03 março 2006

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso...


Ao ler estes postais a relatar todo este drama da pedofilia, fiquei triste, a pensar no mundo em que vivemos, a pensar que é o homem, afinal, com as suas atitudes desviantes, que faz o inferno na terra.

A nossa sociedade está minada no seu interior por uma crise de valores, sem moral e sem espiritualidade (como a queiram entender) e parece não haver coragem para inverter a situação.

O mundo perdeu a sua inocência…

E lembrei-me, após uma breve reflexão nos textos de Forte e de MCR, de um poema que me acompanha há muitos anos (ele há vários, sobretudo do José Agostinho Baptista…) e que gostaria de vos oferecer. Ele é tão lindo e comovente…

Aqui vai uma pequeníssima parte:

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.

Jorge de Sena, (Metamorfoses)


( tal seria o paraíso…)

2 comentários:

M.C.R. disse...

Ora aí está. Um poema de alta qualidade a reflectir a angustia destes tempos, mesmo se vem à boleia de uma digna reflexão que traz uma implicita mensagem ...
Um abraço apóstolo DLM,

C.M. disse...

Obrigado, MCR...