05 março 2006

A Prima Maria Manuel, o primo Marcelo os escritores o PS e eu


Francisco Belard, na "Revista Actual” do “Expresso” deste fim-de-semana, no seu artigo intitulado “A cidade e os livros - Correntes d’Escritas: alguns factos e figuras na edição de 2006”, (evento que teve lugar há poucas semanas na Póvoa de Varzim) diz-nos, a dado passo, o seguinte:

“ [o escritor] Manuel Rui (…) Amigo dos tempos de Coimbra (ou da Casa dos Estudantes do Império) de Marcelo Correia Ribeiro, por sua vez meu amigo do tempo do Festival da Figueira da Foz. Marcelo, escritor bissexto, tradutor escrupulosíssimo, apresentou no ano passado a cubana Ena Lucía Portela e este ano a portuguesa Maria Manuel Viana (A Vida Dupla de Mª João, Teorema), sua «prima carnal», que me lembrava de ver na Figueira e não sabia que era escritora. Marcelo finge sempre insultar Manuel Rui, e costuma seguir-se uma série de episódios da «petite histoire», hoje para sorrir, que envolvem quase sempre a PIDE. Quando é que estes homens publicam essas memórias?” .

Esta questão já eu aqui a coloquei, algures. Creio que a Memória é algo demasiado precioso para se perder. Então, há que a colocar em “letra de forma”e, no caso de Marcelo Correia Ribeiro trata-se de um imperativo, dada a qualidade da sua escrita, a vivacidade a ironia e a (rara hoje em dia) alegria com que nos brinda com as suas “incursões” em mundos que alguns viveram e outros, aos quais não lhes tendo sido dado viver esse tempo, ficam a conhecer traços de uma sociedade que, quer queiramos ou não, já não existe, mas cuja influência se faz ainda hoje sentir no nosso quotidiano.

Mas creio que esta capacidade de escrita será algo de genético na família de Correia Ribeiro. Com efeito, lembro aqui que ele tem uma (deliciosa) prima, a acima referida Maria Manuel Viana, a qual lançou há cerca de duas semanas, na Livraria Bertrand de Picoas - Lisboa, o seu último livro.

Dos temas deste são-nos dadas (para aguçar o apetite) algumas ideias na contracapa:

“Quem é a verdadeira Mª João? A professora de quadro de nomeação definitiva na Lousã, a aluna do mestrado sobre Barthes, a órfã de pais e do filho que nasceu morto, a amiga cúmplice de Ana B., a mulher que envia mensagens confidenciais ao homem por quem pensa estar apaixonada, a escritora de livros eróticos (ou pornográficos?) que assina sob pseudónimo, a rapariguinha gauche que nunca cresceu e que vive no mundo das estórias de Joanica-Puff, Cristóvão Robin, Porquito, Kanga e Ru?
Ou só há uma Mª João, feita de contradições, de sonhos, de medos, que se recusa, qual Peter Pan andrógino, a viver no mundo real, inventando um mundo só dela, habitado por aqueles que ama e que vai perdendo dia após dia, na lentidão e lassitude em que morremos todos um pouco?”

Pois, na verdade, “descobri” a tempo que a Maria Manuel Viana iria lançar o seu livro aqui em Lisboa. Já o tinha feito no Norte, como o nosso MCR tinha referido num dos seus postais.

E lá fui.

Foi uma festa! Estava lá, para além de diversos escritores que foram acompanhar a “colega”, o “Estado Maior” do PS!!! Fiquei ao lado da Ana Benavente, muito simpática. Tive oportunidade de rever o meu antigo Professor de Finanças Públicas, Guilherme d’Oliveira Martins, um daqueles Católicos do PS que, tal como eu, resistem aos velhos “Afonsos Costas” que por lá ainda “mexem”…

A Maria Manuel é toda graça e feminilidade. Leu um largo excerto do seu livro, prendendo a atenção da assistência que, vasta, enchia por completo o espaço deveras generoso da Bertand.

E lá me apresentei à escritora, com a minha proverbial timidez, “recomendado” que ia pelo primo…

Pregou-me um belo beijo, deixando-me uma linda dedicatória no livro que lhe entreguei. Eu, pudico, não revelarei os respectivos termos…

E pronto! Se quiserem pedir mais esclarecimentos, façam-no directamente ao Dr. MCR que ele, nestas coisas (e se calhar noutras) tem mais engenho e arte do que eu!

Por fim, não resisto a deixar aqui um pequenino excerto do livro, o qual desejava que ficasse, neste nosso Incursões, assinalado:

“ E é sempre a mesma viagem que o autor nos propõe, a da intransigente luta do Bem contra o Mal (o que é o mal? Perguntará um dia Semprún a Elie Wiesel. o Mal absoluto é matar um milhão de crianças. o Mal absoluto é matar uma criança)”. (fls. 74)

Lapidar!

c-m

2 comentários:

o sibilo da serpente disse...

Muito bem, MCR!

Silvia Chueire disse...

Parabéns ao MCR pelo ocorrido, ao Delfim, do Simas Santos, pela presteza nas notícias sobre o nosso companheiro. : )

Abraços,

Silvia