peregrinação lisboeta ou...
Isto chama-se peregrinação lisboeta ou... porque depois desse ou havia um segundo título que já não recordo. Algo como aventuras por ruas desconhecidas e viciosas ou o morgado do Foco em Lisboa (piada demasiado caseira) mas esqueci-me. E esqueci-me porque todo este descosido parlapíé foi pensado ao volante do honrado “Bora” enquanto tentava destrinçar um caminho para sair da Graça e chegar a território conhecido para depois poder rumar a Carcavelos, á casa da mater famílias que me esperava com um robalinho acabado de fritar. Mas o melhor é começar pelo princípio como dizia um imortal professor da não menos imortal Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
E o princípio é simples: ao fim de um mês de fisioterapia no Porto, a minha excelente mãe achou que era tempo de abandonar a casa do filho e regressar a quartéis. Lisboa portanto. Ou melhor Carcavelos ou Oeiras como queiram, que ela vive na divisória. Para ver o outro filho, os netos, os irmãos e sobrinhas e uma longa série de amigas com quem bate a cartolina. Como a Sílvia não sabe o que quer dizer “bater a cartolina” isto troca-se em miúdos. A minha mãe tem um grupo de amigas com quem há uns bons cinquenta anos joga cartas. Canasta, para ser mais concreto. Partidas renhidíssimas e altamente conviviais de que nunca se cansaram. Deus as conserve (as amigas) para a Excelente Senhora ter sempre parceiras. Eu, pobre de mim, tenho visto morrer os meus parceiros de bridge a uma velocidade estonteante. Ou o bridge é de alto risco ou nós homens morremos cedo...
Portanto, sexta feira, pela fresca matina, arrancámos para Lisboa. Eu trazia vários projectos. Encontrar a prima Maria Manuel, que se está a tornar uma freguesa destas páginas, e sacar-lhe uma prometida “história universal” de Macedo Mendes que ela e a tia Néné entenderam oferecer-me. Antes que se arrependessem o melhor era apoderar-me dos voluminhos. Depois telefonar à caríssima Kami e ao Delfim e tentar arranjar um jantarinho para rever a primeira e conhecer o segundo. Em podendo ambos, abancaríamos a locanda decente e entre duas garfadas conversaríamos e poderíamos mesmo arriscar alguma má língua sobre os restantes bloguistas.
Claro que me esqueci que tenho um irmão que jurou não prescindir de me ter à mesa para o jantar de sexta. O tio Quim por sua vez não perdoaria a minha falta à tradicional peregrinação de Sábado por livrarias, alfarrabistas e feira dos mesmos ali à Rª Anchieta (ainda bem porque encontrei mais um Salgari que me faltava:”Sandokan e a pantera dos Sunderbunds”). A mãe lembrou que aos Sábados há um cozido à portuguesa decente num restaurante de que ela gosta muito pelo que acabámos por ir lá almoçar no sábado com o tio e a prima já referidos. Depois, desatámos à conversa e quando demos conta já eram quase horas de jantar de modo que os projectos de telefonema e eventual jantar com a Kami e o DLM foram por água abaixo. Como amanhã pelas nove da manhã desando para o Porto, ficou tudo em águas de bacalhau. Tive apenas o tempo necessário para levar tio e prima às respectivas casas. Depositados um e outra, guardados os livros na mala do carro, perguntei à Manuel como é que se saía dali, da rua dela, uma rua com um nome absolutamente trivial: Damasceno Monteiro. Ela com a lampeirice dos habitantes da capital retorquiu-me que era facílimo: subia a rua, virava à esquerda, apanhava a rª da Graça e mais não sei o quê.
Convém explicar que eu já guiei em Paris, em Berlim ou Madrid. Guiei por essa Itália toda, arriscando a vida mais vezes do que a prudência temerária dos lusitanos aconselha. Com uma excepção: não guiei em Veneza por não dispor de barco capaz e por não ter carta de marinheiro.
Lisboa foi, por muitos e bons anos, canja. Conheço-lhe ruas e ruelas desde os anos em que fugia da polícia ou andavas metido com uns doidos a transportar copiógrafos e outros instrumentos subversivos por ruas conspícuas. Acho que fazíamos isso mais por diversão do que por política. O Deus dos inconscientes estendeu sobre nós uma mão protectora e nunca fomos apanhados. Mesmo depois de tomar juízo e já ter havido o 25 de Abril continuei a passear-me de carro por uma Lisboa mais ou menos pecaminosa, levando ou trazendo alguma eventual namorada. Com o Eduardo Guerra Carneiro corri ruas e ruas atrás de umas musas que ele ia conhecendo e de que imediatamente se apaixonava perdidamente. Só que... só que os anos passaram e Lisboa agora é um dédalo de ruas e avenidas com sentidos únicos, coisa que desencoraja um cavalheiro que antes a conheceu a pé e com a hipótese de fazer as mais alucinadas curvas, contracurvas e inversões de marcha. A civilização, as autoridades municipais e o portuguesíssimo vício de complicar dão cabo das melhores intenções. Em saindo dos grandes eixos conhecidos, já me não entendo. Na Graça ainda menos. Portanto, desouvi o conselho da prima e zás virei à direita. Já que o país optou por Cavaco decidi juntar-me metaforicamente á maioria uma vez sem exemplo. O que eu fui fazer! Caí numa espécie de azinhaga que descia a pique não para o Tejo mas provavelmente para as catacumbas romanas. Era noite, eu não conhecia nenhuma daquelas ruas que me apareciam. Os nomes delas não me diziam nada. Enfim resolvi ir descendo e vendo. Nem vos digo das ruas por que passei. Umas não tinham nome. Outras chamavam-se Forno do Tijolo, Jacinta Marto, Funerária Ramos (desta não estou certo) ou qualquer coisa Bonifácio. E eu perdido. Pior. Eu com uma súbita e irreprimível vontade de mijar (ia a dizer urinar mas pareceu-me pretensioso). Desviemos aqui a história: nos velhos tempos de Coimbra, um grupo de estúrdios entendeu criar um grupo, uma associação, um clube. O grupo dos Pequenos Prazeres. A ideia base era esta: os grandes prazeres, sobretudo para um grupo de estudantes sem dinheiro que se visse, não só não estavam ao no$$o alcance mas sobretudo são raríssimos. Quando se tem dezoito, vinte anos, quer-se muita agitação mesmo que efémera. Para isso só há uma solução: deixar os grandes prazeres a abeberar e lançar mão dos pequenos. E para dar um exemplo de um pequeno prazer ao alcance de qualquer bolsa e de todas as imaginações, equacionou-se: “mijar quando se tem vontade”, quando já não há escapatória a menos que se pretenda ficar com as calças num destroço. Do alegre grupo já só recordo o António Barreto, esse mesmo, o ex-ministro que deu origem ao célebre slogan comunista “ A luta continua/ Barreto para a rua!”, e o Hélder Costa, encenador e director de “A Barraca”. E este vosso criado.
Voltemos às nossas encomendas: eu perdido em ruas nefandas, doido por mijar, sem me atrever a sair do carro e pimba, aí vai água, que a polícia não perdoa e um cavalheiro na casa dos sessenta não se pode a esses luxos. O pequeno prazer que esperasse.
O deus dos aflitos lá se amerceou de mim e de repente descobri uma série de placas animadoras: Marquês, Rato, A5 e tutti quanti. Eia avante, portugueses! Com a pressa esqueci-me de entrar na avenida da Liberdade e, quando tentei emendar a mão, caí numa rua cheia de polícias que me olharam com maus olhos (olhos de polícia, pronto!) e me mandaram fazer meia volta. Nessa altura já o Marquês era uma saudade pelo que enfiei na direcção do Rato. Como bom canhoto esqueci-me de virar à direita o que me precipitou para S Bento. Chegado à frente do parlamento, território conhecido, cumprimentei a velha sede do MES ali à D. Carlos e ala que se faz tarde, mandei os princípios às malvas e à direita volver para a 24 de Julho. Apesar de o fazer com as necessárias licenças, semáforo verde e tudo, ia apanhando com uma carripana merdosa que vinha a toda a brida com todos os piscapiscas ligados. O suicida que o conduzia devia pensar que basta ligar os piscapisca que tudo se arreda. Salvei-me e salvei-o graças à consabida perícia que sempre me fez desejar ser rico e ter um chauffeur. Dali pela marginal até ao desvio para Oeiras descobri que ninguém (nem eu, aliás) respeitava o limite de velocidade. Aquilo parecia um rallye. Ai querem dança? Então tomem lá. Cheguei a Oeiras e à fronteira com Carcavelos em menos de um fósforo. Entrei pela casa materna como um furacão e lá fui experimentar o tal pequeno prazer que, com estes atrasos todos, se transformou num grande prazer. E salvei a honra e consideração que me são devidas e poupei um excelente par de calças a um baptismo demasiado profano.
nota:
Claro que me esqueci que tenho um irmão que jurou não prescindir de me ter à mesa para o jantar de sexta. O tio Quim por sua vez não perdoaria a minha falta à tradicional peregrinação de Sábado por livrarias, alfarrabistas e feira dos mesmos ali à Rª Anchieta (ainda bem porque encontrei mais um Salgari que me faltava:”Sandokan e a pantera dos Sunderbunds”). A mãe lembrou que aos Sábados há um cozido à portuguesa decente num restaurante de que ela gosta muito pelo que acabámos por ir lá almoçar no sábado com o tio e a prima já referidos. Depois, desatámos à conversa e quando demos conta já eram quase horas de jantar de modo que os projectos de telefonema e eventual jantar com a Kami e o DLM foram por água abaixo. Como amanhã pelas nove da manhã desando para o Porto, ficou tudo em águas de bacalhau. Tive apenas o tempo necessário para levar tio e prima às respectivas casas. Depositados um e outra, guardados os livros na mala do carro, perguntei à Manuel como é que se saía dali, da rua dela, uma rua com um nome absolutamente trivial: Damasceno Monteiro. Ela com a lampeirice dos habitantes da capital retorquiu-me que era facílimo: subia a rua, virava à esquerda, apanhava a rª da Graça e mais não sei o quê.
Convém explicar que eu já guiei em Paris, em Berlim ou Madrid. Guiei por essa Itália toda, arriscando a vida mais vezes do que a prudência temerária dos lusitanos aconselha. Com uma excepção: não guiei em Veneza por não dispor de barco capaz e por não ter carta de marinheiro.
Lisboa foi, por muitos e bons anos, canja. Conheço-lhe ruas e ruelas desde os anos em que fugia da polícia ou andavas metido com uns doidos a transportar copiógrafos e outros instrumentos subversivos por ruas conspícuas. Acho que fazíamos isso mais por diversão do que por política. O Deus dos inconscientes estendeu sobre nós uma mão protectora e nunca fomos apanhados. Mesmo depois de tomar juízo e já ter havido o 25 de Abril continuei a passear-me de carro por uma Lisboa mais ou menos pecaminosa, levando ou trazendo alguma eventual namorada. Com o Eduardo Guerra Carneiro corri ruas e ruas atrás de umas musas que ele ia conhecendo e de que imediatamente se apaixonava perdidamente. Só que... só que os anos passaram e Lisboa agora é um dédalo de ruas e avenidas com sentidos únicos, coisa que desencoraja um cavalheiro que antes a conheceu a pé e com a hipótese de fazer as mais alucinadas curvas, contracurvas e inversões de marcha. A civilização, as autoridades municipais e o portuguesíssimo vício de complicar dão cabo das melhores intenções. Em saindo dos grandes eixos conhecidos, já me não entendo. Na Graça ainda menos. Portanto, desouvi o conselho da prima e zás virei à direita. Já que o país optou por Cavaco decidi juntar-me metaforicamente á maioria uma vez sem exemplo. O que eu fui fazer! Caí numa espécie de azinhaga que descia a pique não para o Tejo mas provavelmente para as catacumbas romanas. Era noite, eu não conhecia nenhuma daquelas ruas que me apareciam. Os nomes delas não me diziam nada. Enfim resolvi ir descendo e vendo. Nem vos digo das ruas por que passei. Umas não tinham nome. Outras chamavam-se Forno do Tijolo, Jacinta Marto, Funerária Ramos (desta não estou certo) ou qualquer coisa Bonifácio. E eu perdido. Pior. Eu com uma súbita e irreprimível vontade de mijar (ia a dizer urinar mas pareceu-me pretensioso). Desviemos aqui a história: nos velhos tempos de Coimbra, um grupo de estúrdios entendeu criar um grupo, uma associação, um clube. O grupo dos Pequenos Prazeres. A ideia base era esta: os grandes prazeres, sobretudo para um grupo de estudantes sem dinheiro que se visse, não só não estavam ao no$$o alcance mas sobretudo são raríssimos. Quando se tem dezoito, vinte anos, quer-se muita agitação mesmo que efémera. Para isso só há uma solução: deixar os grandes prazeres a abeberar e lançar mão dos pequenos. E para dar um exemplo de um pequeno prazer ao alcance de qualquer bolsa e de todas as imaginações, equacionou-se: “mijar quando se tem vontade”, quando já não há escapatória a menos que se pretenda ficar com as calças num destroço. Do alegre grupo já só recordo o António Barreto, esse mesmo, o ex-ministro que deu origem ao célebre slogan comunista “ A luta continua/ Barreto para a rua!”, e o Hélder Costa, encenador e director de “A Barraca”. E este vosso criado.
Voltemos às nossas encomendas: eu perdido em ruas nefandas, doido por mijar, sem me atrever a sair do carro e pimba, aí vai água, que a polícia não perdoa e um cavalheiro na casa dos sessenta não se pode a esses luxos. O pequeno prazer que esperasse.
O deus dos aflitos lá se amerceou de mim e de repente descobri uma série de placas animadoras: Marquês, Rato, A5 e tutti quanti. Eia avante, portugueses! Com a pressa esqueci-me de entrar na avenida da Liberdade e, quando tentei emendar a mão, caí numa rua cheia de polícias que me olharam com maus olhos (olhos de polícia, pronto!) e me mandaram fazer meia volta. Nessa altura já o Marquês era uma saudade pelo que enfiei na direcção do Rato. Como bom canhoto esqueci-me de virar à direita o que me precipitou para S Bento. Chegado à frente do parlamento, território conhecido, cumprimentei a velha sede do MES ali à D. Carlos e ala que se faz tarde, mandei os princípios às malvas e à direita volver para a 24 de Julho. Apesar de o fazer com as necessárias licenças, semáforo verde e tudo, ia apanhando com uma carripana merdosa que vinha a toda a brida com todos os piscapiscas ligados. O suicida que o conduzia devia pensar que basta ligar os piscapisca que tudo se arreda. Salvei-me e salvei-o graças à consabida perícia que sempre me fez desejar ser rico e ter um chauffeur. Dali pela marginal até ao desvio para Oeiras descobri que ninguém (nem eu, aliás) respeitava o limite de velocidade. Aquilo parecia um rallye. Ai querem dança? Então tomem lá. Cheguei a Oeiras e à fronteira com Carcavelos em menos de um fósforo. Entrei pela casa materna como um furacão e lá fui experimentar o tal pequeno prazer que, com estes atrasos todos, se transformou num grande prazer. E salvei a honra e consideração que me são devidas e poupei um excelente par de calças a um baptismo demasiado profano.
nota:
Macedo Mendes:professor da Escola de Belas Artes nos anos 40 que se lançou sozinho à aventura de escrever uma Historia Universal. Era para ser em 10 volumes mas tenho os 6 primeiros completos. Falta todo o sétimo, os vol 8º, 10º, 11º e 12º estaõ incompletos e o 9º está completo mas como os restantes ainda está em fascículos. Também não possuo as capas para estes volumes. A editora é a Cosmos mas não creio que ainda tenha lá fascículos ou capas - inuteis agora - à venda. Pelas minhas contas para chegar até ao fim da primeira metade do séc. XX ainda faltariam uns bons 4 volumes. Curiosamente anunciava-se que cada volume teria quinhentas páginas, 250 gravuras, 16 hors texte, indices remissivos etc... mas o autor em todos se excedeu havendo volumes com mais de 800 páginas! Não admira que a empresa tenha soçobrado. Junta-se esta nota não só porque parce nttável alguém atrever-se sozinho a uma coisa destas mas também porque algum dos meus parcos leitores pode - sabe-se lá - deparar com os volumes e os fascículos em falta e querer ter a amabilidade de me avisar. Dão-se alviçaras e muita gratidão.
4 comentários:
ehehehehehehehe
Cheguei a casa, após um jantarinho de Domingo.
Venho dar uma espreitadela ao Incursões (decididamente tenho de arranhar um pc portátil, a fim de poder estar mais próximo da minha uxor potestas...assim, tipo reclinado na cama, a clicar aqui umas coisas…)
Bem, dizia eu que ao dar uma vista de olhos na nossa folha, eis que deparo com o texto do MCR: delicioso!
Ora, mal sabia eu que andava este nosso amigo em terras de “mouros”! Bem que ele tinha “ameaçado!”
Pois bem, há-de ficar para um próxima oportunidade, não esqueço.
Telefone, ok?
Apenas um pormenor: ri a bom rir, da descrição sua, MCR, das ruas que percorreu. Então estou mesmo a ver: o meu amigo desceu da Graça para o….INTENDENTE!!!
Não haja dúvidas que lhe devem ter lançado uns olhos “ maus” esses polícias…é que Vexa deveria ter um ar mesmo deslocado daquele antro…Deve ter passado depois pela Avª Almirante Reis (isto é só Republicanos…), subido a Rua Jacinta Marto (uma dos três pastorinhos, MCR…) passado à frente dos manhosos da Bófia, descido a Avª Duque de Loulé (que é proibido…) e eis o Marquês de Pombal: e ala que se faz tarde…para Carcavelos…ai não, ainda foi a São Bento, antes passou no Largo do Rato (não sei se foi à sede do PS…), enfim um passeio turístico…também hei-de fazer, não poucas vezes, esses feitos na cidade do Porto…
Venha sempre a esta cidade que, apesar daquilo que o nosso Carteiro diz, é bem bonita, especialmente agora, que nos devolveram o nosso Rio Tejo, que sempre nos foi negado. MCR!
P.S.: assaltou-me uma dúvida: será que o MCR não deu um “pulinho” ali à Junqueira, para participar nas jornadas das “NOVAS FRONTEIRAS”do PS? HUM!……………
(Estive para ir; gostava de ter dito umas “bocas” no painel da Administração Pública…mas a família potestas desta feita ganhou a melhor…)
Diverti-me com esta, MCR. Ah, que coisa boa! E além disso aprendi, pois então, bater a cartolina... : )
Graça e boa escrita são assim, prendem-nos.
Abraços,
Silvia
Que grande aventura pela "mouraria"!
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