17 julho 2005

O PRIMEIRO DIA

Por Vasco Lobo Xavier, no Mar Salgado:

«Hoje é o primeiro dia das férias judiciais de verão, esse período de dois meses que o Ministro da Justiça julga apenas servir para que os magistrados, advogados e funcionários judiciais toquem viola e cocem a barriga. Em boa verdade, para o Ministro ter o que merecia, o que as pessoas que ele ofendeu deviam fazer era mostrar-lhe o que aconteceria se a realidade que ele tutela fosse exactamente como ele a imagina. Se efectivamente não se trabalhasse nas férias judiciais, ao fim de um ano o sistema estaria completamente embarrilado e ao fim de dois estaria de tal forma entupido que o Ministro da Justiça seria corrido e enxotado do governo com o epíteto de pior Ministro da Justiça que alguma vez houve.
Felizmente para o Ministro (e para as pessoas em geral), a maior parte daqueles sobre quem cuspiu tem brio e sentido de responsabilidade e não lhe dá a lição que ele devia receber. De todo o modo, confesso que este Ministro me faz ficar irritado por estar sozinho em casa com três crianças para que alguém vá resolver problemas de outras crianças ou de pais desavindos no primeiro dia de férias judiciais, sábado.»

6 comentários:

josé disse...

O Expresso também traz um artigo, algo surpreendente e vigoroso de Artur Costa a pôr certos pontos em ii que parecem andar perdidos.

Uma das ideias interessantes é esta:

(...) a encenação e a demagogia com que certas dessas medidas têm sido apresentadas , na mira de obter adesão popular, a pretexto de um combate aos privilégios. Uma espécie de ressuscitação da luta de classes ,naquilo que do proscrito marxismo, parece ter remanescido de velhas cartilhas que teorizavam o modo de chegar à "linha justa" , através da exploração das contradições - aqui dos trabalhadores do sector privado e do sector público."

QUem diria?! Uma luta de classes encapotada! Uma repristinação dos conceitos antigos do marxismo-leninismo-maoismo em que o funcionário público é o actual burguês privilegiado que explora o pobre privado... a quem suga os impostos para alimentar os salários faraminosos e as reformas gordas.

josé disse...

NO entanto, no mesmo Expresso e logo na primeira página, aparece o verdadeiro "inimigo comum": "gastos milionários na Galp"!
É ver os nomes dos nomeados para a empresa de energia nacional...e ver o que significa a luta de classes dos tempos modernos!

josé disse...

Nas colunas do mesmo jornal, mais abaixo, vem a indicação do outro lado da "barricada": "Presidente do BPI defende: ordenados em Portugal devem bauxar 10%"

Agora, leia-se a última frase da notícia anterior: " A COmissão de vencimentos da GAlp fez uma proposta no sentido de aumentgar em breve os ordenados de todos os administradores".

Aqui está a verdadeira luta de classes! A moderna, actual e que deve ser repristinada dos velhos manuais marxistas...~
Amigo MCR! TEm a palavra!

M.C.R. disse...

Quero ir para a administração da Galp.
José, meu caro: esta é no meu ponto de vista revolucionário a única palavra de ordem que V não me censurará...
1 contem uma irrefutável verdade;
2 é absolutamente utópica
3reduz a zero a luta de classes pela anulação de uma (a pobre no seio da outra (a da Galp)

Caro José: v é malicioso. Já não lhe bastava enxovalhar o marxismo com o manual do leninismo que agora ainda lhes junta o "vento de leste" do maoísmo!... Estou á espera do momento em V., num furor filosofante (ou filosuferino), lhe acrescentar a sublimidade do pensamento de enver hoxa...

M.C.R. disse...

Quero ir para a administração da Galp.
José, meu caro: esta é no meu ponto de vista revolucionário a única palavra de ordem que V não me censurará...
1 contem uma irrefutável verdade;
2 é absolutamente utópica
3reduz a zero a luta de classes pela anulação de uma (a pobre no seio da outra (a da Galp)

Caro José: v é malicioso. Já não lhe bastava enxovalhar o marxismo com o manual do leninismo que agora ainda lhes junta o "vento de leste" do maoísmo!... Estou á espera do momento em V., num furor filosofante (ou filosuferino), lhe acrescentar a sublimidade do pensamento de enver hoxa...

josé disse...

(H)Oxalá não tenha que citar mais uns tantos.
Por exemplo, um certo Ceausescu mai-la sua prestimosa Elena que fizeram a capa do Libération no dia a seguir ao Natal de 1989.
Nesse dia, a pobre e trágica Elena,
acossada pelos operários e camponeses ( e vá lá, funcionários), todos eles públicos, só conseguia dirigir-se-lhes como se fossem filhos e a implorar-lhes a clemência revolucionária. Os ingratos não quiseram saber e a luta de classes, nesse dia, agudizou-se em detrimento dos conducatores.