31 agosto 2005

PENSAR...O TEMPO


Sim, meu caro Lucílio, reivindica a propriedade da tua pessoa; recolhe e põe em segurança o tempo que até agora te foi subtraído, roubado, ou que tu deixavas escapar. Acredita-me, as coisas se passam exactamente como estou dizendo: alguns momentos nos são arrancados, outros escamotea­dos, outros mais nos escorrem pelos dedos
[….]
Cita-me um homem que saiba dar ao tempo o seu prémio, reconhecer o valor de um dia, com­preender que morre a cada dia. Nós nos engana­mos quando pensamos ver a morte diante de nós: ela já está em grande parte atrás de nós. Tudo o que pertence ao passado é do âmbito da morte. Portanto, meu caro Lucílio, age como dizes na tua carta: sê o proprietário de todas as horas. Serás menos escravo do amanhã, se te tornares dono do presente. Enquanto a remetemos para mais tarde, a vida passa. Nada, Lucílio, nos pertence; só o tempo é nosso. E o único bem, fugitivo e submetido ao acaso, que a natureza nos deu: qualquer pessoa pode privar-nos dele.

Séneca Cartas a Lucílio


in As relações humanas – A amizade, os livros, a filosofia,o sábio E a atitude perante a morte –ed. Landy –Introd. e trad. de Renata Maria Parreira Cordeiro

3 comentários:

assertivo disse...

Este comentário não se destinaria ao post anterior?

Amélia disse...

Com toda a certeza...normalmente aqui privilegiam-se os comentários a questões juridicas ou políticas-não tanto a outras.Foi engano, pois.

RENATA CORDEIRO disse...

Sou a tradutora do livro do Sêneca, que já está na sua segunda edição. SE você quiser, visite o meu blog:
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Até mais,
Renata M. P. Cordeiro