A Segurança Social arrecadou mais 400 milhões de euros do que o previsto no Orçamento Rectificativo aprovado em meados do ano passado, o que representa um excedente de 294,6 milhões de euros, noticia hoje o "Jornal de Negócios"
(Público “on-line”)
Esta notícia só vem reforçar o apreço que tenho por Vieira da Silva, de longe o melhor Ministro deste Governo.
Sem acréscimo de meios, foi possível, através de acções de fiscalização, recuperar importantes verbas devidas aos Cofres da Segurança Social.
Tal vem demonstrar aquilo que tenho afirmado: se houvesse maior solidariedade por parte dos membros desta nossa sociedade, se todos contribuíssem para o “bolo comum”, tendo em vista assegurar um futuro digno para todos, e pautassem a sua conduta por padrões éticos, talvez nunca se tivesse chegado ao ponto de se encarar uma eventual falência da Segurança Social.
Parece-me que será mais curial falar da falência da fraternidade e da solidariedade.
dlmendes
6 comentários:
Peço desculpa mas devo ter-me enganado no URL da foto e agora não sei apagar o quadrado em branco para lá colocar um URL correcto...
Peço desculpa pelo design que assim ficou tão feio...
dramas da informática...bom, faltam 9 minutos paras as 14H; vou almoçar após uma manhã "vertiginosa"...
Caro Amigo: estou plenamente de acordo consigo. E, muitas vezes interrogo-me: se a questão da liberdade de imprensa, que tanto tem sido debatida, fosse subistuída pela questão da solidariedade dos povos na defesa do princípio "trabalho igual salário igual", não teriamos o problema da deslocação das empresas com o cortejo de miséria que provoca e seria posto em causa o neoliberalismo, pragmatista e egoista. Mas por que será que isso não acontece?!... Terá isso a ver com a natureza de classe de quem coloca as questões?!...
Tem toda a razão, Caríssimo Compadre: se não existisse o tal "dumping" social, não interessaria às empresas deslocalizarem-se para terras distantes, a fim de "usufruírem" de mão-de-obra barata (leia-se escrava...).
Por isso é que detesto estes tempos “modernos” nos quais, paradoxalmente poder-se-ia viver com muito mais qualidade de vida, mas infelizmente, devido ao neoliberalismo, todos nós vivemos angústias que nossos pais nunca viveram. Talvez tenham tido outras...enfim, nada é perfeito...
Ainda me lembro quando andava no Liceu: no nosso círculo de amigos tínhamos um amigo, também jovem, mas que já trabalhava num Banco: era o “rei” no meio dos amigos: bom vencimento, trabalho calmo...
Hoje, os bancários são uns escravos, têm de vender os “produtos” da casa, ganhando à comissão, tendo por base um mísero vencimento...sem contar que os novos são licenciados e desempenham funções que nos anos 60/70 eram confiadas a pessoas com o antigo 5º ano ou 7º ano do Liceu ou da Escola Comercial...Que, diga-se a verdade, nessa época, esses cursos davam mais “bagagem” que muitos cursos universitários de hoje...Mas isso são outros contos...
Um abraço!
dlmendes
UF!
Consegui colocar a foto...estas tecnologias...
"pessoas com o antigo 5º ano ou 7º ano do Liceu ou da Escola Comercial...Que, diga-se a verdade, nessa época, esses cursos davam mais “bagagem” que muitos cursos universitários de hoje...Mas isso são outros contos..."
Meu caro Delfim:
Quem souber contar esses contos com a precisão necessária, tem a chave do problema da educação em Portugal, na mão!
Quando a chave está mesmo à mão de semear, porque razão andamos há anos a pedir chaves por medida, a sucateiros?!
Que me desculpem os Carneiros, Grilos e Benaventes, mas não era preciso inventar a roda...
Meu Caríssimo José, ainda bem que sublinha esse aspecto que apenas aflorei, "em passant".
Com efeito, eu ainda tenho bem presente a época em que, tendo terminado a 4ª classe, “embirrei” que haveria de ir a todos os exames de acesso não só ao Liceu, mas também à Escola Comercial e à Escola Industrial.
“Puto”, tive medo que, candidatando-me apenas a uma área, uma vez “chumbado”, por ali me ficasse…
Então, fiz os exames todos: de admissão ao Liceu, à Escola Comercial, à Escola Industrial. Que a época não era dada a brincadeiras, pois era uma vergonha falhar nos estudos…e depois, que perspectivas?
Fiquei bem em todos (enfim…) e decidi ir para o Liceu. À época, já tinha o “bichinho” do Direito… do Direito, da escrita, da literatura.
Lembro-me que me deliciava a ler as pequenas biografias que vinham na chamada “ Selecta Literária” dos nossos escritores. Caramba! Todos eles eram formados em Direito e por Coimbra!
E os jornalistas à época? (anos 60): aquilo era tudo “malta” de Direito, uns com o curso acabado, outros com a frequência, mas que lhes dava “bagagem” para exercer a profissão. E eu sonhava um dia ser jornalista, ah! se sonhava! E ser formado em Direito! Bem, este último desejo cumpriu-se, graças a Deus! O jornalismo foi-se, com os ventos da História…
Mas reconheço que nos dias que correm é tudo tão diferente, tudo tão mais agressivo!…E o jornalismo (?) da TV é que “dá cartas”…
Hoje faz-me muita impressão reflectir acerca da destruição do ensino.
Tive professores fantásticos, duros (tive um Coronel em matemática, um Major dos “Comandos” em Físico-Química”) e tive doces Professoras, românticas como à época era natural (creio bem…) que faziam vibrar os alunos com a sua beleza e com a paixão que sabiam empregar nas matérias que leccionavam: nunca sonhei tanto como nessa época…li tudo acerca da nossa literatura; mergulhava nesse mundo mágico e poético de Júlio Dinis, nas teias tenebrosas de Aquilino e de Camilo…
Hoje verifico que existem “resumos” das obras maiores da nossa literatura, para serem adoptados nessas escolas de nome horroroso C+S, pois os pedagogos deste “excelente” regime devem considerar que é uma violência obrigar as crianças e os adolescentes a debruçarem-se sobre as mesmas em versão integral. Na verdade, elas não têm tempo: há que dedicar os tempos livres a fazer “downloads” da última música (?) que saiu, HOUSE, ACID HOUSE, TECHNO, TRIBAL, eu sei lá que mais, nomes que eu nem sei o que querem dizer, confesso… e depois vão “curtir” a noite numas caves obscuras, vão para as "acid parties" liquidar os últimos neurónios que têm…ora o que fará esta geração amanhã?
Eu lembro-me que os programas (do Liceu que é o que conheço por dentro) eram muito estruturados.
Tínhamos, a seguir à 4ª classe (uma senhora 4ª classe que hoje diriam retrógrada mas, pois, pois, pois sim, mas saíamos de lá saber tanta coisa!) o 1º e o 2º ano do Ciclo; exame para podermos entrar na fase seguinte: o 3º, 4º e 5º ano do Liceu: exame! E só depois, quem quisesse, o 6º e 7º ano e…exame! A Faculdade aí estava à porta! Mas tínhamos por detrás uma “bagagem” impressionante.
Hoje dizem que é uma violência. Pois….é que os tempos não eram para brincadeiras. Ou se estudava, ou entrava-se na vida, a sério!
A sociedade, lembro-me, era cinzenta. Mas não havia esta desorganização da mesma. Tudo funcionava (e, paradoxalmente, o País era incomensuravelmente mais pobre e, à época, consumia os recursos numa guerra que nos foi imposta).
Revejo, com saudade, uma fotografia que aqui tenho em casa, eu muito miúdo, aí uns cinco anos, na época do Natal, ora…anos 50, por aí, com meus pais, nos Restauradores, junto ao Hotel AVENIDA PALACE, a rua muito limpa, a calçada linda, as pessoas todas aprumadas…hoje só se vêm vagabundos larápios, drogados, nessa área de Lisboa. Uma dor, uma autêntica dor!
É por tudo isto que não me identifico com estes dias que correm, velozes, para o abismo.
Mas então, num regime supostamente mais perfeito, vivemos pior?
E o esquema de ensino preparava para as várias áreas da vida. O Curso Comercial, quem o terminasse, tinha emprego garantido num escritório, a trabalhar em áreas como a contabilidade.
O Ensino Industrial preparava verdadeiros operários, que se especializariam nas várias vertentes da área: MECÂNICOS, METALÚRGICOS, ELECTRICISTAS, por aí fora…
Após 74, pensando que isto era “reaccionário”, acabou-se com esta diferenciação/especialização; os jovens deixaram de ter referências para a vida profissional.
Acabou tudo em cursos que não têm saída, pois hoje em Portugal o que faz falta são Médicos, Enfermeiros, Engenheiros, Arquitectos (e então Arquitectos-Paisagistas nem me falem!!!), Químicos, enfim…
Foi a cegueira política!
E agora? O abismo!
Do sistema de ensino sabe bem o nosso amigo Compadre. Eu só posso dar a minha perspectiva de aluno. O certo é que não havia desemprego de Professores, estes eram uma referência no nosso país: eram sumamente respeitados! As Escolas funcionavam a tempo e horas, sem dramas de horários, de currículos! Pelo menos, eu durante a “longa noite” nunca dei conta de que a Escola funcionasse mal e nós, alunos, todos tínhamos interesse nas matérias.
A Polícia vigiava as crianças, não havia vândalos que nos atormentassem, nem a nós nem aos nossos pais…
Isto não era bom? Não era uma virtude do sistema?
Porque é que não se mantêm as coisas boas?
Porque é que o homem nunca sabe aproveitar as coisas que estão bem e perpetuá-las?
Temos de arruinar um sistema em nome da ideologia?
Um abraço!
dlmendes
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