Há comentadores na nossa praça que foram ganhando um estatuto que lhes permite dizerem tudo, sem que isso cause o mínimo impacto na sua credibilidade. Como há aqueles que se evidenciam pela excentricidade e imprevisibilidade das suas posições, animando as páginas de opinião dos jornais sem qualquer preocupação com a coerência ou o sentido de estado que se exigiria a quem já foi governante.
Refiro-me hoje a dois casos: Medina Carreira e António Barreto. Independentemente do seu percurso académico e profissional de inegável valor, são conhecidos do grande público sobretudo pelas análises e comentários que produzem nos órgãos de comunicação social.
Medina Carreira foi do PS, saiu do PS, apoiou Durão Barroso em 2002 e agora diz que não vota nem no PS nem no PSD. Vivendo para sempre do estatuto de ex-ministro das Finanças, função que exerceu durante pouco mais de um ano, interessa-nos particularmente em quem vota Medina Carreira? Há coerência suficiente nas suas posições para que o seu voto seja especialmente valorizado?
Quanto a António Barreto – que foi ministro do PS e depois deputado da AD – disse há poucos dias que vai votar nulo. Que bela lição de comportamento cívico e democrático de um ex-ministro que viu o seu nome enxovalhado pelas paredes deste país nos idos de 76. Foi para chegar aqui, ao voto nulo, que Barreto lutou pela construção de um regime democrático? Mais valia que se dedicasse em exclusivo aos seus estudos de sociologia.
09 fevereiro 2005
Comentadores
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
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1 comentário:
Bem observado, JCP. Aproveito para o felicitar pelos seus posts, em boa hora se juntou ao "albergue".
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