07 dezembro 2006

NÃO APAGUEM A MEMÓRIA

A falta de condições conjunturais para vir aqui assiduamente continua, mas hoje fiz um forcing porque não podia deixar de divulgar aqui este texto do meu colega e amigo Luis Eloy Azevedo.
Vai com uma abraço especial para o mcr, o jcp, a O meu olhar e demais leitores e comentadores. E outro para o Luís, claro!


«Foi hoje descerrada no Tribunal da Boa-Hora uma lápide a prestar homenagem aos presos políticos que foram julgados no tribunal plenário.
Segundo o Jornal Público de ontem o texto final foi objecto de negociação entre o movimento “NÃO APAGUEM A MEMÓRIA” e o Tribunal da Boa-Hora (?).
O confronto entre o que se queria que constasse da lápide e o que vai aparecer escrito, uma vez que o “texto inicial da placa sofreu algumas alterações após negociação com o tribunal da Boa-Hora”, é absolutamente notável e extraordinário.
Sai do texto original:
“O tribunal não actuava com independência, aceitava e cobria as torturas e ilegalidades cometidas pela PIDE/DGS, limitava-se, salvo excepção, a repetir a sentença que a polícia política já tinha definido. Muitos juízes ignoraram e impediram os presos políticos de denunciarem as agressões e métodos da PIDE/DGS.”
Onde estava “A justiça e os direitos humanos não foram dignificados nem respeitados no Tribunal Plenário” passa a estar “A justiça e os direitos humanos não foram dignificados”.
Para além da complicada questão da legitimidade de quem “negoceia” pelo lado dos tribunais, o resultado é bem revelador do desajustamento que, trinta anos depois, a magistratura ainda tem com a sua própria história.
Talvez juntando as palavras desconhecimento, alheamento e branqueamento tudo isto se perceba melhor.»


Luís Eloy Azevedo, no Sine Die, um blawg de leitura recomendada e recomendável.

ADITAMENTO: já agora, leiam também o super-anónimo guy

Boicote activo da Verdade sobre os direitos humanos


Hoje, o presidente da A.R. não disponibilizou a sala do «Senado» para um Colóquio entre parlamentares europeus da Comissão que investiga os voos da CIA e parlamentares nacionais. Pretexto: não havia solicitação «atempada».

Convenhamos. Para um País que se diz querer ser um Estado de Direito, a rábula é de jaez muito rasca e tacanho (bastou ouvir um osvaldo castro a justificar o injustificável).

Se não há nada a esconder, porquê dificultar a tarefa do Parlamento Europeu? Se há algo a esconder, por que não se assumem irregularidades (ou mesmo factos ilícitos)?

Até os americanos já perceberam que os caminhos da war on/of terror não deram bons resultados (o relatório Baker parece vir - extemporaneamente, é certo - pôr um pouco de bom senso e seriedade no que se refere aos desmandos belicistas e violadores dos direitos humanos da administração neocon bushista).

É por isso que nos envergonha a atitude desta maioria parlamentar, que boicotou objectivamente um encontro de trabalho da maior seriedade entre membros do P.E. e da A.R.

Do blog InDex

1 comentário:

Primo de Amarante disse...

Alegra-me ver anunciado uma iniciatva do movimento civico "Não apaguem a memória". No Porto acompanhei os primeiros passos deste movimento. Por razões pessoais e familiares não tenho ído ás reuniões, mas estou com a alma toda neste movimento, onde contrariamente ao que afirma Pacheco Pereira não há, de modo nenhum, o domínio do PC, quer no número de participantes, quer no vencimento de propostas.