22 setembro 2005

NESTA PARADOXAL ESQUIZOFRENIA DE SER CIDADÃO E MAGISTRADO, O DEVER DE RESERVA FAZ-ME AZIA!

Rui do Carmo, in Mar Inquieto

É essencial que, na relação do sistema de justiça com os cidadãos, se opere a substituição de uma relação autoritária com cidadãos desconfiados por uma relação democrática com cidadãos esclarecidos.

idem

6 comentários:

Carlos Rodrigues Lima disse...

Nada mais a dizer. Certeiro Dr. Rui do Carmo

Carlos Rodrigues Lima

Primo de Amarante disse...

Nunca palavras tão sábias ouvi sobre uma instituição fundamental na coesão social, ditas por quem a serve.

A política tornou-se (para os políticos profissionais) numa maneira de ganhar a vida e, por isso, estão mais preocupados com o dia seguinte ao deixarem de ser ministros ou deputados do que nos reais problemas do País.

A ausência de sentido de estado arrastou o País para uma crise que se assemelha à vivida no fim da primenira república.

O caso de Fátima Felgueiras, de Ferreira Torres, de Isaltino e parece que de mais cerca de 100 autarcas, o problema dos magistrados, dos militares, dos professore (cuja crise rebentará brevemente, pois foram sequestrados dentro das escolas para cumprirem um horário imposto, sem nada de útil para fazerem, restando-lhe ficarem acotovelados numa sala a "dizer mal" do ministério e deste governo) são o sintoma de uma profunda crise nas relações entre os cidadãos e a justiça e entre os os profissionais que servem o Estado e os políticos.

A descrença nas instituições não se resolve com a utilização de um conceito de poder que funciona como um murro no estômago.

É preciso pôr a funcionar uma rede de reflexão critica que não deixe ninguém de fora e abra caminho à esperança no futuro.

O problema não é só de especialistas, mas de todos, porque todos têm de compreender que estão em causa os próprios valores da nossa vida colectiva e que não há solução para os problemas do País, sem um envolvimento de todos.

Até aqui houve quem se "fartasse" com os fundos europeus, os empresários enriquecerem com os baixos salários e a flexibilização dos contratos, sem se preocuparem com a necessidade de preparar as suas empresas para a concorrência do mundo empresarial global.

O "chico-espertismo" tornou-se numa cultura de sucesso e a corrupção banalizou-se.

Aos que foram nisto tudo sacrificados (os servidores do estado e trabalhadores por conta de outrem), pedem-lhe,agora, que façam ainda mais sacrifícios.

A revolta deu os primeiros passos e a crise das instituições é o seu evidente sintoma.

É preciso moralizar a vida pública, criar regras que tenham em conta o interesse comum, mas também prestigiar as instituições e dar dignidade aos que mais responsabilidades têm no seu funcionamento.

Se os servidores do estado forem aviltados só lá ficarão os que se prestam à ignomínia. Teremos a ficar magistrados, os que nada sabem de direito, a ficar professor, os que se "formaram" nos supermercados de diplomas do ensino dito universitário; em suma, teremos a servir o Estado os que não servem para servir mais "coisa" nenhuma.

Ácontecerá o que acontece hoje na política: já só vão para lá os que não sabem fazer mais nada. Para se aguentarem criam o seu cinturão de protecção, enfiando nos partidos os filhos, as amantes, etc. Veja-se os grupos familiares que praticamente estão presentes em todas as candidaturas autárquicas, o que é um sintoma da apropriação dos partidos por famílias e "padrinhos".

É preciso um desígnio nacional que rompa com esta situaçãpo.

Esse desígnio desenvolve-se pelo diálogo que leva a compreender o que está verdadeiramente em causa.

Não há em democracia outro instrumento.

josé disse...

Foi sempre, sempre, este o meu discurso.
Até aqui, desconfio que haja alguém a pensar o contrário, com medo do "corporativismo" e garaanta que as "reservas" é que é!
AS "reservas" estão a acabar- e não é só no petróleo.

Não perceber os tempos novos e a necessidade de comunicação com os cidadãos, é um erro.
Que se paga caro e que depois os que mandam aproveitam, ainda por cima.

Primo de Amarante disse...

José, amigo. Peço desculpa por me ter esquecido de si.
Um abraço

victor rosa de freitas disse...

Pois é... o dever-ser moral, o imperativo categórico kantiano há muito desapareceu da "cultura" portuguesa, da formação do carácter da generalidade dos portugueses. Salvo raras excepções, todos vivem para o hedonismo, para o consumismo e para a defesa do seu "bairro", com duas "talas" a limitar a visão do mundo. É uma bela "tirada", o seu dito, mas está apenas a pregar aos peixes (ou aos "tubarões"?). Fazer apelo ao dever-ser é apenas, ou então, pregar no deserto...Embora tenha razão no que diz!

Silvia Chueire disse...

É isto !

Silvia Chueire