06 fevereiro 2005

Angústia para as eleições

É fatídico: a esquerda "não PCP", sempre que se aproximam eleições, debate-se, por dentro e por fora, sobre se deve votar no PS ou no Bloco de Esquerda e angustia-se com a dúvida até à hora de colocar a cruz no quadrado respectivo. Acontece, agora, quando a alternativa é Pedro Santana Lopes-Paulo Portas, como sempre aconteceu, mesmo quando havia alternativas sustentadas por pessoas que, independentemente do posicionamento partidário, eram reconhecidamente competentes e capazes de empurrar o país para a frente.
Eu sei que, à direita, também há quem viva o dilema de escolher entre Santana Lopes e Paulo Portas. E que nem sequer equaciona a hipótese de votar à esquerda, mesmo quando admita que, votando à esquerda, estaria a contribuir para melhorar o país.
Qualquer das posições é criticável. Não creio que estejamos em tempo de ser sectários. Estamos em tempo de olhar para o país e querer seguir em frente. Com os melhores. Sejam de esquerda ou de direita. Vivemos num tempo em que é a sobrevivência do país que está em causa - é a nossa sobrevivência que está em causa.
Honestamente - repito - não vejo que Sócrates seja melhor do que Santana. Sócrates tem tiques de intolerância e de crispação que me incomodam, como me incomoda o desnorte inconsequente de Santana. E também não vejo o que podem as figuras do Bloco de Esquerda acrescentar a todos nós... Dizem umas coisas que aparentemente fazem sentido, mas que só podem fazer sentido quando se é, por natureza, anti-poder.
Com a idade que tenho, discuto muitas vezes comigo se sou de esquerda ou de direita. Nunca concluí nada que resolvesse a questão. Sou de esquerda muitas vezes e de direita algumas outras. Depende do que se equaciona. Depende dos protagonistas de cada momento.
Mas há uma coisa que eu sei: não sou faccioso. Já não vivemos no tempo de facciosismos. Não quero regressar ao tempo crispado e violento do pós-25 de Abril.
Ao longo dos tempos, nunca votei igual, votei à esquerda e à direita, em eleições locais, nas legislativas e nas europeias, sempre a pensar no que seria melhor para a autarquia ou no que seria melhor para o país. E sempre na defesa da democracia.
Tal como já aqui disse, sou um potencial abstencionista nas próximas eleições. Tenciono manter-me assim. Só espero que a esquerda não me "obrigue" a ir votar para combater o facciosismo...

3 comentários:

L.P. disse...

Utopia: um governo com os melhores da área do PS e os melhores da área do PSD, sem que isso decorrese de uma qualquer coligação eleitoral nem resultasse de menosprezo pelas ideologias, que não acredito em governos de tecnocratas...

L.P. disse...

Acho que estamos a delirar, ou a sonhar acordados, whatever. Deve estar na hora de irmos dormir... :)

L.P. disse...

Vamos a isso, então! E...bons sonhos! :)