Eu nunca estive num campo de refugiados, mas temo que seja assim, como aquilo que vi hoje, na parte de trás do recinto do Festival do Sudoeste, onde a organização montou um parque de campismo, incluído no preço do bilhete. Lixo. Lixo. Gente de olhos desorbitados. Lixo. Lixo. Garrafas vazias. Lixo. Lixo. Gente que se arrastava. Lixo. Lixo. Uma enorme mancha de pó que se entranha e que ainda sinto agarrada à garganta. Lixo. Era o princípio da tarde. Fui lá buscar a minha filha. O meu filho comigo. Estava tudo de partida. Foi por acaso, juro que foi por acaso que vi, não tinha percebido muito bem as indicações e acabei a dar uma volta ao parque de campismo. Lixo. Lixo. Lixo.
(Afinal, a residencial do Sr. Ramos, em Cercal do Alentejo, apesar do cheiro a mofo nos quartos, é um sítio extraordinário. Sobre o Cercal há várias coisas a dizer...)
Fui à última noite do festival. Tinha convites. No próximo ano, mesmo que me paguem, não vou. Fui lá, porque a minha filha me pediu para passar por lá, no regresso ao Porto. Queria boleia. O meu filho aproveitou a deixa e também insistiu. E fui. Cheguei cerca das 10 da noite ao recinto. Saí já depois das 3.30 H, no fim do concerto dos Xutos. Cansado. Pegajoso. Porco. Pior que isso: zonzo. Um cheiro a haxixe por todos os lados. Aqui, o tolo, cansado, deitado no chão. Uma pisadela. E outra. E outra. A proteger o puto das pisadelas de gente que atropela tudo. Imagine-se: deitado no chão, que os pés e as costas doíam-me, caramba...
Fora isso, foi tudo bonito. O concerto dos Xutos. E o poder fumar cigarros sem olhares assassinos. E a alegria do puto a cantar a minha alegre casinha. Mas o que ficou mesmo na retina, foi o campo de refugiados. Lixo. Lixo.
2 comentários:
Para a próxima é tentar Paredes de Coura - verde, fresco e com um anfiteatro natural lindíssimo.
Quem sabe não terá melhor sorte... e menos lixo.
S.
Pois, SSP. O ambiente que escreve é apelativo. Mas não basta para me convencer. :-)
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