12 setembro 2005

O mediatismo de Amarante

A Antena 1 passou hoje uma entrevista aos candidatos autárquicos a Amarante. Anteriormente, já os principais candidatos tinham sido entrevistados na SIC Notícias e o próprio “Expresso” chegou a destacar na primeira página uma sondagem sobre as eleições em Amarante. Não têm faltado também reportagens sobre a campanha autárquica naquele concelho.
O que leva os órgãos de comunicação nacionais a interessarem-se desta forma por Amarante é apenas a excentricidade de Ferreira Torres, que capta as audiências de que os canais tanto necessitam. Quando se faz um debate sobre Amarante numa televisão ou rádio de cobertura nacional não são as necessidades e os projectos para o município que motivam os organizadores, mas antes a possibilidade de haver um “momento Ferreira Torres”, que lhe proporcione o recurso ao insulto fácil ou à agressão verbal (pelo menos).
Avelino Ferreira Torres, embora sendo natural de Amarante, é presidente da Câmara de Marco de Canaveses ininterruptamente há quase vinte e dois anos e as suas campanhas sempre tiveram meios financeiros desproporcionados para a realidade local. O populismo, a demagogia e a excentricidade sempre lá estiveram, só que não eram reconhecidos em termos nacionais. Quem foi agredido e insultado por ele no Marco de Canaveses ao longo de todos estes anos, fosse em campanha eleitoral, em reuniões dos órgãos autárquicos, em actos institucionais ou quaisquer outras circunstâncias, sentiu melhor do que ninguém aquilo de que é capaz Ferreira Torres.
Contudo, o Portugal profundo só o descobriu verdadeiramente quando ele deu uns pontapés num campo de futebol e participou num “reality show” televisivo. Aquilo que foi acontecendo no Marco durante as duas últimas décadas pouca atenção mereceu dos órgãos de informação nacionais, mesmo em época de eleições autárquicas. Agora, a opinião publicada vira-se para Amarante e, objectivamente, promove o “cromo” Ferreira Torres, sem perceber que essa exposição mediática é bem-vinda para o candidato dito independente e péssima para a imagem de uma terra bonita, de grandes tradições e que deu ao país vultos tão destacados da nossa cultura como Amadeu de Souza-Cardoso, Teixeira de Pascoaes ou Agustina Bessa-Luís.

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