Está a poucas horas de terminar o segundo mandato presidencial de Jorge Sampaio. Votei nele, convictamente, nas eleições de 1996 e de 2001. Achei sempre que poderia ser, como penso que foi, um bom Presidente para Portugal.
Activista das lutas académicas e dos movimentos oposicionistas, passou pelos anos da brasa como dirigente do “histórico” MES e secretário de Estado em governos provisórios. Aderiu mais tarde ao PS, chegando a deputado, líder parlamentar e secretário-geral. Derrotou Marcelo Rebelo de Sousa nas autárquicas de Lisboa em 1989 e foi derrotado por Cavaco Silva nas legislativas de 1991, cedendo então a liderança do partido a António Guterres. Impôs mais tarde a sua candidatura presidencial ao PS, conseguindo a “desforra” sobre Cavaco Silva em 1996.
Foi um presidente próximo das pessoas, dialogante, interessado e empenhado. A maior crítica que se lhe pode fazer talvez seja a incapacidade revelada para resolver problemas concretos e impor reformas imprescindíveis ao país, que vive momentos difíceis. Nunca quis, contudo, seguir pela via da confrontação com o poder executivo. Não lhe estava na pele.
Teve um papel destacado na criação de um clima internacional propício à independência de Timor. Foi um respeitado comandante supremo das forças armadas. Teve uma fase muito difícil com a sucessão de Durão Barroso e o governo de Santana Lopes, mas soube ultrapassá-la com nota francamente positiva. Geriu de forma elevada o processo de transição para o futuro Presidente, mostrando que não havia lugar a qualquer azedume pela disputa realizada há dez anos atrás.
Jorge Sampaio sai amanhã pela porta grande do Palácio de Belém.
Activista das lutas académicas e dos movimentos oposicionistas, passou pelos anos da brasa como dirigente do “histórico” MES e secretário de Estado em governos provisórios. Aderiu mais tarde ao PS, chegando a deputado, líder parlamentar e secretário-geral. Derrotou Marcelo Rebelo de Sousa nas autárquicas de Lisboa em 1989 e foi derrotado por Cavaco Silva nas legislativas de 1991, cedendo então a liderança do partido a António Guterres. Impôs mais tarde a sua candidatura presidencial ao PS, conseguindo a “desforra” sobre Cavaco Silva em 1996.
Foi um presidente próximo das pessoas, dialogante, interessado e empenhado. A maior crítica que se lhe pode fazer talvez seja a incapacidade revelada para resolver problemas concretos e impor reformas imprescindíveis ao país, que vive momentos difíceis. Nunca quis, contudo, seguir pela via da confrontação com o poder executivo. Não lhe estava na pele.
Teve um papel destacado na criação de um clima internacional propício à independência de Timor. Foi um respeitado comandante supremo das forças armadas. Teve uma fase muito difícil com a sucessão de Durão Barroso e o governo de Santana Lopes, mas soube ultrapassá-la com nota francamente positiva. Geriu de forma elevada o processo de transição para o futuro Presidente, mostrando que não havia lugar a qualquer azedume pela disputa realizada há dez anos atrás.
Jorge Sampaio sai amanhã pela porta grande do Palácio de Belém.
6 comentários:
Conheci o Jorge em 25 de novembro de1961 (Tomada da Bastilha em Coimbra). Nessa altura disse ao antónio Barreto, caloiro do meu ano, "estes gajos de Lisboa vestem-se bem". De facto o então secretário Geral da RIA (reunião inter-associações) de Lisboa usava um sumptuoso blusão que devia custar uma pipa de massa.
depois em 62 foi o que se viu.
Quando advogava (bem, muito bem) defendeu amigos comuns e chegou a ter uma procuração minha para o caso de...
No MES estivemos do mesmo lado mas eu saí depoid dele. Frequentei, sem me associar, o GIS (Grupo de Intervenção Socialista) e nos anos setenta era habitual companheiro dele e de mais gente na célebre mesa de almoço no Hotel Florida: uma ou duas vezes por semana lá assentava praça. foi em minha casa, cá no Porto, que ele e amigos (Ex-secretariado) fizeram as reuniões conspirativas durante o congresso do PS no Palácio de Cristal.
E por aí fora até hoje. foi um presidente digno, escrupuloso e respeitador da legalidade. não consseguiu mostrar ás pessoas o seu lado mais interessante: um homem culto com um elevadissimo sentido de humor. Os seus discursos (ao contrário dos tempos de estudante) eram chatos como a potassa, deus seja louvado. Havemos de ter saudades dele.
Para a petite histoire (atenção José, atenção Delfim) o Jorge, com o Cravinho, o Nuno Bragança, o Vasco Pulido Valente e mais uns tantos (Nuno Brederode penso) fez parte do MAR (Movimento de Acção Revolucionária) nos anos 60.
Mais um pedaço de História ( com H grande!") que acabo de aprender e...absorver!
Mas este MCR esteve em tudo quanto é gente e sítio!!!
Ai essas Memórias por escrito, meu menino!!!!!!
Desculpem-me, que o assunto é desagradável. mas se só falarmos do que é agradável....
Sinceramente, tenho pena que, na recta final, Jorge Sampaio tenha ido à Argélia, em homenagem a Teixeira Gomes, motivo da deslocação, inaugurar um monumento a este, num tempo em que se está a viver todo este escândalo da pedofilia, onde, e parafraseando aqui o Prof. Adelino Maltez, “repetimos muita da lama com que se enredou o Presidente Manuel Teixeira Gomes”!
Isto é assustador...
Quem terá induzido Jorge Sampaio a realizar toda esta "encenação" é que seria interessante saber…
De Teixeira Gomes apenas li um par de novelas. Interessante e ponto final parágrafo. O estilo tem mérito.
Desconheço qualquer lado escuro da sua biografia, como parece depreender-se do texto de DLM. Politicamente preferiu viver no exílio a suportar a ditadura.
Suponho que terá sido isso que motivou Sampaio.
2 DLM: eu não estive em todas mas só em algumas. Não se esqueça que comecei a minha vida política em 1960, na "oposicrática". Éramos tão poucos que forçosamente nos conhecíamos quase todos. Éramos mesmo muito poucos. A pontos da Engª Virgínia de Moura (que durante anos foi a face visivel do PC e pertencia ao seu Comité Central) sempre que havia uma reunião oposicionista e nela coincidíamos, me ferrava um beijo na face penugenta e dizia: "a juventude está conosco". A juventude, as mais das vezes, era este seu criado. O pior da história está por contar: a Engª usava um baton vermelho forte daqueles que marcava por muito tempo. Um dia um dos nossos companheiros, talvez o Dr Vareda, de Leiria ou o Vasco da Gama Fernandes disse: "a pide fica logo a saber quem cá esteve: trazemos o ferrete vermelho na bochecha". Falo destes dois porque isto foi dito numa reunião em S Pedro de Muel e eram eles os anfitriões.
Portanto: eramos poucos, conhecíamo-nos e finalmente ganhámos a longa guerra que travamos durante muitos anos, Por mim foram 14 de activo empenhamento. Mas foi só isto. Nada mais. É história com h pequeno, mas história, claro.
Um abraço
ps: lamento as gralhas que enxameiam o meu 1º comentário : é o resultado de escrever de corrida e não parar para corrigir. Estão a ver?
MCR, "aceito" a sua modéstia...mas sinto que a sua história é bem recheada e...apimentada, como se vê por este seu postal...
Adorei e achei deliciosa essa história do "baton"...essa da Pide saber quem lá tinha estado só por causa do "rouge"...
É de rir a bandeiras despregadas...
Eu acho que a piada do vermelho é de um dos dois oposicráticos leirienses. Mesmo que seja minha, ficava-lhes bem àqueles dois republicanões... E cotrajosos que eram.
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