Nada fará pior à democracia do que os jogos baixos, as insinuações, os boatos e o fraseado oco que marcam esta campanha. O mundo privado sobrepôs-se ao público e, por decência, é impossível continuar a ouvir Santana Lopes. Para quem tinha como limite da demagogia e da perversidade Ferreira Torres, sente-se defraudado. Santana Lopes é o inimaginável na representação do falso. Sócrates é o exemplo do político liofilizado. Os jogos de impostura de Paulo Portas são um insulto à inteligência. No seu estilo esquematicamente “explicativo” tudo é vazio. Repete até à exaustão palavras, como “competência”, “valores”, “convicções” e “nós fizemos”, mas ninguém conhece as acções que lhes possam dar crédito. O PCP continua no seu mundo mecanicista. Não compreende que o capitalismo é, hoje, diferente, o emprego tornou-se num privilégio, alterou-se o significado de riqueza, tempo e trabalho e o crescente desemprego vai esgotando os proventos do Estado cobrados quase só no rendimento do trabalho. Esta campanha, com excepção das propostas do BE, é um logro. Nada esclarece sobre como evitar que o Estado se converta num aparelho para a corrupção, o cinismo e a barbárie. Nada propõe para a resolução dos problemas da educação, da saúde, da justiça, da habitação, do desemprego. O Futuro é um “buraco negro” e o presente tornou-se num vómito.
02 fevereiro 2005
Esta campanha provoca vómitos.
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4 comentários:
Os problemas da nossa sociedade estão mais que identificados. Julgo que, fora uma certa direita que não sabe o que diz nem o que quer (porque a redução do Estado redunda no fracasso da sociedade), há consenso nas funções que o Estado deve desempenhar, nas áreas da soberania (defesa nacional, segurança pública e justiça), educação (ensino, formação profissional e desporto), solidariedade (saúde, segurança social e trabalho) e qualidade de vida (ordenamento do território, ambiente). O que não há neste país é liderança, responsabilidade e coerência. Mas, perdoem-me, o Bloco de Esquerda não é nada. O mundo do Bloco de Esquerda seria uma desilusão, como todas as utopias que não tenham uma base real.
A solução é provocar uma profunda reforma do sistema de educação e formação profissional que privilegie os valores da competência, da responsabilidade e da participação. O Ensino não pode ser visto como um sistema de emprego dos professores.
Não vale a pena dizer mal dos políticos. Eles representam quem os elege e quem se abstém de participar nos foruns onde se designam os candidatos a representantes do povo.
A corrupção, a fraude e a mentira são uma indústria nacional, alimentada por muitos (e não apenas por alguns).Ser sério não vende imagem.Parecer sério é que é importante.
A revolução há-de ser cultural, com claros compromissos de quem assuma a liderança. E convinha que houvesse regras. Porque com esta comunicação social autocéfala e pouco inteligente, que só destroi e nada constroi, não vamos a lado nenhum.
Totalmente de acordo quanto aos jogos baixos, às insinuações, aos boatos e à falta de elevação nesta campanha. Agora concluir que a virtude está toda no BE já me parece um exagero. Confesso que não tenho disponibilidade para a "cassete" de Louçã e de Fernando Rosas.
Como já aqui escrevi, julgo que Sócrates está a ser injustamente comparado a Santana Lopes. Foi um bom ministro, fazedor, com ideias, determinado. Está acompanhado pela tralha guterrista? Pois está, mas o seu grande desafio estará precisamente na capacidade que demonstrar para formar uma equipa de governo, atraindo pessoas fora do aparelho do partido.
Queiramos ou não, a liderança de uma alternativa de governo à actual maioria passa exclusivamente pelo PS.
"Virtude toda do BE"?!... Nunca disse isso, nem penso isso. Se pensasse "matriculava-me" já nesse partido. O que disse foi que o BE foi a exepção. Excepção em trazer para o debate questões importantes.E merece, por isso, ser premiado. E, ainda, acredito que fazer aumentar a representação parlamentar do BE pode ser uma maneira de evitar que o PS se "endireite" cada vez mais. Se há um voto útil, no meu entender, ele é no BE.
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