14 dezembro 2005

conhecer

conheço cada íntimo gesto teu.
és uma transparência.

ainda quando foges,
quando calas,
quando morres.


conheço cada íntimo gesto teu,
nunca te esqueças.



silvia chueire

5 comentários:

Primo de Amarante disse...
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Primo de Amarante disse...

A nossa história nunca está desvendada.
É melhor nunca nos conhecermos.
Desfazer ilusões é fechar os olhos a uma sedutora luz de inocência.

C.M. disse...

Deparei logo de manhã com este poema da Sílvia. Mas a beleza dele atingiu-me com uma certa “violência” para que pudesse de imediato dizer algo sobre ele.

Um certo pudor, também, me impediu de o fazer. Contudo, atrever-me-ia agora a dizer que podemos olhar para este poema como um diálogo entre amantes, em que ela (prefiro pensar que é uma mulher...) lhe diz que o conhece bem...que, para ela, ele não tem segredos...Avisa-o para que ele nunca se esqueça disso...

Ou podemos imaginar que é Deus que nos fala na nossa intimidade, dizendo que, para Ele, nós não possuímos segredos. Que mesmo quando Lhe fugimos, quando nos calamos, Ele sabe todas as nossas razões...

Finalmente, quando morremos, Ele sabe o que vai no nosso íntimo...e apenas anseia que nós Lhe peçamos a Sua Misericórdia...para nos salvar!

Delfim (com um pouco de nostalgia nesta tarde).

Silvia Chueire disse...

Caríssimos compadre e Delfim,

Farei algo que nunca faço, mas os comentários de vocês provocaram, falar sobre o poema.
Compadre - logo eu, que trabalho com esta coisas que implicam as pessoas se darem conta do que se passa com elas a um nível menos consciente (ou óbvio). : ) Tenha a certeza que sabermos mais de nós mesmos não é necessariamente perdermos a inocência.
Delfim - o poema tem intenções, claro. Mesmo que eu saiba que ele pode escapar às minhas intenções e ser interpretado à luz da fé.Acho perfeitamente bem. Se eu pudesse - e sei que não posso - fazer uma aproximação, diria que há poucas coisas mais próximas do divino do que uma relação amorosa apaixonada.
O poema tem, sim, uma certa “ameaça” e uma declaração de amor na afirmação (quase)impossível: conheço cada íntimo gesto teu.

Meu abraço a ambos,
Silvia

O meu olhar disse...

Sílvia,
Confesso que o poema me fez pensar: ainda bem que não é nada comigo!

Quanto ao conhecimento de nós próprios gostava de dizer que esta é uma matéria que me é muito cara. Penso que quanto mais soubermos de nós próprios mais ganhamos com isso. Nós somos um amontoado de coisas a que chamam defeitos e qualidades, mais os cruzamentos que fazem entre si, mais as emoções, mais o pano de fundo que é nossa história, mais… tanta coisa. Quanto maior for a nossa capacidade de nos descobrirmos e de nos enfrentarmos, no sentido de não deixar escapar mesmo o que é menos bom, maior é a nossa capacidade de gerir a nossa vida e fluir connosco. E quanto à inocência, concordo consigo Sílvia. Penso que esta até pode ficar fortalecida neste processo. Ou não, dependendo dos casos.
O conhecimento de mim própria, em versão aprofundada, foi uma descoberta que fiz algures na minha vida e a que dei muita importância. Há quem faça esta descoberta de si, em companhia de profissionais ou amigos. Eu fiz comigo e fiquei cliente. Recomendo.