29 agosto 2005

É uma vergonha

(...) Um dia desta semana que passou, o presidente do TC viajava no carro oficial, uma máquina reluzente, a condizer em qualidade e prestígio com a função pública exercida. Era conduzido por motorista, como prevê a lei e também como a lei prevê, foi detectado a circular a cerca de 200 K/h numa autoestrada do país, a poucos quilómetros de Lisboa. (...)
Pode dizer-se: a culpa é do motorista! Ou alegar-se que o presidente ia distraído; ou...ou...
Seja o que for, é uma vergonha! E como tal, que se assuma a mesma com todas as consequências. Isso, sim, revela dignidade e força de carácter. No melhor pano cai a nódoa e hipocrisia será fazer de conta que assim não é. (...)
Assim, a uma figura com a importância estatutária do presidente do TC, é rasteiro demais fugir a qualquer responsabilidade, alegando-se urgência extrema na deslocação. Como parece que aconteceu.Se foi assim, lembra o caso triste do cachecol que apareceu "por acaso" aos ombros de outra figura institucional da magistratura. E essas tristezas, começam a fartar.

O post do José pode ser lido na íntegra aqui.

5 comentários:

Kamikaze (L.P.) disse...

Extracto de um comentário na GLQL:

a) Isto passa-se ao Km 28 da A2 perto do meio-dia (a cerca de 30 km de Lisboa, portanto)
b) O motorista, requisitado à PSP, dirige-se aos seus colegas da BT a quem terá explicado que iam "com urgência"
c) Da agenda do Presidente do TC só constava uma reunião, em Lisboa, às 15 horas (a urgência era portanto fazer 30 km em 3 horas, e por isso iam a 200 km/h...)
d) Um porta-voz da GNR instado a comentar o facto de não ter sido obrigatório o pagamento no local (ou apreensão de carta, é o que diz o novo Código), diz que "era uma questão de bom senso aceitar as justificações apresentadas"
e) Mas o Chefe do Gabinete do Presidente do TC acha que deve existir uma multa, com certeza, e "vai ser paga", pois não sabia de nenhuma situação de urgência...
f) O tal comando da GNR continua sem registo da tal eventual multa (que não pode existir, pois não foi paga nem a carta apreendida...)

É espantoso tudo isto, e não creio que verdadeiramente haja só "um culpado".
- Em Inglaterra um ministro já foi preso por menos que isto
- O motorista naturalmente "pediu o favorzinho" ao colega, porque sabia que ele seria concedido...
- O colega fez o favorzinho naturalmente porque era um colega, e não se prejudica um colega, ou porque "nunca se sabe" se podemos ficar nas más-graças de um juiz, ou apenas porque terá, como outros terão, o civismo e o brio profissional de um amanuense terceiro-mundista;
- O Presidente do TC nem terá visto nada porque a urgência era tanta que terá aproveitado para repousar;
- O Comando da GNR nem percebe a questão, pois está-se mesmo a ver que Sua Excelência não ia ser multada... mas que país seria este se o fosse?

É preciso dizer que, se não se provar a efectiva urgência, o Sr. Motorista é um mau profissional e deve ser penalizado por isso. Idem para o Sr. Agente e respectivo Comando.
E o Sr. Presidente do TC tem que dar o exemplo e vir explicar o que se passou e porque é que acha importante a bem da cidadania que tudo isto se passe com a maior transparência.

Ou então engula a vergonha e que lhe saiba muito mal.

L.P. disse...

Amanita:
Subscreveria, para mais tendo em conta a esfarrapada "justificação" apresentada (a da urgência) e a triste figura feita pelo chefe de gabinete do presidente do TC (vi na TVI), a tentar justificar o injustificável, e deste que lá mandou aquele. Subscreveria, repito, se não fossemos ainda uma jovem democracia! É que para quem não tem os princípios éticos interiorizados, pelos vistos 30 anos de democracia é pouco para os inculcar, mesmo nos cidadãos à partida mais insuspeitos destas fraquezas.

Deve ser também por isso que a comunicação social passou por cima desta notícia da TVI como cão por vinha vindimada! Népia em lado nenhum! É que tá-se mesmo a ver que o "episódio" não passa disso, é lá agora digno de registo! Afinal somos todos bons rapazes...

o sibilo da serpente disse...

Lamento que as pessoas sejam tão exigentes num pequeno caso como este. O Presidente do TC só tinha uma reunião 3 horas mais tarde e, por isso, não havia urgência? Não se admite a situação de ter de fazer algumas diligências prévias a essa reunião de forma urgente? Afinal o que é que incomoda? o BMW 730 que o presidente do TC tem e outros não? Já agora: como vai o processo instaurado a um magistrado apanhado nas escutas no caso Fátima Felgueiras?

Gato_Maltez disse...

Caro Carteiro

Não creio, salvo devido respeito, que a discussão destes temas passe pela respectiva fulanização, perdoe-me o termo.

A questão que se coloca é bem simples: Alguém violou uma norma do direito estradal, violação essa para qual o legislador, de forma clara e inequívoca, prevê a respectiva sanção e bem assim o correspondente mecanismo de desfesa.

Já no que respeita à entidade visada, a mesma não está acima da Lei, tendo ainda um dever acrescido de a cumprir.

Não creio que os Escandinavos sejam a solução para todos os nossos problemas, mas poderemos "beber" aquilo têm de bom. Por essas paragens, não faz sequer qualquer sentido que os membros do Governo se desloquem com batedores dentro das cidades com sirenes ligadas, mandando com o "povo" para o passeio, como HABITUALMENTE cá acontece.

O problema - parece-me - é que somos um povo cada vez mais desenraízado, especialmente na vertente cultural.

É pena...

Melhores dias virão...(?)

Um bom dia.

L.P. disse...

Ó Carteiro,os princípios são para as ocasiões,ou não???! Atendendo ao que por aqui escreve e também no Marco2005, esperava mais substância de Vexa!

E