O ministro de Estado, das Finanças e da Administração Pública, Campos e Cunha, demitiu-se, segundo ele próprio, ou foi demitido, segundo outros.
Quando um ministro deixa de estar solidário com o governo a que pertence (no caso a política de investimento públicos), a sua demissão é sempre esperada. E convém lembrar que o ex-ministro já tinha estado envolvido numa polémica sobre uma reforma que tinha obtido após uma curta passagem pelo Banco de Portugal.
Fernando Teixeira dos Santos (apontado como eventual ministro das finanças já na altura em que Sócrates foi incumbido de formar governo) será o novo ministro das finanças. Foi Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças no tempo de Sousa Franco (1995) e neste momento presidia à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários. Licenciou-se em economia em 1973 na Universidade do Porto e fez o doutoramento em 1985, na universidade da Carolina do Sul. Foi professor universitário, nomeadamente na Universidade Católica do Porto. É considerado, por quem o conhece e nos meios académicos, um profissional competente e rigoroso.
21 julho 2005
Demissão e substituição
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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5 comentários:
Caro compadre, sempre era verdade. Este já lá foi.
Os ministros independentes e com falta de tacto político são sempre uma dor de cabeça para qualquer primeiro-ministro. Campos e Cunha é competente mas terá dado alguns tiros no pé e o artigo no "Público" não veio ajudar o discurso do Governo.
É curioso ver agora responsáveis do PSD, como Marques Mendes e Miguel Frasquilho ontem nas televisões, a desfazerem-se em elogios ao ex-ministro. Que grande lata!
Caro Compadre,
Este post parece uma espécie de profissão de fé, aliás elegante e sóbria.
Mas passa, a m/ ver, ao lado do essencial.
Que a quebra de solidariedade deve ditar a exoneração (solicitada ou provocada) não oferece dúvida.
Resta saber, na perspectiva do n/ futuro colectivo, quem tem razão, ou de que lado estão as boas razões...
Permito-me citar a propósito a posta de hoje do Jumento, opinador insuspeito de desamor ao PS:
"Mas se no que se refere ao aumento dos impostos Luís Cunha poderá ter averbado um erro de política económica, já no que se refere à avaliação dos investimentos públicos ele poderá ter protagonizado o único momento de lucidez nos últimos vinte anos. Mas Sócrates não podia deixar cair a sua promessa de criar 120.000 empregos depois de ter dado o dito por não dito em muitas das suas promessas eleitorais e, por outro lado, o aparelho do PS quer ganhar autarquias nem que para isso tenham que encher as urnas de cimento.
Com eleições autárquicas de três em três anos, legislativas de quatro em quatro e presidenciais de cinco em cinco não há visão de longo prazo que resista, e enquanto os nossos concorrentes apostam no saber, os nossos políticos sobrevivem à custa do cimento armado, não há tempo para pensar no futuro nem faz sentido pensar nesse futuro se o resultado for perder as eleições.".
As razões que estão na génese da demissão de Campos e Cunha são um péssimo indício para o futuro que nos espera, por mais respeitável ou politicamente proficiente que seja o novo Ministro.
Quando um Ministro das Finanças de Guterres, também tido por pouco solidário, se afastou, viu-se no que deu...
Lamento - e creia que lamento sinceramente - não encontrar razões para me associar à confiança que perpassa pelo seu post. Oxalá o Compadre tenha razão e a m/ escassa inclinação para os domínios da Fé me esteja a iludir.
Caro JCP: há hoje na política uma cultura de esquemas. Não se aposta em projectos, mas em esquemas. Não sei se estou a ser claro, mas digo-o com a experiência de "mundo vivido". A politica está armadilhada e o pior é que a gente nova já só conhece a política como uma arte de empurrar para cair nas armadilhas.
Ao Gomes e ao Camarada Anaximandro, de quem já tinha saudades, aquele abraço amigo pelas sábias considerações de amigos (posso assim considerá-los?!)
Caro Compadre,
Mesmo sem o conhecer em pessoa, tem aqui um amigo e admirador (sem nenhumas pretensões a sábio, aliás...). Um abraço do, Gomez.
Amigo Gomes: Nada há em mim que mereça ser admirado. Procuro ser igual a mim mesmo e isso é a minha obrigação. Por vezes sinto-me sozinho e, por isso, sou sensível às amizades (sem as saber muito bem definir. Talvez o amigo seja o que está com o outro sem qualquer interessse). Um abraço, amigo Gomes.
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