O progresso social, económico e cultural alimenta-se da informação, nomeadamente, jornalística. Esta, sendo crítica e plural, promove o conhecimento que abre perspectivas a um futuro mais justo e humano. Foi com esta visão que a 02 de Junho de 1854 se anunciou o nascimento do “Comércio do Porto”: «A Praça do Porto precisa d’ um jornal de Comércio, Agricultura e Indústria, onde se tratem as matérias económicas, históricas e instrutivas destes três poderosos elementos em que assenta a prosperidade das nações modernas».
Simplesmente, entre as intenções patrióticas de Manuel Carqueja, Henrique Miranda e Francisco Carqueja e as dos novos actores do oligopólio global dos “media” há uma diferença incomensurável. Os fundadores do Comércio do Porto criaram um jornal para promover o espírito crítico que desenvolvesse as melhores ideias capazes de abrir caminhos ao desenvolvimento da Região Norte; os novos “senhores” da nova ordem global querem um jornal para promover o pensamento único e alargarem o seu domínio sobre os meios de comunicação, desde jornais, rádio e TV até à produção de revistas e livros. Mas esta estratégia ter-se-á frustrado para o grupo Editorial Prensa Ibérica (EPI) com a aprovação do negócio da venda da Lusomundo-Media.
Sendo assim, a decisão da EPI em suspender a publicação do C.P. (bem como da “Capital”) poderá ter um significado positivo: sobre o mais antigo jornal deixará de ficar suspenso o cutelo da homogeneização da informação que faria esquecer a sua longa tradição de luta pelo desenvolvimento do Norte. Mas, para isso é necessário, como referiu Rogério Gomes, que “o Norte, como congregação de interesses e uma certa maneira de estar, realmente exista.”
Na verdade, a verdadeira riqueza de uma região está no capital que promove as virtudes sociais do empenhamento nas causas que dão significado á identidade regional. É este património que está em risco com a interrupção da publicação do C.P.
Oxalá saibamos elevar-nos ao melhor da nossa tradição e se mobilizem vontades, como aconteceu com o Coliseu, para que o Comércio do Porto retome o seu papel de voz insubstituível na defesa do desenvolvimento da nossa Região E é urgente que isso aconteça!
João Baptista Magalhães, no JN de hoje
08 agosto 2005
Em defesa do Comércio do Porto
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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