"Há um consenso generalizado na sociedade portuguesa de que é indispensável realizar reformas profundas nos mais variados sectores de actividade, se o país não quiser ficar a marcar passo, distanciando-se irremediavelmente dos parceiros europeus.
Mas esse consenso parece que se dilui quando é chegada a hora de agir. Perante o coro de protestos dos que possam eventualmente ser afectados pelas alterações que urge realizar, assiste-se a um silêncio ensurdecedor, designadamente dos opinion makers, que deixa isolados, e sob fogo intenso, todos aqueles que ousam fazer o que tem de ser feito.
O Câmara Corporativa tem, neste contexto, um objectivo preciso: denunciar privilégios (injustificados por natureza) e apoiar, tanto quanto um blogue recente o pode fazer, as propostas que visem romper os liames que asfixiam o país. Não pouparemos à crítica sectores profissionais, associações de classe ou sectores de actividade que se comportem como obstáculos ao progresso. Estaremos igualmente atentos a todos aqueles que possam, porventura, querer retirar benefícios para si próprios das mudanças que a sociedade portuguesa reclama.
Uma nota final: sem a participação dos leitores, o Câmara Corporativa estará condenado a não sobreviver. Colabore connosco, caro leitor, enviando-nos elementos sobre situações que, em sua opinião, mereçam ser divulgadas."
Eis o post de apresentação (1/9/05) do novo blog Câmara Corporativa.
Tendo em conta os temas já abordados e a forma como o estão a ser, o facto de estar aberto a comentários e o apelo expresso à participação dos leitores, augura-se-lhe grande sucesso na blogoesfera.
Presumindo que muitos leitores do Incursões se interessam por temas da justiça e do judiciário, aqui deixo nota de destaque para os vários postais já publicados sob o título genérico "Dossié Magistratura".
E aqui deixo votos de que os previsíveis debates sejam profícuos e de que, caso da discussão se colham novos elementos esclarecedores, tal tenha o devido reflexo nos postais.
14 setembro 2005
http://corporacoes.blogspot.com
Marcadores: kamikaze (L.P.)
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3 comentários:
Pode até ser, como parecem sugerir os anteriores comentários, que o Câmara Corporativa seja apenas uma forma de o Governo tentar fazer passar (ainda mais) a sua mensagem...
E pode ser que não! a MIM parece-me cedo para tirar conclusões quanto a isso.
Agora uma coisa tenho por certa: não é escondendo os "podres" - que sem dúvida os há! - que as coprporações (sejam elas quais forem) ganham credibilidade e compreensão da população para as suas lutas! Por mais justas que sejam as motivações para as mesmas, ficará sempre o anátema de mais não pretenderem que a manutenção de priivilégios!
Que se explique e se esclareça, sem tréguas! E... se denuncie o que não está bem! Isso sim, poderá credibilizar as reivindicações dos que se sentem injustiçados. A fuga para a frente, em formas de luta que presumivelmente apenas os conduzirão a um ainda maior isolamento, essas - se não forem acompanhadas do demais - seguramente mais não servirão do que para levar as corporações a um beco (ainda mais) sem saída.
Fiz uma leitura rápida do blog e o que senti, e que reforça o que já ando a sentir há algum tempo, foi desconforto, mesmo algum incómodo. Já repararam que tudo isto parece uma caça às bruxas? Andam uns profissionais à caça dos privilégios dos outros, denunciam-se entre si, e, parece-me, esquecem o mais importante: que este Governo ainda não apresentou um projecto coerente para nenhum sector. O que vem à baila, nomeadamente através dos discursos do primeiros ministro, é a moralização relativamente a alguns privilégios de grupos profissionais. É o que passa. E assim se vai entretendo o povo, enquanto nada de verdadeiramente substancial acontece.
Ainda não vi medidas que permitam que grupos económicos e financeiros cumpram com a sua parte equitativa para o desenvolvimento do país; ainda não vi moralizar ao nível dos políticos; ainda não vi políticas coerentes que levem à construção de um projecto para este país. Enquanto isso não acontecer, não acredito na moralização através apenas da caça de privilégios, alguns verdadeiros, outros falsos, como falsa me parece ser a motivação do governo para esta guerrilha. São só sementes para a discórdia e para tapar o sol com uma peneira. A construção não se faz assim.
Com isto não quero dizer que concordo que os nossos professores trabalhem menos que os europeus, ou que entenda que basta o tempo passar para que um funcionário público seja promovido na sua carreira. O que penso é que não é assim que se tratam os assuntos e o mais importante não está feito. O que o Governo deveria fazer é apresentar propostas sectoriais coerentes, negociá-las com os respectivos parceiros e implementar adequadamente as políticas, em vez de andar a anunciar medidas pontuais, ao sabor do vento populista: hoje as farmácias, amanhã as férias judiciais, depois o horários dos professores,…
Que falta faziam, neste blog, as suas reflexões, minha cara G - "o meu olhar"! São sempre uma lufada de ar fresco neste blog cada vez mais agarrado a temas corporativos... (se bem que os seus colaboradores sejam oriundos das mais diversas áreas profissionais!)
Subscrevo inteiramente o seu comentário - na falta de políticas estruturadas e coerentes para os vários sectores, o Governo lança poeira para o ar. Mas reitero o que acima escrevi...
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