05 abril 2005

João Paulo II

O falecimento do Papa João Paulo II foi um momento de dor e de recolhimento que uniu praticamente todo o mundo. A sua figura elevou-se acima das divergências políticas e religiosas. Com a sua acção e o seu testemunho, João Paulo II soube ser merecedor desse reconhecimento global.
Reconheça-se que o Papa teve um papel determinante enquanto defensor do ecumenismo e da paz. Politicamente, contribuiu também para a aproximação entre os povos e para a unificação da Europa. A sua raiz polaca facilitou a abertura do Leste europeu à democracia e ao Mundo.
Já no que diz respeito aos costumes e à moral católica, João Paulo II foi, em meu entender, demasiado conservador. O seu carisma outorgava-lhe a legitimidade necessária para dar um novo impulso à Igreja na entrada para o terceiro milénio. Apesar do seu apego à juventude, João Paulo II não quis renovar os fundamentos da Igreja. Mostrou isso, por exemplo, relativamente ao papel da mulher na Igreja, ao casamento dos padres e às questões da sexualidade. Penso que teria sido possível avançar na abertura da Igreja a novas correntes de pensamento, de modo a garantir uma maior adesão e a reforçar o papel da Igreja Católica perante o advento de novas seitas e religiões.
Se João Paulo II não o fez, com a sua força e determinação, não será certamente nos tempos mais próximos que esses passos serão dados.

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