04 julho 2005

VERÃO



O que há de novo na tarde

Verdadeiramente tarde

Verdadeiramente terna

É este gosto novo de cantar

É esta fome absurda de verão


Amélia Pais


5 comentários:

Primo de Amarante disse...

e se a tarde é demasiado tarde num vermelhão de um cais de saudade?!...

e se a tarde é demasia tarde para a primavera de gaivotas que desesperadamente riscam os limites de um horizonte?!...

Amélia disse...

amigo compadre:
aí...teria que se escrever outro poema...Beijos

Primo de Amarante disse...

Hoje senti uma espécie de tarde primaveril
houve uma glória de me encontrar
no que julgo ser
no que julgo amar.
Senti-me mais feliz
e isso valeu uma eternidade
percebi que "há tardes verdadeiramente ternas".
Será" fome absurda do verão"?!...
Não sei, querida amélia,
se é verão
ou tarde de verdadeira presunção!

Amélia disse...

ora vê, compadre?Às vezes basta um bom -ou mesmo razoável -mote...Beijo e um dia bom para si.

Primo de Amarante disse...

Hoje, de manhã, fui ao Mercado do Bolhão. Sinto-me no campo, quando lá vou. Falei com a vendedora de peixe, minha amiga. Tornamo-nos amigos há para aí 15 anos. Vendeu-me uma pescada com uma chumbeira dentro. A minha mulher deu-me cabo da cabeça, acusando-me de não saber comprar. Os meus argumentos não a convenceram, mas convenceram a minha amiga Peixeira. No outro dia -isto há muitos anos - disse-lhe: olhe, minha senhora, a colocar pedaços de chumbo na pescada não vai a lado nenhum. Se quiser ter sucesso na vida, roube uma lota ou um barco de pesca. Só assim passará a ter consideração do povo e chegará a presidente de uma autarquia ou até ministra. A senhora olhou para mim e ficou convencida que, de facto, não valia a pena ser tão miudinha na acumulação de "mais valias". E, como de costume, hoje voltei-lhe a comprar uma pescadinha. VIVA O BOLHÃO!