Sinto-me desolado. Os Óscares foram atribuídos e eu não vi nenhum dos laureados. Excesso de oferta, penso, quando me dizem que eu sou um tolo, porque janto quase todos os dias no mesmo sítio, que é a poucos metros do maior complexo de salas de cinema do Grande Porto, e não tenho a tentação de atravessar o corredor e ir ver os filmes que falam.
É mesmo isso. Do sítio onde janto, vejo a mudança regular dos cartazes. Vejo a caminhada apressada dos que vão ver as fitas. Vejo o regresso dos que já viram as fitas e, como é natural, conheço muitos, que me vêem, e que passam pela minha mesa e me contam o que viram. Isso. E também a tendência para ler os jornais e ler nos jornais o que se escreve sobre as fitas, tornam-me as fitas tão próximas como se as tivesse visto.
Pondero seriamente começar a comprar pipocas e ficar a comê-las nas minha mesa, como se estivesse a ver a fita. Num sítio onde posso fumar, coisa que não posso fazer se atravessar o corredor e entrar na sala das fitas.
Rio de mim. Da minha própria capacidade para gozar com isto. É que ontem à noite percebi algumas coisas estranhas. Depois de chegar a casa, depois de jantar, não tinha cabo. Nem TV nem net. E nem sequer me apetecia ler. As minhas janelas para o mundo estavam fechadas e, por momentos, tive saudades das noites vadias, das noites cansadas, dos excessos, em que dissimulava dores com amores fugazes e vadios, apesar de tudo melhores do que as noites vazias que fustigam, mas que não resolvem coisa nenhuma numa alma atribulada.
Não tenho jeito para amores vadios. Não é grave. Nunca foi grave, mesmo no tempos em que toda a loucura era permitida e havia amores vadios, apesar de tudo muito menos do que aqueles que me colam.
(Que me resta? Os olhos negros que falam, fugidios, um poema sublinhado que não consigo olhar de frente...)
É mesmo isso. Do sítio onde janto, vejo a mudança regular dos cartazes. Vejo a caminhada apressada dos que vão ver as fitas. Vejo o regresso dos que já viram as fitas e, como é natural, conheço muitos, que me vêem, e que passam pela minha mesa e me contam o que viram. Isso. E também a tendência para ler os jornais e ler nos jornais o que se escreve sobre as fitas, tornam-me as fitas tão próximas como se as tivesse visto.
Pondero seriamente começar a comprar pipocas e ficar a comê-las nas minha mesa, como se estivesse a ver a fita. Num sítio onde posso fumar, coisa que não posso fazer se atravessar o corredor e entrar na sala das fitas.
Rio de mim. Da minha própria capacidade para gozar com isto. É que ontem à noite percebi algumas coisas estranhas. Depois de chegar a casa, depois de jantar, não tinha cabo. Nem TV nem net. E nem sequer me apetecia ler. As minhas janelas para o mundo estavam fechadas e, por momentos, tive saudades das noites vadias, das noites cansadas, dos excessos, em que dissimulava dores com amores fugazes e vadios, apesar de tudo melhores do que as noites vazias que fustigam, mas que não resolvem coisa nenhuma numa alma atribulada.
Não tenho jeito para amores vadios. Não é grave. Nunca foi grave, mesmo no tempos em que toda a loucura era permitida e havia amores vadios, apesar de tudo muito menos do que aqueles que me colam.
(Que me resta? Os olhos negros que falam, fugidios, um poema sublinhado que não consigo olhar de frente...)
7 comentários:
Muito bem, Muito bem, mesmo.
Vc vê? Sempre vale a pena ler estes seus textos. Sempre nos põem a pensar.
Obrigada por eles.
Abraços,
Silvia
Diria mais: Muito bem. Muito bem mesmo!
Tanto o MCR como o Carteiro têm estilos de escrita que não consigo "catalogar"; assim sendo, parece-me que conseguiram, de uma maneira tão feliz, e talvez até de um modo inconsciente, reinventar uma certa maneira de dizer as coisas, de transmitir estados de alma que deliciam quem os lê...
Bem hajam pelos momentos de prazer que concedem a todos nós...
Os meus amigos são mesmo muito complacentes comigo... Obrigado.
Carteiro
não resisto a esta:
Cmplacente é o hímen!
nota: já é 9 de Março...
Nem todos, nem todos...
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