30 março 2006

As quotas

Estou triste, pois. Anda um homem toda uma vida a pensar que é medianamente inteligente, para chegar aos 45 anos e concluir que, afinal, é burro como uma porta. Falo de mim, claro, e passo a explicar: por muito que alguns se esforcem - e esforçam - para me convencerem das vantagens da coisa, eu ainda não consegui perceber por que motivo o PS e o BE aprovaram hoje aquela lei que impõe que pelo menos 1/3 de candidatos em listas políticas sejam mulheres.

Que diabo! Que eu saiba, não foi por uma qualquer imposição de quotas que as mulheres são maioritárias no ensino superior e que, cada vez mais, ganham espaço na advocacia, na medicina, nas magistraturas e por aí. E não, não é uma atitude machista, a minha. Comprovo: tenhos três estagiários. Todos mulheres. Não discriminei, como se vê.

O que vai acontecer a partir de agora? Se - coisa improvável - eu for ao Parlamento nos próximos tempos, de cada vez que encontrar uma deputada não resistirei a perguntar-lhe, Olhe, desculpe, está cá por mérito ou pela quota? Bem, se for a Joana Amaral Dias ainda arrisco uma terceira hipótese: ou está cá porque é gira?

A única coisa boa da lei, é que, por causa do cheiro das tintas, prevê que as quotas também se aplicam aos homens. Isto é: não pode haver lista que não contenha pelo menos 1/3 de homens. Sim, eu sei que isto é uma irrelevância. Agora. Mas, por este caminho não tarda que venha a ser muito útil para os homens. Se, entretanto, as mulheres, já em maioria, não decidirem revogar a lei.
E por falar nisso: não acham que o Fórum Mulher da TSF devia ser obrigado a permitir que pelos menos 1/3 dos participantes fossem homens?

7 comentários:

C.M. disse...

Caro Carteiro, não entre em crise:

O Parlamento irá assim ficar mais bem "composto" por via da presença de (espero) belas mulheres...bom, desde que vistam bem...com uns "tailleurs" elegantes, sapatinho salto agulha, umas meias de sonho...

Ah! E de vozinha suave, que não queremos lá peixeiras!

Desculpem o machismo...e o sonho...

Kamikaze (L.P.) disse...

Oh Cabral-Mendes! Ia eu ja toda lampeira quebrar o longo jejum de comentarios, para aplaudir o Carteiro e vem logo Vexa com este discurso abaixo de machista...:)
[ja agora, alguem me explica como se chamara as mulheres que, como eu,tambem sonham com o dia em que os deputados se pareçam - ao menos no vestir! - com o George Clooney???? Desconfio que debve ser...GALINHAS!!!! e com gripe!!!)

O que vale e que, com quotas ou sem elas, as mulheres "vieram" para ficar...:)e um dia chegara, em que deixarao de ser apenas muitas, nalguns casos ja a maioria, na base e passarao, finalmente, a estar na respectiva proporçao nos lugares de direcçao e responsabilidade. Mas para isso ha muita coisa ainda a superar e nao e com quotas que se la vai! Penso eu de que.

C.M. disse...

Ah! Mas não acredite, Kami, que isto foi só brincadeira...

Olhe, pessoalmente, gosto mais de trabalhar com mulheres (desde que não estejam "contaminadas" com os vícios dos homens...).

Penso que no mundo de hoje, as mulheres estão, indubitavelmente, a ultrapassar os homens em competência e energia no trabalho. Estudam mais, são mais aplicadas, são mais esforçadas que nós...nós, homens, perdemos muito tempo em "brincadeiras", então nos estudos tal é notório.

Penso que a política, se fosse mais dominada pelas mulheres, seria radicalmente diferente, desde que, volto a sublinhar, as mulheres não copiem, por qualquer processo de osmose ou mimetismo, os defeitos terríveis dos homens: a prepotência, a arrogância, o auto-convencimento, por vezes o esmagar do outro.

M.C.R. disse...

Em tempos bem longínquos, digamos Coimbra anos sessenta, tentei que para o CITAC fosse eleita uma das nossas companheiras. Primeiro porque era competente, segundo porque não corria o risco de ir para a tropa, terceiro porque achava mais interessante e inovador, quarto porque sem se atingir de nenhum modo a igualdade homens mulheres (uma andorinha não faz a primavera...) era um sinal de progresso, de esquerda e de justiça.
Nunca ganhei. Os homens achavam mal e...as mulheres também.
Mais tarde como presidente de uma caixa de previdencia onde oitenta por cento do pessoal era feminino e só dez por cento do pessoal dirigente era constituído por mulhers, consegui ( porque tinha o poder...) que se chegasse à paridade nos cargos de chefe de secção e repartição). Foi uma experiencia empolgante que deu os melhores resultados. com um senão curioso: muitas funcionárias queixavam-se do ardor das recentes chefias e do seu rigor.
A minha mulher dirige (e é a primeira vez...) a Unidade Jurídica do seu centro de segurança social. Pelos vistos endireitou muita coisa e trabalha desalmadamente. O resto das chefias é também feminino. A coisa vai.
Força meninas!
Para que conste: abomino o feminismo. E mais: duvido que uma imposição de quotas resolva todos os problemas. É que os partidos eles próprios não tem quadros femininos. todavia rentre o imobilismo e a hipótese (disse hipótese) de melhoria aceito as quotas. Preferia-as progreesivas e por etapas mas... não sou quem manda.

M.C.R. disse...

Kami: tu quoque ? clooney?

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Não simpatizo com a ideia das quotas, mas reconheço a bondade dos argumentos daqueles que as defendem. Infelizmente, vê-se que as quotas ainda são precisas para integrar as minorias de género. Hoje as mulheres, amanhã, se calhar, os homens.
Quanto ao Fórum Mulher da TSF, aquilo mais não é do que um instrumento de marketing com vista a captar as ouvintes femininas que, às 15 horas, são maioritárias.

Kamikaze (L.P.) disse...

MCR:
sim, Clooney!!! ET ALIA...eh eh eh!!!