No passado Sábado, assisti à primeira sessão do Fórum Novas Fronteiras, iniciativa do PS aberta a independentes e destinada a debater questões estratégicas para o futuro do país e a receber contributos de fora do partido neste período pré-eleitoral. Discutiu-se nesse dia o papel de Portugal na Europa e no mundo e estavam presentes os principais dirigentes do PS, o ex-primeiro-ministro dinamarquês Poul Rasmussen e um número significativo de personalidades independentes, na sua esmagadora maioria da área do Porto, local onde decorreu a reunião.
Pela adesão, poder-se-ia concluir que havia no ar um certo “cheiro a poder”, próprio de quem antecipa uma vitória eleitoral e a formação de um novo governo. Houve, contudo, dois assuntos que foram referidos nessa sessão e que, em meu entender, são merecedores de atenção com vista ao futuro. Por um lado, ficou claro que o PS, em caso de vitória sem maioria, não pode contar com os partidos à sua esquerda para os grandes consensos europeus (tratado constitucional, aprofundamento e reforma da UE, reforço da componente de defesa da UE, etc.). Por outro lado, percebeu-se que ainda não será desta que os socialistas colocarão no centro do debate político a questão da regionalização/descentralização, talvez por receio de despertar alguns “fantasmas” na sociedade portuguesa.
A este propósito, Alberto Castro, docente da Universidade Católica e um dos palestrantes convidados, evidenciou que a centralização de que padece o país é um jogo de soma negativa: todo o país perde mais do que aquilo que Lisboa ganha com essa centralização. Quando António Costa disse que quem mora do outro lado do IC 19 também é vítima no seu dia-a-dia do centralismo da capital, Alberto Castro respondeu-lhe com graça, convidando-o a vir mais vezes ao Porto para perceber a (falta de) qualidade de vida e as dificuldades sentidas por quem vive e trabalha na Área Metropolitana do Porto.
Rasmussen deixou o exemplo de como a transferência de competências relevantes para as municipalidades contribuiu para o desenvolvimento integrado e bem sucedido da Dinamarca.
10 janeiro 2005
Novas fronteiras, velhos debates
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
Marcadores: JCP (José Carlos Pereira)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário