31 março 2005

Adeus tristeza, até depois...

Já dormi. Acordei, em sobressalto, voltei a ligar o computador - coisa demorada... - e estou de regresso. É claro que o que escrevi antes tem a ver com a intermitência do sono, com o clarão de luzes que me atormentam o sono, com esta dureza sempre inacabada, adocicada pelo chilrear dos pássaros, amigos, que saltitam de árvore em árvore, por aqui, numa sinfonia que não se escreve - que eu não escrevo, porque não não sei.

Voltei aqui para dizer que o Incursões, para mim, perdeu todo o sentido. Descaracterizou-se e eu ajudei - foi por bem. A partir do momento em que me convidaram para escrever aqui, tentei sempre que este não fosse um espaço estritamente corporativo, um blog dos problemas do MP. Daí ter sugerido alguns nomes que poderiam enriquecer o debate sobre todas as coisas o mundo, para além dos problemas restritos do MP e até mesmo da justiça. Sei que discutir as coisas do mundo num blog não é muito compatível com o dever de reserva dos magistrados. Do MP. E dos outros.

Fui dos mais resistentes a que o Inc. voltasse à "pureza" original. Barafustei quando LC quis recentrar o blog. Mundividências diferentes ou a consciência de que nunca deveria ter vindo cá. Eu - e outros como eu, os não magistrados - ocupámos aqui espaço indevido. Falámos de política, das nossas coisas, de tudo. E isso não é muito compatível com um blog maioritariamente de pessoas - ilustres pessoas - que vivem para defender a legalidade. Nem que seja a legalidade formal, coisa que agora não vem a propósito.

Foi isso que levou a que se criassem sucedâneos do Inc.. Foi isso que levou a que ilustres figuras - ah, admiráveis figuras! - deixassem de escrever aqui, para se dedicarem aos sucedâneos. Têm razão, claro que têm razão...

Deserto. Deserto. O que não significa que esqueça as boas - tantas! - pessoas que por aqui conheci. Quero continuar a olhá-las. Os outros? Que se lixem os outros!...

Um abraço especial ao LC, ao Compadre e - em primeiro lugar - à Kamikaze. Ao josé também. Ao JCP, à Silvia, ao MCR e a todos os outros com quem privei (com estes continuarei a falar, se me deixarem).

5 comentários:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

E agora? O amigo que me "arrastou" para o Incursões sai, dizendo que os não magistrados estão a mais neste blog, criado a pensar sobretudo nos problemas da justiça.
Se assim for, de facto não faz sentido continuar com as reflexões sobre a vida, a política e a sociedade em que vivemos.

josé disse...

carteiro:

Parafraseando um filósofo espanhol, com a condescendência do Compadre que me perdoará a incursão em domínio diletante, " o homem é ele, mai-la sua circunstância".

Para mim, esta circunstância é separável da essência de cada um, ou seja do carácter e da personalidade ( serão a mesma coisa?!).
Aqui nos blogs, um qualquer josé, como este que se assina, não deve assumir a sua circunstância, mas apenas relevar a personalidade através do que escreve.

Assim, torna-se fácil distinguir a ocupação profissional de cada um, da escrita, mesmo temática, de cada qual.
Por isso mesmo, um josé( ou um outro qualquer, até mesmo um carteiro) sendo pseudónimo, não deveria correr o risco de ficar diminuido na sua liberdade de expressão.
Se deixasse intervir a circunstância, reivindicando-a ou deixando que ela invadisse o espaço do carácter e da personalidade; do estilo ou da reserva de intimidade, perdia-se o pseudónimo e quanto a mim, perdia o interesse na escrita em blog.

Parece confuso?
Então, dito de modo simples: tanto se me dá que quem escreva aqui seja magistrado; advogado; filósofo; escuteiro;professor; jornalista; aluno ou mestre.
Importa-me essencialmente o que sai escrito, as ideias que se passam e o estilo de as passar, mesmo que o registo seja de intimidade.
Importa-me o exercício de inteligência e a capacidade de escrita. O resto são circunstâncias- que até podem interferir, mas nunca de modo sobrelevar o essencial.

Cumprimentos. Não desista.

Primo de Amarante disse...

Compadre José: os meus cumprimentos republicanos e faço minhas as suas palavras. O filósofo que refere é Ortega e Gasset. Estou a ler a biografia deste grande filósofo feita por Javier Zamaro Bonilla. Vale a pena ler!
Permita-me que lhe diga:nunca encontrei nos seus escritos diletantismo ou confusão e também não acho que a filosofia seja diletante ou confusa. Pelo contrário: como diria o filósofo Epitecto "o verdadeiro filósofo nunca deixou que a si mesmo fosse atribuído tal titulo, sempre se preocupou com as coisas simples da vida e sempre se resignou a passar por tolo". Uma das máximas deste filósofo é esta: "Fixa-te na tua própria maneira de ser e não te preocupes com o que os outros pensam de ti".È bonito, não é! Está escrito.. "Manual de Epitecto" - Passagens, VEGA

Helena disse...

A propósito de um interessante blog dos vossos links, deixo-vos esta análise ao mesmo: "http://pauloquerido.net/arquivo/006929.php".

Abraço

Silvia Chueire disse...

Caro carteiro,

Nem sei bem o que dizer. Porque afinal se há uma descaracterização
que afastou ilustres, admiráveis figuras deste blog eu não faço exatamente parte do que o caracterizaria. Li o que escreveram o JCP, o compadre, o LC e de certa forma concordo com eles. Concordasse mais, participaria mais.De modo que, desta forma estranha, o que é o motivo da sua saída, seria motivo para sairmos outros de nós. Será, na sua opinião, que devemos fazer?
Ou é sua vez de rever a posição?Espero que a segunda seja a hipótese mais correta.
Um abraço grande,
Silvia Chueire