Foi há quarenta anos, quase dia por dia... eu pertencia à redacção da "Vértice", essa revista resistente, que com a "Seara Nova" e "O Tempo e o Modo", foram a honra e a dignidade possiveis, num país que não amava a cultura, sobretudo se esta, como era o caso, se tintava de um rosa pálido, muito pálido aliás, que o forno não estava para bolos.
Num dia em que ia por livros novos para fazer a recenção crítica (que naquele tempo, as revistas e alguns jornais, e entre eles, o Diário de Lisboa, a República, o Primeiro deJaneiro ou o Comércio do Porto que tinham verdadeiros suplementos literários e não essas coisas que agora debitam uma informação anónima, paga e muitas vezes ininteligivel, faziam com qualidade e abundancia), peguei sem desconfiança num livrinho da Ulisseia que se chamava O Rato da América. O seu autor chamava-se Jacques Lanzmann. Um perfeito desconhecido para este vosso criado e, convenhamos, para a grande maioria dos leitores (não só) portugueses.
Li o livrinho duma penada, escrevi um texto felizmente esquecido mas absolutamente encomiástico e fiquei freguês desse autor singularíssimo, aventureiro, escritor de canções (já lá vamos) de livros de viajens absolutamente delirantes e saborosos.
Anos mais tarde, muitos, vi-o no célebre programa "Apostrophes" e se já gostava do homem mais fiquei a gostar. A vida dele era também um romance de coragem e de ternura, de resistência (evadiu-se dum camionete de prisioneiros dos alemães, completamente nu!...) de solidariedade num tempo em que esta escasseava.
Descobri que era autor da letra de algumas (muitas) canções célebres de Jacques Dutronc: "il est cinq heures, Paris s'eveille","Et moi et moi", "J'aime les filles", ao todo dez ou doze anos de canções, um prémio da Academia Charles Cros (!!!!. pois. pois!...) e só isso já dava um texto que como começa a ser hábito atiro para cima do caríssimo José (leiam-lhe o texto sobre Paul Mc Cartney num comentário ao meu texto 64º ano e logo verão de que lenha o cavalheiro se aquece, boa lenha, de azinho velho e seco, lenha para durar uma noite invernosa de música, conversa e um bom vinho com seu salpicão seu presunto como convem ás noites longas e aos bons conversadores).
Eu tenho um hábito bom mas detestável nos tempos que correm: língua que conheça é língua em que leio os autores que nela escrevem. Ou seja, sou incapaz de dizer se há algum Lanzmann por aí a circular, em português. Desculpem lá mas é mesmo assim. Apesar de ser tradutor quase a meio tempo, acho que nada substitui a língua em que a obra foi escrita. Portanto se esta notícia vos despertou algum interesse, procurem por aí. E se alguém quiser títulos em francês queira fazer o favor de me pedir que os porei em comentário.
E se vos sobrar tempo para pensar neste homem generoso e bom, não chorem que ele não era pessoa para isso, mas ouçam um bom disco do seu amigo Dutronc, preferivelmente uma antologia, a amazon francesa (amazon.fr.) tem uma baratucha em dois cd com todos os grandes êxitos dele e de Lanzmann. E talvez algum dos meus excelentes leitores queira pôr neste blog uma dessas músicas.... Lá que era bonito, era...
Num dia em que ia por livros novos para fazer a recenção crítica (que naquele tempo, as revistas e alguns jornais, e entre eles, o Diário de Lisboa, a República, o Primeiro deJaneiro ou o Comércio do Porto que tinham verdadeiros suplementos literários e não essas coisas que agora debitam uma informação anónima, paga e muitas vezes ininteligivel, faziam com qualidade e abundancia), peguei sem desconfiança num livrinho da Ulisseia que se chamava O Rato da América. O seu autor chamava-se Jacques Lanzmann. Um perfeito desconhecido para este vosso criado e, convenhamos, para a grande maioria dos leitores (não só) portugueses.
Li o livrinho duma penada, escrevi um texto felizmente esquecido mas absolutamente encomiástico e fiquei freguês desse autor singularíssimo, aventureiro, escritor de canções (já lá vamos) de livros de viajens absolutamente delirantes e saborosos.
Anos mais tarde, muitos, vi-o no célebre programa "Apostrophes" e se já gostava do homem mais fiquei a gostar. A vida dele era também um romance de coragem e de ternura, de resistência (evadiu-se dum camionete de prisioneiros dos alemães, completamente nu!...) de solidariedade num tempo em que esta escasseava.
Descobri que era autor da letra de algumas (muitas) canções célebres de Jacques Dutronc: "il est cinq heures, Paris s'eveille","Et moi et moi", "J'aime les filles", ao todo dez ou doze anos de canções, um prémio da Academia Charles Cros (!!!!. pois. pois!...) e só isso já dava um texto que como começa a ser hábito atiro para cima do caríssimo José (leiam-lhe o texto sobre Paul Mc Cartney num comentário ao meu texto 64º ano e logo verão de que lenha o cavalheiro se aquece, boa lenha, de azinho velho e seco, lenha para durar uma noite invernosa de música, conversa e um bom vinho com seu salpicão seu presunto como convem ás noites longas e aos bons conversadores).
Eu tenho um hábito bom mas detestável nos tempos que correm: língua que conheça é língua em que leio os autores que nela escrevem. Ou seja, sou incapaz de dizer se há algum Lanzmann por aí a circular, em português. Desculpem lá mas é mesmo assim. Apesar de ser tradutor quase a meio tempo, acho que nada substitui a língua em que a obra foi escrita. Portanto se esta notícia vos despertou algum interesse, procurem por aí. E se alguém quiser títulos em francês queira fazer o favor de me pedir que os porei em comentário.
E se vos sobrar tempo para pensar neste homem generoso e bom, não chorem que ele não era pessoa para isso, mas ouçam um bom disco do seu amigo Dutronc, preferivelmente uma antologia, a amazon francesa (amazon.fr.) tem uma baratucha em dois cd com todos os grandes êxitos dele e de Lanzmann. E talvez algum dos meus excelentes leitores queira pôr neste blog uma dessas músicas.... Lá que era bonito, era...
1 comentário:
Pas maintenant, mon chèr. Je n´ai pas le temps.
Mais, pour la musique française, c´est promis: j´écrirais bientôt quelque chose qui ma touché au coeur. Reggiani of course et Maxime Le Forestier tambien.
Peut être Gérard Manset, Moustaki e até Delpech ( a xaropada Wight is Wight que me alegra a memória).
Jean Ferrat será chamado e Ferré aussi.
E passará também um tal Brassens que se riu dele e dos outros, antes de partir a alimar os sabots d´Hélène.
Veremos como sairá.
Para a semana ou para a outra.
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