17 abril 2006

O meu "acórdão"

Creio que, nesta Páscoa, se não tiver sido antes, o meu pai terá percebido, quando olhava para mim e para os meus dramas, que eu, afinal, era um menino de coro quando era adolescente e que não tinha merecido aquelas três tareias por dia (média não científica, mas que é aquela de que me lembro). E que muito menos mereci aquelas tardes encerrado num exíguo compartimento onde se guardavam as batatas, sem luz e sem ar, e um profundo cheiro a batatas, um cheiro que ainda hoje não suporto e me agonia. Se o meu pai tiver percebido isso, estou vingado, que as minhas vinganças bastam-se com pouco, eu, que nunca tive "instinto assassino", e, para além disso, tive os imensos abraços do meu filho, durante uma semana todos os dias.

(Não. Ao contrário do que mais lá para baixo diz MCR, eu não sou apenas um pássaro ferido na asa. Que fosse isso... Mas lá iremos, um dia após outro...)

3 comentários:

C.M. disse...

Também já fui miúdo, não tenho filhotes, mas como o compreendo!...

Silvia Chueire disse...

Nenhuma criança merce tantas surras, nem este tipo de castigo.
Fico feliz que vc com o seu filho tenha mantido a melhor parte, a ternura, o companheirismo, a compreensão, o carinho.


Abraço,

Silvia

M.C.R. disse...

Uma semaninha com o filhote? Espero que V a tenha gozado minuto a minuto, Carteiro.