29 março 2005

Encontro

Eram aveludadas a voz
e a pele.
Não poderiam ser diferentes
no esplendor do desejo.

E o olhar,
mar de palavras
não ditas,
debruçava-se sobre os corpos
desde o princípio.
Para além deles mirar o gozo.

Era um aroma inesquecível
como devia ser.
Um brilho musicalmente harmônico,
rítmico;
nos dias e noites
em que nada mais sabiam,
além de si mesmos.

E os gestos.
A medida exata dos gestos
a arrancar de um íntimo
que não haviam visitado,
a exclamação encantada
do encontro.

O sabor fresco
da umidade diluída
nos afagos
que jamais fizeram antes.

Perdida realidade
que não pensavam existir.

A todo o momento,
a memória e o ato,
o afeto e o fato,
não os abandonaram.

A verdade do encontro.


Silvia Chueire

4 comentários:

Primo de Amarante disse...

Nada sei das invenções da verdade
No segredo do encontro que procuro
Sem culpa, sem desespero,
Perante uma brisa de sonhos
Que renovam ternuras
E constroem esperanças

Não sei se tudo isto é fantasia
Ou desencontro adivinhado
Ou sereno murmúrio da verdade

Silvia Chueire disse...

Ora, ora, compadre.Com que então um poema... : )
Parabéns e obrigada por trazê-lo a nós.

Quanto a mim, o poema tinha um gigantesco erro que eu não conseguia corrigir. Tenho tido dificuldade em postar comentários e levei mais de meia hora para postar este poema aí. só agora pude corrigi-lo

Abraços e obrigada pela sua leitura.

Silvia

Amélia disse...

Bem...a dificuldade em colcoar comentários levou-me a desistir ontem.Sabes como gosto da tua poesia.Este é um belo poema.E o Compadre respondeu à altura...
Beijos aos dois

Primo de Amarante disse...

A perspicácia da Amélia tocou o meu ego profundamente e o meu astral subiu até longe, muito longe.