01 agosto 2006

para a Sílvia

porque do outro lado do mar ainda é dia
dia da Silvia
e deste lado é noite
mais uma e outra noite silente
e os olhos da Silvia são da cor de todo o mar
e a sua alma profunda como todo o oceano
encontro-a nas ondas desfeitas
na espuma e no sal
que abraçam as falésias vermelhas
do sul




(Sagres)

PROMONTÓRIO

venho ao promontório encontrar-me
com os espiritos
e nenhum navegador fala comigo,
nenhum astrónomo,
enhum cartógrafo, nenhum atlante.

exactamente no centro da rosa-dos-ventos
encontro apenas a alma luminiscente
da rapariguinha fenícia que se perdeu
para sepre
no obscuro brilho desta noite silente.

Amadeu Baptista

1 comentário:

Silvia Chueire disse...

Kamikaze,

Nem tenho palavras para dizer o quanto você me emocionou.
A vida tem destas coisas que nos compensam as horas difícies. Supresas assim de onde não esperamos.
Seu poema e o do Amadeu Batista serão guardados sempre.
Obrigada,

Um grande abraço,

Silvia