Nesta Sexta à noite achei que devia tentar adormecer cedo e tentar dormir tantas horas quantas pudesse, desde que acordasse a tempo de comer qualquer coisa e ler o Expresso à pressa e conseguisse estar às 6.30 horas da tarde na Fundação Eugénio de Andrade para ouvir a Maria Bochicchio (foto de O Primeiro de Janeiro), namorada do primo, numa dissertação sobre as perspectivas actuais da poesia italiana.
Adormeci. Acordei em sobressalto, por mim. A luz verde do relógio ali estava, cruel: 6.25 Horas! Lembrei-me da conferência da Maria. Raio! Lá se vai a fama da minha lendária pontualidade quase neurótica. Levantei-me de um salto, escorreguei no tapete e fui ao chão, meti-me sob o chuveiro para um duche rápido, como é que é possível ter dormido tantas horas seguidas, meu Deus, devo andar pior do que julgo e estou mesmo nos limites. Esfrego-me na toalha com vigor, abro a janela, o tempo não está muito mau mas já começa a ficar escuro, vá lá que não há muito trânsito, ponho-me na Foz num instante. Volto a olhar para o relógio de números verdes. 6.35! 6.35? Um fogacho de lucidez diz-me que alguma coisa não está bem, a começar por mim, que tenho sono e costumo ser pontual. Olho outra vez: 6.36! Sento-me na cama, olhar de esguelha para o relógio. 6.36? Que parvo, pá, são 6.36 mas da manhã. A conferência é só às 6.30 da tarde e são 6.36 da manhã, percebes? Daahh!
Volto a vestir o pijama. Um olho no sono e outro ainda desconfiado no relógio de números verdes. Adormeci. Dormi mal o resto do tempo, mas adormeci.
E às 6.30 da tarde, com os jornais já meios lidos, a pontualidade em pessoa estava na Fundação. A palestra correu bem. A Maria com o seu português adocicado (quatro anos em Portugal por um doutoramento em curso), levou-nos por uma interressante viagem por Eugenio Montale, Pasolini, Edoardo Sanguineti, Attilio Bertolucci, Gianfranco Ciabatti, Patrizia Valduga, Marco Berisso, Andrea Zanzotto, Giampero Neri, Amelia Rosselli, Giovanni Raboni, Alda Merini (uma história de vida alucinante entre a lucidez e a loucura) Fabio Pusterla, Antonella Anedda, Valerio Magrelli, Dome Bulfaro, Stefano Raimondi, e por aí.
E às 6.30 da tarde, com os jornais já meios lidos, a pontualidade em pessoa estava na Fundação. A palestra correu bem. A Maria com o seu português adocicado (quatro anos em Portugal por um doutoramento em curso), levou-nos por uma interressante viagem por Eugenio Montale, Pasolini, Edoardo Sanguineti, Attilio Bertolucci, Gianfranco Ciabatti, Patrizia Valduga, Marco Berisso, Andrea Zanzotto, Giampero Neri, Amelia Rosselli, Giovanni Raboni, Alda Merini (uma história de vida alucinante entre a lucidez e a loucura) Fabio Pusterla, Antonella Anedda, Valerio Magrelli, Dome Bulfaro, Stefano Raimondi, e por aí.
Jantamos a seguir. No Oporto, ali ao lado. O melhor restaurante do Porto, diz o João, que andava há meses a ameaçar uma incursão. Bem. O melhor não digo. Mas certamente um dos mais bonitos e um sítio de pessoas bonitas. Já não pude seguir com eles o resto da noite, que tinha de passar ainda por casa da Ju que fazia anos. Não vim tarde para casa. Por falar nisso: que horas são? Ah, da noite, pois...
16 comentários:
: )
Carteiro:
diga ao joão que o melhor restaurante do Porto é a Cooperativa dos Pedreiros. O resto é mera paisagem.
Carteiro:
diga ao joão que o melhor restaurante do Porto é a Cooperativa dos Pedreiros. O resto é mera paisagem.
Já lá não vou há uns anitos, mas é sem dúvida um excelente restaurante, MCR. E com excelente paisagem, de resto. Quanto ao mais, ontem na Fundação lembrei-me de si e ao jantar fartei-me de lhe tecer elogios. Ok. Não precisa de agradecer.
Já agora,aproveito para informar que o ciclo de palestras da Fundação Eugénio de Andrade, que começou no início do mês de Março, prossegue em Abril:
Dia 1 - Poesia alemã (João Barrento);
Dia 8 - Poesia espanhola (Maria Eugénia Díaz);
Dia 22 - Poesia estadunidense (Maria Irene Ramalho);
Dia 29 - Poesia Brasileira (Arnaldo Saraiva).
Ah Caro Carteiro! A Maria Bochicchio!...como nós o compreendemos!...
Ó, Delfim, é a namorada do primo. Por isso, para mim é homem.
Meu caro Carteiro: isso de morada de parente ser homem para o seu olho guloso tem muito que se lhe diga.
Eu tenho até uma proposta a fazer-lhe a Si e aos nossos restantes amigos: leiam deppressa "Navegação de Cabotagem" de Jorge Amado. É divertidíssimo, comnta histórias saborosas do mundo da cultura, mormente da de esquerda e tem lá um episódio de nora ser homem para sogro. Leiam. Vale mesmo a pena. Ouviu Delfim?
Ó valha-me Deus! Para mim há coisas sagradas! Olhe lá, MCR, como correu aquilo em Matosinhos? Afinal até podia ter ido - Mirandela adiado - mas estava já de tal forma formatado que, acabei por naõ me lembrar...
Mas. não é em Abril?
Agora percebo, Carteiro, essa de ter julgamento no dia 25 (de Abril?).
Pois, tem razão, Rui do carmo! Eu estava completamente comvencido de que a actuação de MCR era esta segunda-feira. Nem vi o dia do mês nem o mês! Quando li, pensei que era esta segunda-feira... Que quer? De um tipo que confunde as horas, não se pode esperar muito em relação aos dias e menos aos meses. Mas diz mais: no sábado, um amigo disse-me que ia a uma coisa da Câmara de Matosinhos e eu insisti que era por causa dos colóquios do MCR... Velhice, pois.
Também fui eu que fui à apresentação do livro da Silvia... na véspera...
Carteiro! você anda mas é apaixonado...
que inveja!...
MCR: plenamente de acordo...
Que invejosos! :-) A minha vida tem sido uma sucessão de paixões, umas boas, outras más...
Mas aproveito para contar uma história: há dias, encontrei uma minha amiga que estava a falar com um meu amigo na baixa do Porto. Nenhum de nós sabia que os outros conheciam os outros. E eu, discreto como sempre, lá atirei: Olha, uma das poucas mulheres que quis e não tive! E ela: Palhaço! O que julgas que eu ia fazer todas as noites ao (...)?
Chatice, não é?
Carteiro V ainda é mais desastrado do que eu!
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