Continuo sem perceber:
1. o MP pediu à PT a listagem dos telefonemas de um suspeito no caso Casa Pia e só desse?
2. A PT emviou ao MP, em suporte digital, por lapso ou por negligência, a listagem dos telefonemas de todos os telefones pagos pelo Estado, com um filtro "sobre" aqueles que não interessavam à investigação?
3. O MP pediu ajuda a técnicos de informática? Em caso afirmativo, para quê? Não é verdade que qualquer pessoa - digo eu - é capaz de "ler" o que está numa disquete? Partindo desse pressuposto, para que terá (terá, digo eu) pedido o MP ajuda de técnicos informáticos?
4. Sendo verdade que houve ajuda de técnicos de informática, o titular do processo chegou à conclusão que havia ali mais do que pediu e acedeu a esses dados?
5. Se chegou, não terá pensando que o mesmo podia acontecer, normalmente, com qualquer pessoa que pedisse a confiança do processo ou, no caso, do enevelope 9?
6. Se chegou, não teria sido mais avisado ter deletado esses dados irrelevantes?
7. Houve advogados que pediram a confiança do processo e, tanto quanto sei, também tiveram ajuda de técnicos para ler umas simples disquetes.
8. Não sabiam os advogados ler as disquetes? Ou sabiam ler as disquetes, mas não sabiam ler o que estava codificado? E sabiam que alguma coisa estava codificada e , por isso, pediram ajuda de técnicos informáticos?
9. E porque quiseram saber o que estava lá, codificado?
10. E porque será que só agora se soube da coisa?
11. E quem fez chegar o material aos jornais?
12. E a quem interessava que o material chegasse aos jornais?
(Já agora, que fique claro que não censuro o 24Horas)
Alguém me responde a isto?
17 janeiro 2006
12 perguntas
Postado por o sibilo da serpente
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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8 comentários:
Oh homem, boa parte do que pergunta já anda por aí (jornais e blogs) mais que explicado... a começar pela 1ª pergunta respondida de forma bem clara pelo comunicado da PGR de 6ª feira à tarde.
Quanto ao mais que sobrar só o inquérito poderá apurar. Ou não?
Tréguas, please!
Entretanto sugiro que se entretenha aqui:
http://granosalis.blogspot.com/2006/01/o-nmero-nove.html#comments
Hoje, no Portugal Diário:
"Os advogados da Casa Pia requereram hoje uma perícia a todas as disquetes do processo e pediram a presença no tribunal de um dos jornalistas que assinou sexta-feira um artigo a divulgar registos telefónicos constantes dos autos.
À saída da 131ª sessão do julgamento, José António Barreiros, que dirige a equipa de advogados que representa a Casa Pia e as alegadas vítimas, afirmou ter pedido a presença do jornalista Jorge Van Krieken para explicar como teve acesso à disquete com os referidos registos.
Na passada sexta-feira o diário «24 Horas» divulgou uma notícia - assinada por Joaquim Oliveira e Jorge Van Krieken - sobre uma listagem telefónica constante de várias disquetes incluídas no processo Casa Pia (envelope 9) que conteria uma relação pormenorizada de chamadas efectuadas de telefones de altas figuras do Estado, entre elas o Presidente da República, Jorge Sampaio, e o próprio Procurador-Geral da República (PGR), José Souto Moura.
«Queremos saber como é que Jorge Van Krieken (que é testemunha no processo Casa Pia) teve acesso às disquetes», disse, acrescentando que o tribunal informou que já estava a proceder a diligências nesse sentido.
Também o PGR, Souto Moura, já tinha anunciado a abertura de um «rigoroso inquérito» para apurar o que tinha acontecido.
José António Barreiros pediu também que fosse feita, por uma entidade independente, uma análise de todas as disquetes que constam do processo, «para apurar, afinal, o que é que essas disquetes contêm e daí tomar as decisões que urge tomar».
«Importa nomeadamente saber não só o que elas contêm, mas como foi possível aceder ao seu conteúdo e nomeadamente fazer trabalhos de manipulação de informação em termos de obter outra informação. É um mistério que importa ser esclarecido», afirmou.
José António Barreiros disse que o tribunal que julga o processo Casa Pia informou que «já tomou as providências necessárias no que diz respeito à averiguação do que se passa sobre este assunto», que considerou «melindroso» e que «dá origem a especulações de natureza política».
De acordo com fontes ligadas ao processo, a juíza presidente do colectivo, Ana Peres, notificou todos os advogados para esclarecerem se reproduziram qualquer suporte digital ou informático do processo.
Também a defesa de Carlos Cruz, a cargo dos advogados Ricardo Sá Fernandes e António Serra Lopes, já tinha anunciado hoje a intenção de requerer ao tribunal que «seja esclarecido tudo o que está dentro de todas as disquetes» do processo, para evitar «mais surpresas» no futuro.
Este foi um dos assuntos que dominou parte da sessão de hoje do julgamento, dia em que a defesa de Carlos Cruz terminou as suas questões ao jovem de 19 anos que está a depor e que a representante do arguido João ferreira Diniz iniciou a sua instância de perguntas à testemunha.
O julgamento prossegue na próxima quarta-feira no antigo Tribunal Militar de Lisboa, no Campo de Santa Clara, onde voltou a decorrer desde o princípio do ano."
Hoje, no DN:
"O tribunal que está a julgar o processo da Casa Pia quer saber quais os advogados que consultaram peças processuais em formato informático ou digital (onde se incluem os registos em áudio das declarações das alegadas vítimas em tribunal) e se foram feitas cópias das mesmas. A juíza-presidente do colectivo, Ana Peres, comunicou aos causídicos que irá notificá-los para este efeito. A Casa Pia, por sua vez, requereu que o conteúdo de todas as disquetes que constam do processo fosse analisado por uma entidade independente.
Esta foi a reacção do colectivo de juízes à polémica sobre os dados de tráfego dos telefones de altas figuras do Estado que constam do Apenso V do processo da Casa Pia. Na sessão de ontem do julgamento, José António Barreiros, advogado que representa a Casa Pia e as alegadas vítimas, requereu ao tribunal uma perícia ao conteúdo das disquetes que, na sua opinião, deverá ser feita por uma entidade independente. E pediu também um apuramento de responsabilidades quanto a uma eventual fuga de informação. Recorde-se que, de acordo com os registos do processo, apenas dois advogados consultaram o Apenso V Ricardo Sá Fernandes, que representa Carlos Cruz, e Maria João Costa, defensora do médico Ferreira Diniz.
"Importa saber não só o que elas contêm, mas também como foi possível aceder ao seu conteúdo e fazer trabalhos de manipulação de informação em termos de obter outra informação. É um mistério que importa ser esclarecido", declarou José António Barreiros aos jornalistas.
O advogado disse ainda que pretende saber como é que Jorge van Krieken, um dos jornalistas que assinaram o texto publicado na passada sexta-feira no jornal 24 Horas, "teve acesso às disquetes", salientando que o jornalista free-lancer é "testemunha do processo".
Sá Fernandes e "surpresas"
"São muitas disquetes, mas podemos ter amanhã outras surpresas sobre outras coisas. Neste momento acho que se deve apurar tudo o que está lá dentro para que fique clarinho como água", disse por sua vez o advogado Ricardo Sá Fernandes, comentando o caso que tem criado uma acesa polémica nos meios político e judicial.
Ricardo Sá Fernandes considerou como "pouco plausível" a imputação de responsabilidades à Portugal Telecom (PT) sem, contudo, referir em que sentido apontam as suas suspeitas. O advogado sublinhou que está a aguardar o inquérito que o procurador-geral da República está a organizar. "Naturalmente, reputo da maior importância a explicação para o facto de esses elementos estarem no processo", disse o defensor de Carlos Cruz.
Para Sá Fernandes, "uma informação desta ordem de grandeza tem de ter uma justificação". "A única coisa que sei é que os dados estão no processo e a explicação para o facto de estes dados estarem no processo não sei qual é", vincou aos jornalistas.
O advogado, que se assumiu como um "infoexcluído", disse que consultou as disquetes deste Apenso V (Envelope n.º 9) no princípio do ano passado com a ajuda de um técnico informático.
"Obtive a informação que me interessava, que era informação que tinha a ver com o cruzamento dos dados e que me permitia demonstrar que Carlos Cruz nunca tinha tido nenhuma relação (telefónica) com os outros arguidos nem com as alegadas vítimas", referiu."
Hoje, no JN:
(...)
"Os juízes que julgam o processo Casa Pia anunciaram que estavam já a realizar diligências no sentido de apurar o que se passou e pediram a todos os sujeitos processuais para informarem o tribunal sobre as consultas que fizeram ao processo e que cópias de peças processuais efectuaram. Sabe-se que relativamente às cinco disquetes que contêm os números de telefone de altas individualidades do Estado, apenas Ricardo Sá Fernandes e Maria João Costa, advogados de Carlos Cruz e Ferreira Diniz, respectivamente, pediram a sua consulta, chegando mesmo a levá-las para casa.
Esta informação dos juízes foi dada após os advogados da Casa Pia terem requerido uma perícia independente às disquetes em causa. José António Barreiros e Miguel Matias também pediram ao tribunal que investigasse como é que a informação constante das disquetes chegou à mão do "24 horas". Em particular tendo em conta que um dos jornalistas que assina o texto é testemunha do processo.
Entretanto, a Procuradoria avançou já com um procedimento criminal contra a divulgação pública daqueles dados, ao mesmo tempo que iniciou o inquérito.Segundo soube o JN, um técnico de informática deslocou-se ontem ao tribunal de Santa Clara para analisar as disquetes."
Peço desculpa. Não me interessa o que por aí se diz. Eu estou na minha isnTãncia... E não me dou com nebulosas nem com respostas formatadas...
A SITUAÇÃO, TAL COMO RELATADA HOJE NO EXPREESO ONLINE:
Advogado de Carlos Cruz questiona falha da PT
Ricardo Sá Fernandes quer saber conteúdo das disquetes
O advogado Ricardo Sá Fernandes, que defende Carlos Cruz no processo da Casa Pia, vai pedir ao tribunal esclarecimentos sobre o conteúdo de todas as disquetes que constam do processo da Casa Pia.
Sá Fernandes duvida que o caso dos registos telefónicos de altas personalidades se tenha ficado a dever a uma falha de procedimento da Portugal Telecom (PT) e disse ontem, à saída da 13ª sessão do julgamento do processo, que vai «requerer que seja esclarecido tudo o que está dentro de todas as disquetes porque ainda não sei se no envelope 11, no 14 ou 22 não vai surgir outra informação surpreendente».
Recorde-se que o caso dos registos telefónicos foi divulgado na passada sexta-feira e vai levar o procurador- geral da República esta semana ao Parlamento."
É CASO PARA DIZER: EXPRESSO SEM PERDÃO! Ou não é?
Ainda distraído, tanto que pareço burro. Mas não persistam: a culpa não é dos jornais. Enquanto pensarem isso, ficaremos sempre na mesma. Mas continuo na minha instância...
carteiro ( tiro o caro para evitar a aliteração, mas sabe bem que é caro):
Como comecei o dia discordar de si, continuo.
O 24 Horas é um jornal que mentiu oa leitores sobre este assunto.
Transcrevo que já escrevi noutro lado:
"Os telefones de casa do PR, do primeiro-ministro, do presidente da AR, do presidente do Tribunal COnstitucional, do presidente do Tribunal de Contas e todas as chamadas que fizeram durante um ano e meio foram analisados pelo Ministério Público."
Não é apenas uma mentirola! São duas, no mesmo pacote!
Nenhum desses telefones terá sido investigado ou analisado no âmbito do processo, com o âmbito referenciado. Nem aliás, o poderia ser, atena a lei que temos.
A PGR disse que isso era falso e acredito no que a PGR disse, ao ponto de ter sido confirmado pelo próprio advogado Ricardo Sá Fernandes. Este advogado de quem se fala pouco a propósito deste caso, segundo o Expresso de hoje, terá sido o único advogado que teve acesso às disquetes e as descodificou com ajuda de um técnico de informática, segundo declarou ao mesmo jornal. Ponto final, neste primeiro assunto. Parágrafo:
O período em causa, ou seja o tal " durante um ano e meio", segundo o mesmo jornal, nas "coisas que tem de saber" foi afinal de "seis meses em causa".
Na realidade, terá sido de 10.12.2001 a 7 .5. 2002, o que nem dá seis meses..., mas sim quatro meses e 28 dias! Logo, a mentirola fica logo com o rabo felpudíssimo de fora! Um ano e meio para nem sequer cinco meses...
Para além dessas mentirolas, avulta o facto, confirmado pela PT, de que forneceu números e não nomes, ao processo. Logo, quem identificou os nomes que o jornal publica e quem viola impudicamente a privacidade dos visados, será o próprio jornal. Seria caso para amanhã, outro jornal tablóide publicar: "24 Horas investiga por conta própria nomes da lista!" E ainda outro, à "24 Horas": "Souto e Pedroso tem o mesmo fornecedor de pizzas ", o que aliás o jornal publicita. COmo publicita que tomou conhecimento do cabeleireiro e da depiladora da mulher do procurador.
A par desta devassa da vida particular de certas pessoas, feita pelo jornal, podemos ler no mesmo número, de ontem, a indignação farisaica que consiste em vituperar a existência destes elementos no processo, como constituindo um atentado à privacidade dessas figuras públicas! Pasme-se! Pasme-se! E não é a primeira vez que tal acontece."
Agora pergunto eu, caro carteiro:
Se por acaso V. ou eu estivéssemos nessa lista, apenas com números de telefone que usamos em nome de interesses do Estado ( é bom que se realce) e um jornalista tivesse acessoa a ela por modo desconhecido e altamente suspeito e fizesse investigação por conta própria, descobrindo que alguns números a partir dos nossos telefones eram de pessoas e entidades que o jornal revelasse publicamente, isso chamar-se-ia o quê?
DEVASSA da vida privada, tal e qual! E grave!
Quem a faria nesse caso? A quem iríamos pedir responsabilidades? Ao MP ou ao jornalista coscuvilheiro e que não tinha nenhuma legitimidade ou sequer interesse público em publicar o que publicou, mostrando coisas da nossa vida privada?
Aprovaríamos esta ética jornalística?
Eu não...
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