santo Agostinho, sabe que este filósofo trouxe uma ideia genial para o nosso tempo. Nas "Confissões" (Você precisa de as ler, como também precisa de ler o Nietzsche!)afirma mais ou menos o seguinte: a consciência dividida entre o puro dever e o fazer impuro, deve reconciliar-se consigo própria, pelo reconhecimento dos erros. É o reconhecimento dos erros que redime a acção das nossas imperfeições.
Já reparou como esta questão é actual: em vez do "espírito escuta" de "salvar a alma" pela obediência a normas ou princípios, o fundamental é avaliar as consequências previsíveis da nossa acção para evitar erros que sejam prejudiciais aos outros, à vida ou a esta "aldeia global" que queremos deixar aos nossos filhos em condições de a poderem habitar, sem andar aos emporrões..
Viva o santo Agostinha!
E, agora, vou trabalhar (noutra matéria, naturalmente)

Primo de Amarante disse...

Caro Mocho Atento: Ainda ando com a “lei escuta” nos ouvidos. E farto de escutar, deixe-me confessar-lhe a conversa que tive comigo mesmo. Disse: “olha, compadre Esteves, tu és um futrica: vestes mal e faltam-te boas maneiras. Por que não te fazes escuteiro? Um escuteiro é como um cavaleiro medieval, a sua lei é muito parecida com a do cavaleiro medieval. E até os seus calções, as suas meias altas e chapéu fazem lembrar a indumentária dos torneios. Se fosses cavaleiro eras equiparado a um nobre. E ouve o apelo deste ideal: «tu, que queres alcançar a ordem de cavaleiro, deves levar uma nova vida, deves persistir devotamente na oração, fugir do pecado, da soberba e da vileza; deves defender a Igreja e socorrer as viúvas e os órfãos; deves ser valente e proteger o povo; deves ser leal e corajoso e não querer nada de ninguém: assim se deve comportar um cavaleiro». Tudo deveres elevados e muito semelhantes à lei escuta”.
E depois e ter assim desabafado pensei: o «modelo ideal» de cavaleiro já foi substituído pelo modelo de «cortesão» e, depois, pelo do «gentleman». E, mais próximo de nós pelo modelo «burguês». O «bom burguês» desenvolve as virtudes económicas da poupança e do trabalho, é geralmente ganancioso, rico e individualista. Será que o regresso ao ideal de cavaleiro, que se deu pelo espírito escuta, é uma reacção ao pequeno burguês?!... Não lhe parece que neste mundo muito libertariamente libidinoso, precisa-se mais de “cortesãos” ou de “gentlemen” que de cavaleiros?!... No bom sentido, claro!
Bem, como sou futrica, não tenho pedalada para incorporar esse ideal, mas sinto que se houvesse escutas do tipo “gentleman” eu ainda pensaria no caso. Agora “cavaleiros” de calções e com este frio!...
Perdoe-me esta fraqueza.
Na próxima vou responder ao Agostinho.

Primo de Amarante disse...

Camarada Agostinho: deixe-me tratá-lo assim. Como sabe, camarada signidica aquele que come à mesma mesa e nenhuma referição é mais elevada do que este "agape" espiritual que estamos a ter.
Eu sou um agnóstico desconfiado. Penso que depois de Heisemberg não há ciencia para negar Deus nem para o afirmar. Fico naquela postura do que "só sabe (sobre esta matéria) que nada sabe", mas desconfia perante a fragilidade do homem, da vida e da natureza, como os acontecimentos recenteso demonstram, que pode haver algum poder sobrenatural, configurado num Espírito ou num Deus.
Não percebi, por que abandonou o Santo Agostinho. É que ele é mais persuasivo que S.Paulo. Santo Agostinho defende uma interacção entre a razão e a fé. E tem um conceito de fé que é mais filosófico que teológico. Diz que a fé não se limita ao domínio religioso, pois é uma crença que se harmoniza com a crença, p.ex., de ter nascido em tal momento e em tal lugar. Com esta conotação de crença ainda podemos esperar que a razão colabora com a fé. Com a noção de fé de S.Paulo nada temos a fazer, senão esperar ou desesperar. Talvez, por isso, os protestantes não se afastassem de Santo Agostinho. Santo Agostinho humanizou a Igreja pela importãncia que deu à subjectividade humana e o Camarada sabe quais foram as consequências de uma Igreja fechada num dognatismo intolerante.
Eu, em alturas dificeis, gosto de ler a Biblia. A concepção que tenho de S. Paulo não é bem a que o camarada está a dar, mas não tenho a sua fé; apenas me aproximo de Santo Agostinho.

Primo de Amarante disse...

Bonito, Agostinho. Também já li, mas há muito tempo, o livro sobre "Paulo" de Teixeira de Pascoais,filósofo, poeta e ensaista que o meu avô conhecia e de quem era amigo. Repare que tenho raízes junto a Amarante, nas fraldas do Marão. Um abraço para si e espero que vá ao debate sobre as prisões, anunciado num post.

Iris Restolho disse...

«Esqueci-me de referir que os Escuteiros não são uma organização de tipo militar.»

Estava a concordar com tudo o que dizias até dizeres isto.

Concordo com todos os teus argumentos, até porque fui escuta e uma vez escuta, escuta para sempre e guio todos os princíios da minha vida sobre as leis que inteorizei, compreendi e ESCOLHI (o ser humano apenas segue porque assim o deseja, pois é livre), mas não posso concordar com a afirmação que transcrevi.

Os escuteiros são, quer se queira, quer não se queira (e eu quero)uma instituição para-militar e com muito orgulho na tradição de Robert Stephenson Smyth Baden-Powell. É exactamente esse regime militarista que nos ensina os limites, o respeito para com os outros e as autoridades, mas que no seu regime de educacional, que nos permite, através da metodologia do ensino como seres humanos, a escolher sempre o caminho do bem, o caminho do que é mais correcto, mesmo que isso seja desrespeitar uma ordem directa de um superior.

Nos escuteiros temos muitos procedimentos, como as ordens unidas, hastear de bandeiras, alvoradas, saudações de bandeira e até mesmo a sua estrutura hierarquica, para além das insígnias e de todo o comportamento aprendido e repetido centenas de vezes durante as cerimónias oficias que são algumas dessas tradições militares que muito me ajudaram a ser um ser humano mais saudável e sempre pronto a enfrentar qualquer desafio que me seja colocado, com um sorriso nos lábios.

Negar ao escutismo a sua inspiração militar, é negar tudo aquilo que aprendemos enquanto escuteiros.

Sei que existem diversos agrupamentos que depois do 25 de Abril e para que que o escutismo não fosse confundido com anteriores movimentos governamentais que nos deixam más recordações, se esqueceram ou quiseram camuflar esta vertente, mas no meu agrupamento, sempre foi algo patente, presente e apreciado.

Mas isto é apenas algo com o qual discordo, o resto está tudo bem. O Mundo precissa de oredem e valores e cada vez mais.